Os dados económicos mais recentes têm aspectos positivos e aspectos negativos.
Começando pelos positivos os indicadores de actividade industrial continuam quer na Europa quer nos EUA a revelar uma evolução positiva quer dos níveis de produção quer das novas encomendas recuperando dos níveis bastante deprimidos verificados no ano anterior. Esta evolução beneficia bastante de um efeito de base - por exemplo nos EUA, Março apesar de uma subida homóloga da produção de 6,5% da industria transfromadora o nível de produção situava-se ainda cerca de 11% abaixo do s valores de finanis de 2007 - mas não deixa apesar disso de ser assinalável e tem permitido alguma recuperação do mercado de trabalho, nomeadamente nos EUA onde este sector terá sido responsável pela criação/recuperação de cerca de 29 mil postos de trabalho.
Passando às más notícias, a verdade é que esta recuperação parece estar a perder algum do impeto que vinha revelando nos meses anteriores. Efectivamente os indicadores de confiança para o mês de Maio revelam alguma estagnação ou até um ligeiro decréscimo do ritmo dessa recuperação (quer o ISM nos EUA quer os indicadores de sentimento económico para a União Europeia e a zona euro registaram pequenas descidas) o que parece estar associado ao esgotamento do efeito de ajustamento dos stocks (os dados das contas nacionais apontam para que nos EUA esse efeito - que tem sido importante - tenha sido já menor no primeiro trimestre). O que não sendo de todo surpreendente - é um fenónmeno normal a seguir a uma situação de recessão - suscita algumas preocupações pelo facto de com os níveis de endividamento já bastante elevados das famílias e empresas continuação da instabilidade nos mercados financeiros não se antever a recuperação do consumo de bens duradouros ou do investimento que permitisse dar impulso à recuperação.
Neste quadro, o cenário mais provável seria o de um crescimento económico fraco durante os próximos trimestres, infelizmente, insuficiente para reduzir, pelo menos de forma significativa, os elevados níveis de desemprego que resultaram da recessão (como apontam os dados de ontem sobre a evolução do emprego nos EUA que revelam um crescimento do emprego não apenas débil mas, inclusivamente em desaceleração). Existindo um risco muito considerável de recáida numa situação de recessão resultante do efeito das medidas de restrição orçamental que tem vindo a ser anunciadas um pouco por toda a Europa. Estou portanto de acordo com as declarações de Paul DeGrauwe no sentido de que na actual conjuntura não fará sentido a adoipção generalizada de medidas restritivas nos países da UE. Embora não partilhe da visão maniqueista - hoje aparentemente em voga - das responsabilidades da Alemanha, a verdade é que o que seria correcto é que os países (como a Alemanha) com excedentes externos e em melhor situação orçamental, em vez de "dar o exemplo", se abstivessem por agora de efectuar cortes orçamentais discricionários de forma a de algum modo compensar os efeitos restritivos dos ajustamentos orçamentais que são absolutamente indispensáveis em países como Portugal, Grécia ou Espanha, facilitando os ajustamentos estruturais destas economias e da União no seu conjunto, sob pena de, como refere De Grauwe, os problemas se poderem vir a agravar ainda mais.
Confundir "coordenação económica" com "uniformzação de políticas" apenas dificultará a resolução dos actuais desequilíbrios.
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Passei por aqui e gostei deste Blog.
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