Os recentes números sobre o desemprego divulgados pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional que indicam que o número de desempregados ascende a quase meio milhão vieram colocar na agenda a evolução do emprego nesta legislatura e recordar a famosa promessa de criação de 150 mil empregos.
Uma primeira curiosidade é que não há um consenso quanto ao que na altura terá sido prometido. Embora literalmente a promessa dizia respeito ao número de empregos foi na altura generalizadamente entendida (sem que me recorde de ter existido qualquer preocupação para clarificar a confusão) como uma promessa de redução do desemprego (que havia aumentado 174 mil nos 3 anos anteriores). O que, num contexto em que a população activa aumente, são coisas bastante diferentes.
Com efeito, comparando os dados do 1.º trimestre de 2009 com os do 1.º trimestre de 2005 (para evitar problemas de sazonalidade) verificamos que a população activa aumentou 87,8 milhares, que a população empregada aumentou apenas 4,6 milhares e que o número de desempregados 83,2 milhares (o que corresponde a uma subida do desemprego de 1,4 pontos percentuais). Ou seja, apesar do emprego ter aumentado o número de desempregados aumentou substancialmente em virtude do aumento da população.
Os defensores do Governo referem que a responsabilidade é da crise e que se não fosse a crise a promessa teria sido provavelmente cumprida. E de facto estabelecendo a comparação com os dados do 1.º trimestre de 2008 vemos que o emprego aumentou tinha aumentado 96,6 milhares. Sucede no entanto que como a população activa tinha aumentado 111 milhares o número de desempregados tinha mesmo assim aumentado 14,4 milhares e a taxa de desemprego subido 0,1 pontos percentuais.
Ou seja, em condições normais e como a população activa tende ter um comportamento pró-ciclico 150 mil empregos teria sido aproximadamente o número necessário para que o desemprego se mantivesse mais ou menos estável o que embora possa corresponder à “letra” do prometido dificilmente poderia ser considerado um objectivo ambicioso.
Curiosamente, aceitando o sentido literal da promessa há um parâmetro em que no 1.º trimestre de 2008 a promessa poderia ser considerada cumprida. É que naquele período de 3 anos o número de trabalhadores por conta de outrem aumentou em 157,8 milhares. Convém, no entanto, notar que tal aumento se deveu exclusivamente ao aumento dos contratados com termo (+ 153,4 milhares) e outras situações, onde se incluem os “trabalhadores a recibos verdes”, (+ 27 milhares) tendo o número de contratados sem termo registado uma redução de 22,6 milhares.
terça-feira, 18 de agosto de 2009
domingo, 16 de agosto de 2009
Producao industrial nos EUA
Nos EUA a producao industrial tera subido 0,5% em Julho face ao mes precedente e o grau de utilizacao da capacidade produtiva aumentou para 68,5% (mais 0,4 pontos percentuais) . A reuperacao parece no entanto fragil na medida em que esta subida foi impulsionada por um aumento de 17% da producao da industria automovel registando-se nova queda no sector dos bens nao duradouros. Embora confirmando a estabilizacao da situacao economica e a possibilidade do ponto mais baixo do ciclo ter provavelmente estes resultados conjugados com a queda das vendas a retalho e a inesperada reducao da confianca dos consumidores apontam para uma recuperacao seja longa e dificil.
Desemprego em Portugal
De acordo com o INE a taxa de desemprego em Portugal subiu para 9,1% no 2. trimestre (mais 1,8 pontos percentuais do que no trimestre homologo) com o numero de desempregados a exceder o meio milhao. Observando os resultados vemos ainda que a poupulacao activa diminui 1% face ao trimestre homologo o que amorteceu a subida do desemprego e que a populacao empregada se reduziu quase 3% (o que corresponde a uma quebra de mais de 150 mil empregos) com reducoes bastante significativas no numero de empregados a prazo (reducao de 7%) e outros (menos 16,4%).
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
O crescimento do PIB no 2.º trimestre
De acordo com a estimativa rápida ontem divulgada pelo INE no 2.º trimestre o PIB terá subido 0,3% face ao trimestre anterior. Facto que mereceu destaque nos media e alguma controvérsia quanto ao significado económico deste indicador.
Antes de mais importa realçar que o que o INE divulgou ontem foi apenas uma estimativa rápida da taxa de crescimento do PIB sendo que informações mais detalhadas (e fiáveis) apenas serão conhecidas no princípio de Setembro e que, esses sim, possibilitarão uma análise qualitativa dos dados.
A confirmar-se o crescimento da economia no 2.º trimestre isso marcará o primeiro trimestre positivo após três trimestres pronunciadamente negativos, podendo por isso marcar um ponto de viragem no ciclo económico. A verdade no entanto é que este número não altera nada de significativo em termos de análise da conjuntura económica.
Com efeito, os dados conhecidos apontavam já para uma melhoria da situação do consumo, bem como para uma estabilização da situação das exportações e do investimento, pelo que era perfeitamente expectável que a evolução do PIB fosse mais favorável que a registada nos trimestres anteriores.
