Um aspecto francamente positivo da evolução da economia portuguesa em 2010 tem sido a evolução das suas exportações.
Esta evolução favorável parece, no entanto, estar longe de constituir um caso excepcional no contexto internacional como confirmam os dados hoje divulgados pelo Eurostat relativamente à evolução do comércio externo nos primeiros 9 meses do ano.
De acordo com os dados do Eurostat a evolução das exportações e do comércio intracomunitário, em Outubro as exportações (para países terceiros) do conjunto dos países da União Europeia ficaram 23% acima do valor registado em Outubro de 2009, valor que compara com um crescimento de 12,3% (divulgado pelo INE) para Portugal.
E no que se refere aos fluxos intracomunitários a situação é similar, pois enquanto os fluxos comerciais intra-comunitários registaram um crescimento de 12% as saídas de Portugal para outros países da União Europeia cresceram 9,7%.
Esta avaliação do comportamento relativo do comércio externo português é confirmada pelos dados divulgados pelo Eurostat relativos ao período Janeiro a Setembro para os diversos países da União Europeia que apontam para um crescimento das exportações portuguesas (incluindo comércio intra-comunitário) de 16% que compara favoravelmente com os registados na Irlanda (+2%), na Grécia (+3%), Dinamarca (+9%) e fica acima dos registados em países como a França (+12%), a Espanha (+13%) ou Itália (+14%), mas fica abaixo dos verificados na Alemanha (+19%), Países Baixos (+21%), República Checa (+21%), Hungria (21%), Reino Unido (21%), Polónia (+25%), Suécia (+25%), Roménia (26%) ou Bulgária (33%).
O crescimento das exportações portuguesas parece, assim, estar longe de ser um caso excepcional no panorama europeu e parece assim assentar no crescimento espectacular da procura externa fundamentalmente de países terceiros. Os dados do Eurostat revelam taxa de crescimento das exportações da União Europeia para países terceiros absolutamente impressionantes para Brasil (+53%), China (+39%), Rússia (+29%), Índia (+27%), Japão (+21%) ou EUA (+17%), para citar apenas as principais economias mundiais, e, igualmente, um crescimento muito forte das importações (incluindo aquisições intracomunitárias) das maiores economias da União Europeia: Itália (+21%), Reino Unido (+20%), Alemanha (+19%), França (+14%) e Espanha (+13%).
Refira-se, ainda, que esta evolução está associada a uma recuperação do comércio internacional para níveis próximos dos que se verificavam em 2008, antes do desencadear da crise económica e financeira que teve efeitos dramáticos sobre as exportações e importações (quer em virtude da redução da procura quer devido a problemas de financiamento), pelo que irá, naturalmente, abrandar nos próximos meses. O que significa que para a economia portuguesa possa manter taxas de crescimento das exportações idênticas às que tem vindo a registar terá que conseguir obter ganhos significativos de quota de mercado.
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