Os dados que têm sido divulgados desde Setembro têm com uma consistência invulgar revelado-se (quase) sempre piores do que o esperado indiciando uma grande fragilidade da situação económica nas principais economias mundiais, sendo hoje evidente que não fossem as medidas excepecionais tomadas 2008 ficaria nos anais da história económico como o ano em que teria tido início uma depressão económica global que rivalizaria com a ocorrida em 1929-1933.
E apesar dessas medidas tivemos falências bancárias, uma "destruição" massiva de capital (segundo o Economist desta semana a capitalização bolsista mundial terá caído 30 milhões de milhões de dólares desde o auge, e o valor das casas terá descido no último trimestre em 23 de 45 mercados analisados) e ter-se-ão já perdido milhões de postos de trabalho.
Perante este cenário de quase-catastrofe tenho assistido a alguma pressa em anunciar, muitas vezes com satisfação, que a actual crise assinala o fim do capitalismo ou pelo menos o descrédito da "corrente económica dominante".
Neste contexto, importa recordar que esta não é a primeira crise do capitalismo. Kindleberger contabiliza ("Manias, Panics and Crashes", 3.ª ed., 1996) 34 crises financeiras no período 1618-1990 e desde então poderiamos acrescentar, pelo menos, mais 3 (a crise financeira asiática de 1997, o crash dot-com de 2000 e a actual crise), sendo que o "sistema capitalista" conseguiu sobreviver a todas elas. E a razão reside na fantástica capacidade intrinseca do "sistema capitalista" se adaptar, a qual deriva da superior flexibilidade que decorre de se basear em decisões económicas descentralizadas e da sua intima relação com a democracia. A história revelou as fragilidades desse sistema, nomeadamente a importância de instituições (nomeadamente, estatais) que intervenham no sentido de moderar a desigualdade na distribuição dos rendimentos e de estabelecer mecanismos de regulação.
Como referiu George W. Bush, em 13 de Novembro : "like any other system designed by man, capitalism is not perfect. It can be subject to excesses and abuse. But it is by far the most efficient and just way of structuring an economy. At its most basic level, capitalism offers people the freedom to choose where they work and what they do, the opportunity to buy or sell products they want, and the dignity that comes with profiting from their talent and hard work. The free market system provides the incentives that lead to prosperity -- the incentive to work, to innovate, to save, to invest wisely, and to create jobs for others. And as millions of people pursue these incentives together, whole societies benefit".
Tal como a história também revela isso não significa que a "sobrevivência" do capitalismo esteja assegurada. Mas apenas que a melhor opção será tentar corrigir as falhas que esta crise evidenciou, salvaguardando os elementos essenciais do sistema capitalista.
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