sexta-feira, 5 de julho de 2013

Ler os Outros: O que Portas deveria ter feito - Henrique Monteiro

"Já aqui escrevi que não me impressionam divergências no seio de governos de coligação. Acho-as naturais. Achei natural uma intervenção de Portas a demarcar-se da ideia da TSU dos reformados, porque um Governo não tem de ser um local onde todos estão de acordo, mas sim um organismo onde todos servem o país o melhor que sabem.
 
(...) o que deveria ter feito Portas? Ser absolutamente claro, ao contrário de ter aberto um enorme período de incerteza perniciosa e cara para o país. Ser claro nestes pontos significa, pelo menos, dizer:
1)      Se tinha ou não acordado com Passos uma mudança de política nas Finanças
2)      Se foi ou não previamente informado do nome de Maria Luís?
3)       Tendo sido se se opôs claramente, ameaçando sair do Governo?
4)      Se o fez e cumpriu qual o destino que previa para a coligação? Pretendia que o CDS saísse com ele? Pretendia romper o acordo? Pretendia que solução governativa?
5)      Se pretendia manter a acordo a sua ideia era ficar no Parlamento a passear a sua classe oratória sem se queimar num Governo que queima mais do que o carvão? Acharia ele que essa solução seria aceite (se Cavaco a rejeitou, fez muito bem e eu não sou de grandes elogios ao PR). Portas sabe bem que ninguém no seu perfeito juízo aceita uma coligação em que um dos líderes está dentro e outro fora.
6)      Se não tinha a menor solução, porque não se demitiu também de líder do CDS, abrindo campo a que outro líder negociasse uma solução?

(...)  Agora que o congresso foi adiado, o CDS tem três alternativas para decidir imediatamente: ou obrigar Portas a voltar para o Governo fazendo-o engolir o que disse; ou ver-se livre dele e nomear um líder para o Governo, ou acabar com a coligação. Mas o país não pode esperar mais 15 dias, nem mais uma semana.

Por mim, continuo a achar que as divergências dentro do Governo não são estranhas. As faltas de clareza, as faltas de lealdade (e isto é válido para Passos também, caso não tenha informado Portas), as faltas de sentido de Estado é que são lamentáveis."

(ver aqui)

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