sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
PIB dos EUA caiu 3,8% no 4.º trimestre de 2008
De acordo com os dados preliminares hoje divulgados o PIB dos EUA caíu 3,8% (taxa anualizada) no último trimestre de 2008, com contributos negativos do consumo (-3,5%), do investimento residencial (-23,6%) e das exportações (-19,7%) e positivos das despesas públicas federais (+5,8%), das importações (-15,7%) e dos stocks que aumentaram 1,3% à taxa de crescimento, o que significa que sem a acumulação de stocks o decréscimo do PIB teria sido superior a 5% e não augura nada de bom para o crescimento nos próximos trimestres, na medida em que as empresas tentem reduzir os seus níveis de stocks.
Indicador de sentimento económico na Europa
O indicador de sentimento económico voltou a cair na Europa embora de forma menos acentuada atingindo novos mínimos. De notar, do ponto de vista negativo, a queda acentuada da confiança no sector dos serviços e do ponto de vista positivo a estabilização no comércio a retalho. Por países destaca-se a ligeira recuperação deste indicador na Espanha (+2,5) e as fortes quebras no Reino Unido (-7,4), Pólónia (-8,6), Rep. Checa (-4,9), Dinamarca (-7,2), Letónia (-8,9), Lituânia (-12,5), Hungria (-7,4), Países Baixos (-4,3), Portugal (-7,1), Roménia (-5,1) e Eslovénia (-12,4).
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
As perguntas que eu gostava de ver respondidas no caso Freeport
No caso Freeport há duas perguntas que, como cidadão, gostaria de ver respondidas:
O então Ministro do Ambiente foi informado de que alguém teria pedido dinheiro para que o projecto em causa fosse aprovado?
Se sim, denunciou o facto às autoridades competentes tal como era, segundo julgo, seu dever ético e legal?
A este propósito, parece-me que se tem vindo a estabelecer alguma confusão entre a existência de eventuais ilegalidades na aprovação e a prática de corrupção. Ora, segundo julgo saber , a prática de um acto contra o recebimento de uma contrapartida constitui um acto de corrupção mesmo quando o acto praticado seja lícito, tal como, inversamente, pode suceder que seja praticado um acto ilegal sem que tenha existido a prática de corrupção.
O então Ministro do Ambiente foi informado de que alguém teria pedido dinheiro para que o projecto em causa fosse aprovado?
Se sim, denunciou o facto às autoridades competentes tal como era, segundo julgo, seu dever ético e legal?
A este propósito, parece-me que se tem vindo a estabelecer alguma confusão entre a existência de eventuais ilegalidades na aprovação e a prática de corrupção. Ora, segundo julgo saber , a prática de um acto contra o recebimento de uma contrapartida constitui um acto de corrupção mesmo quando o acto praticado seja lícito, tal como, inversamente, pode suceder que seja praticado um acto ilegal sem que tenha existido a prática de corrupção.
Equivalência Ricardiana
A propósito do debate entre despesa pública e redução de impostos como forma de estimular a economia recomendo este post do EconSpeak sobre a equivalência ricardiana:
http://econospeak.blogspot.com/2009/01/ricardian-equivalence-does-not-imply.html
http://econospeak.blogspot.com/2009/01/ricardian-equivalence-does-not-imply.html
Plano Obama
Entretanto, o recém eleito Presidente Obama conseguiu que o Congresso aprovasse o seu plano de $815 mil milhões de USD com uma confortável maioria de 244 votos contra 188 mas, significativamente, sem obter um único voto favorável dos republicanos.
E já se fala de um plano de 1 a 2 milhões de milhões de USD para ajudar (!?) a restaurar o sector bancário.
E já se fala de um plano de 1 a 2 milhões de milhões de USD para ajudar (!?) a restaurar o sector bancário.
Declaração da Reserva Federal
Na sua declaração de ontem a Reserva Federal indica que:
"the economy has weakened further. Industrial production, housing starts, and employment have continued to decline steeply, as consumers and businesses have cut back spending. Furthermore, global demand appears to be slowing significantly. Conditions in some financial markets have improved, in part reflecting government efforts to provide liquidity and strengthen financial institutions; nevertheless, credit conditions for households and firms remain extremely tight. The Committee anticipates that a gradual recovery in economic activity will begin later this year, but the downside risks to that outlook are significant."
e anunciou que está a prosseguir uma política de expansão monetária quantitativa muito agressiva:
"The Federal Reserve continues to purchase large quantities of agency debt and mortgage-backed securities to provide support to the mortgage and housing markets, and it stands ready to expand the quantity of such purchases and the duration of the purchase program as conditions warrant. The Committee also is prepared to purchase longer-term Treasury securities if evolving circumstances indicate that such transactions would be particularly effective in improving conditions in private credit markets. The Federal Reserve will be implementing the Term Asset-Backed Securities Loan Facility to facilitate the extension of credit to households and small businesses."
