De acordo com a estimativa rápida ontem divulgada pelo INE no 2.º trimestre o PIB terá subido 0,3% face ao trimestre anterior. Facto que mereceu destaque nos media e alguma controvérsia quanto ao significado económico deste indicador.
Antes de mais importa realçar que o que o INE divulgou ontem foi apenas uma estimativa rápida da taxa de crescimento do PIB sendo que informações mais detalhadas (e fiáveis) apenas serão conhecidas no princípio de Setembro e que, esses sim, possibilitarão uma análise qualitativa dos dados.
A confirmar-se o crescimento da economia no 2.º trimestre isso marcará o primeiro trimestre positivo após três trimestres pronunciadamente negativos, podendo por isso marcar um ponto de viragem no ciclo económico. A verdade no entanto é que este número não altera nada de significativo em termos de análise da conjuntura económica.
Com efeito, os dados conhecidos apontavam já para uma melhoria da situação do consumo, bem como para uma estabilização da situação das exportações e do investimento, pelo que era perfeitamente expectável que a evolução do PIB fosse mais favorável que a registada nos trimestres anteriores.
Mesmo sem conhecer os dados detalhados é provável (com base na informação que foi sendo publicada nomeadamente relativamente às vendas a retalho e às vendas de automóveis e na referência que no texto divulgado pelo INE faz à evolução das despesas de consumo das famílias) que para esta evolução deverá ter contribuído sobretudo a evolução do consumo das famílias que terá sido suportada por quatro factores: i) descida das taxas de juro que aliviou consideravelmente os encargos com os empréstimos contraídos pelas famílias (que beneficiaram do facto de estarem em geral indexadas a taxas de curto prazo); ii) descida da taxa de inflação; iii) evolução das transferências sociais (nos primeiros 6 meses as despesas correntes da Seg. Social aumentaram 10,7% - 940 milhões de euros - não só por força da evolução do subsídio de desemprego cujas despesas aumentaram 23,9% - 185 milhões de euros - mas também das pensões que aumentaram 4,7% - 254 milhões de euros - do subsídio familiar – 114 milhões de euros – do complemento social para idosos que aumentou 181,5% – 70 milhões de euros – e do rendimento social de inserção que aumentou 17,9% - 37 milhões de euros; e iv) da antecipação dos reembolsos de IRS que no primeiro semestre terão registado um aumento superior a 1.200 milhões de euros face ao registado no ano anterior).
A confirmar-se que assim foi colocam-se algumas interrogações sobre a sustentabilidade do crescimento que ainda assim se situa, em todo o caso, em níveis manisfestamente insuficientes para permitir uma redução dos níveis de desemprego.
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