O que mais me preocupa na situação portuguesa é o nível do endividamento e do défice externo. A actual situação ém que a posição líquida face ao exterior corresponde a cerca de 110% do PIB, os passivos face ao resto do mundo cerca de 236% do PIB e o défice da BTC nos últimos doze meses concluidos no final do primeiro trimestre a 9,8% do PIB não é sustentável.
A forma como este profundo desequilíbrio será corrigido corresponde ao alfa e ao ómega da economia porttuguesa e constituirá a principal condicionante para a evolução da nossa economia no médio prazo. E se até aqui tem sido possível, apesar da crise financeira internacional, não só (re)financiar esse endividamento como continuar o processo de acumulação de passivos face ao exterior aproveitando por um lado o crédito do Estado e as facilidades de refinanciamento do BCE, existem sinais cada vez mais preocupantes de que uma e outra fontes de financiamento poderão estar a atingir os seus limites.
Desejavelmente essa correcção deveria ser suficientemente gradual para permitir o ajustamento e a reorientação da actividade económica, aproveitando a progressiva melhoria da conjuntura económica no resto do mundo (e particularmente na Europa) que de algum modo compensasse a necessária redução do peso do consumo privado e da despesa pública na nossa economia. Infelizmente, os sinais positivos no comércio externo parecem ser insuficentes para justificar algum optimismo e embora o cresimento da economia no primeiro semestre do ano tenha siudo positivo o seu perfil assente na procura interna é o oposto daquilo que seria desejável. Refira-se a este respeito que enquanto que, em preços constante, o consumo das famílias e das administrações públicas recuperou para níveis superiores aos registados no terceiro trimestre de 2008 correspondendo respectivamente a 100,5% e 108,6%, o investimento no 2.º trimestre corresponde a apenas 82% (79,9% quando consideramos apenas o investimento em máquinas e equipamentos) e as exportações a 93,4% dos valores então registados.
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