A questão da dimensão dos multiplicadores da despesa e do investimento público tem merecido particular atenção nestes tempos de elevado intervencionismo do Estado (uma colectânea de alguns dos principais artigos publicados pode ser acedida a partir daqui).
Neste contexto merece particular atenção um estudo recente de três economistas que estimaram os multiplicadores utilizando dados trimestrais para um conjunto de 45 países referentes ao período 1960-2007. No qual chegaram à conclusão de que os multiplicadores orçamentais são significativamente menores em países com elevado nível de endividamento, baixo nível de rendimento, regime de câmbios flexíveis e elevado grau de abertura face ao exterior.
Numa análise interessante a este estudo Krugman considera que embora os EUA tenham um regime de câmbios flexíveis, como a taxa de juro está muito próxima de zero não ocorrerá o efeito de "crowding-out" associado a aumento da taxa de juro e a economia dos EUA é uma economia relativamente fechada pelo que o efeito multiplicador deverá ser elevado para a economia americana. Note-se que no estudo aponta-se para um efeito multiplicador no longo prazo de 1,19 nos EUA e, dada o elevado output-gap e os argumentos referidos por Krugman, é razoável supor que esse valor possa ser mais elevado na actual conjuntura.
E quanto a Portugal ? A nossa situação não é tão clara como a que resulta para os EUA mas, apesar de estarmos em regime de câmbios fixos face aos nossos parceiros da zona euro, dado o nosso elevado nível de abertura ao exterior e o nosso elevado grau de endividamento é de recear que no nosso caso o efeito multiplicador seja relativamente baixo.
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