Mesmo sem conhecer os dados detalhados é provável (com base na informação que foi sendo publicada nomeadamente relativamente às vendas a retalho e às vendas de automóveis e na referência que no texto divulgado pelo INE faz à evolução das despesas de consumo das famílias) que para esta evolução deverá ter contribuído sobretudo a evolução do consumo das famílias que terá sido suportada por quatro factores: i) descida das taxas de juro que aliviou consideravelmente os encargos com os empréstimos contraídos pelas famílias (que beneficiaram do facto de estarem em geral indexadas a taxas de curto prazo); ii) descida da taxa de inflação; iii) evolução das transferências sociais (nos primeiros 6 meses as despesas correntes da Seg. Social aumentaram 10,7% - 940 milhões de euros - não só por força da evolução do subsídio de desemprego cujas despesas aumentaram 23,9% - 185 milhões de euros - mas também das pensões que aumentaram 4,7% - 254 milhões de euros - do subsídio familiar – 114 milhões de euros – do complemento social para idosos que aumentou 181,5% – 70 milhões de euros – e do rendimento social de inserção que aumentou 17,9% - 37 milhões de euros; e iv) da antecipação dos reembolsos de IRS que no primeiro semestre terão registado um aumento superior a 1.200 milhões de euros face ao registado no ano anterior).
A confirmar-se que assim foi colocam-se algumas interrogações sobre a sustentabilidade do crescimento que ainda assim se situa, em todo o caso, em níveis manisfestamente insuficientes para permitir uma redução dos níveis de desemprego.
Antes de mais importa realçar que o que o INE divulgou ontem foi apenas uma estimativa rápida da taxa de crescimento do PIB sendo que informações mais detalhadas (e fiáveis) apenas serão conhecidas no princípio de Setembro e que, esses sim, possibilitarão uma análise qualitativa dos dados.
A confirmar-se o crescimento da economia no 2.º trimestre isso marcará o primeiro trimestre positivo após três trimestres pronunciadamente negativos, podendo por isso marcar um ponto de viragem no ciclo económico. A verdade no entanto é que este número não altera nada de significativo em termos de análise da conjuntura económica.
Com efeito, os dados conhecidos apontavam já para uma melhoria da situação do consumo, bem como para uma estabilização da situação das exportações e do investimento, pelo que era perfeitamente expectável que a evolução do PIB fosse mais favorável que a registada nos trimestres anteriores.
Mesmo sem conhecer os dados detalhados é provável (com base na informação que foi sendo publicada nomeadamente relativamente às vendas a retalho e às vendas de automóveis e na referência que no texto divulgado pelo INE faz à evolução das despesas de consumo das famílias) que para esta evolução deverá ter contribuído sobretudo a evolução do consumo das famílias que terá sido suportada por quatro factores: i) descida das taxas de juro que aliviou consideravelmente os encargos com os empréstimos contraídos pelas famílias (que beneficiaram do facto de estarem em geral indexadas a taxas de curto prazo); ii) descida da taxa de inflação; iii) evolução das transferências sociais (nos primeiros 6 meses as despesas correntes da Seg. Social aumentaram 10,7% - 940 milhões de euros - não só por força da evolução do subsídio de desemprego cujas despesas aumentaram 23,9% - 185 milhões de euros - mas também das pensões que aumentaram 4,7% - 254 milhões de euros - do subsídio familiar – 114 milhões de euros – do complemento social para idosos que aumentou 181,5% – 70 milhões de euros – e do rendimento social de inserção que aumentou 17,9% - 37 milhões de euros; e iv) da antecipação dos reembolsos de IRS que no primeiro semestre terão registado um aumento superior a 1.200 milhões de euros face ao registado no ano anterior).
A confirmar-se que assim foi colocam-se algumas interrogações sobre a sustentabilidade do crescimento que ainda assim se situa, em todo o caso, em níveis manisfestamente insuficientes para permitir uma redução dos níveis de desemprego.
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
Taxa de desemprego nos EUA diminui
De acordo com os dados hoje divulgados a taxa de desemprego nos EUA diminui em Julho 0,1 pp (de 9,5% para 9,4%), interrompendo uma trajectória ascendente registada desde Abril de 2008. Embora seja indubitavelmente um sinal positivo importa realçar que para esta descida contribuiu uma queda de 0,2 pp da taxa de actividade e que o emprego continuou a descer, tendo-se reduzido em cerca de 155 mil postos de trabalho de acordo com o "household survey" e 247 mil postos de trabalho de acordo com o "establishment survey".
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Sinais de estabilização da situação económica
Regressado de uma pausa de Verão, uma breve análise dos dados publicados revela que se tem vindo a confirmar a tendência para a estabilização da situação económica. Para além dos dados doPIB que indicam que no 2.º trimestre a economia americana caiu "apenas" 1% (taxa anual). também os indicadores de confiança apontam para uma recuperação dos níveis de confiança (sendo que na Europa ainda se mantém a níveis historicamente bastante baixos). Ressalte-se ainda os sinais positivos no mercado imobiliário nos EUA e a considerável subida dos indices bolsistas.
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