"the economy has weakened further. Industrial production, housing starts, and employment have continued to decline steeply, as consumers and businesses have cut back spending. Furthermore, global demand appears to be slowing significantly. Conditions in some financial markets have improved, in part reflecting government efforts to provide liquidity and strengthen financial institutions; nevertheless, credit conditions for households and firms remain extremely tight. The Committee anticipates that a gradual recovery in economic activity will begin later this year, but the downside risks to that outlook are significant."
e anunciou que está a prosseguir uma política de expansão monetária quantitativa muito agressiva:
"The Federal Reserve continues to purchase large quantities of agency debt and mortgage-backed securities to provide support to the mortgage and housing markets, and it stands ready to expand the quantity of such purchases and the duration of the purchase program as conditions warrant. The Committee also is prepared to purchase longer-term Treasury securities if evolving circumstances indicate that such transactions would be particularly effective in improving conditions in private credit markets. The Federal Reserve will be implementing the Term Asset-Backed Securities Loan Facility to facilitate the extension of credit to households and small businesses."
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
Case-Shiller
Dados ontem divulgados indicam que o ritmo de queda dos preços das casas nos EUA (-18,2% entre Novembro 2007 e Novembro de 2008) se manteve, elevando a queda desde o máximo para 25,1%.
domingo, 25 de janeiro de 2009
Transaccionáveis vs não transaccionáveis
Por definição, o desequilíbrio comercial externo português corresponde a um “desequilíbrio” entre a oferta e a procura de bens e serviços transaccionáveis internacionalmente.
Quanto a nós este desequilíbrio resulta, pelo menos em parte, da alteração da estrutura produtiva nacional provocada pela adesão à união monetária. Esta adesão conduziu a uma redução da taxa de juro nominal que correspondeu a uma política monetária excessivamente expansionista para as condições da economia portuguesa à época.
Daqui resultou um aumento da procura agregada dirigida quer a transaccionáveis quer a não transaccionáveis (nomeadamente, construção e serviços). Uma vez que os bens não transaccionáveis têm de ser produzidos internamente tal implicou um aumento da rentabilidade deste sector e, consequentemente, um aumento da procura de recursos (nomeadamente trabalho) para este sector com reflexo no aumento dos salários que ao não ser compensado por aumentos de produtividade no sector dos transaccionáveis conduziu a um agravamento dos custos unitários do trabalho que prejudicou a rentabilidade do sector dos bens transaccionáveis (cujos preços de venda são contidos pela concorrência internacional), reforçando o desequilíbrio.
Temos, assim, que este desequilíbrio foi uma resposta “racional” de adaptação dos agentes económicos às condições macroeconómicas vigentes que no quadro da moeda única apenas poderia ter sido evitada caso se tivesse prosseguido uma política orçamental muito restritiva e/ou através de um aumento muito mais rápido da produtividade nacional.
Quanto a nós este desequilíbrio resulta, pelo menos em parte, da alteração da estrutura produtiva nacional provocada pela adesão à união monetária. Esta adesão conduziu a uma redução da taxa de juro nominal que correspondeu a uma política monetária excessivamente expansionista para as condições da economia portuguesa à época.
Daqui resultou um aumento da procura agregada dirigida quer a transaccionáveis quer a não transaccionáveis (nomeadamente, construção e serviços). Uma vez que os bens não transaccionáveis têm de ser produzidos internamente tal implicou um aumento da rentabilidade deste sector e, consequentemente, um aumento da procura de recursos (nomeadamente trabalho) para este sector com reflexo no aumento dos salários que ao não ser compensado por aumentos de produtividade no sector dos transaccionáveis conduziu a um agravamento dos custos unitários do trabalho que prejudicou a rentabilidade do sector dos bens transaccionáveis (cujos preços de venda são contidos pela concorrência internacional), reforçando o desequilíbrio.
Temos, assim, que este desequilíbrio foi uma resposta “racional” de adaptação dos agentes económicos às condições macroeconómicas vigentes que no quadro da moeda única apenas poderia ter sido evitada caso se tivesse prosseguido uma política orçamental muito restritiva e/ou através de um aumento muito mais rápido da produtividade nacional.
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
Construção nos EUA cai a pique
Não é fácil adjectivar a evolução da construção residencial nos EUA. Segundo os valores divulgados o número de casas iniciadas a construir em Dezembro caiu 15,5% face ao valor de Novembro situando-se no valor mais baixo desde, pelo menos, 1959. O número de casas unifamiliares (que é particularmente importante no mercado norte-americano) caiu 13,5% correspondendo a menos de um quarto do máximo histórico atingido em Janeiro de 2006.
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
The pain in Spain
A recessão espanhola é... histórica, ao ponto de merecer a atenção do Paul Krugman num título inspirado que não resistimos a plagiar.
A Comissão Europeia prevê que em 2009 o PIB espanhol decresça 2,0% e que o desemprego dispare para os 16,1% enquanto que o défice público deverá atingir os 6,7%. Ainda assim melhor que a Irlanda cujo PIB deverá cair 5,0% (depois de uma queda de 2,0% já em 2008) com o desemprego a atingir 9,7% enquanto que o défice público deverá chegar aos 11,0% em 2009 (o pior resultado dos 27 Estados-Membros).
As dificuldades de ajustamento macroeconómico destas economias (e também da portuguesa) no quadro de uma moeda única são o preço a pagar pela relativa protecção que o euro deu em relação a uma crise de balança de pagamentos e vão constituir um importante teste, sobretudo de carácter político, à união monetária.
PS: Acabei de ler na Bloomberg que a Standard & Poors reduziu o rating da Espanha, manifestando preocupações quanto à qualidade da carteira de crédito dos bancos espanhóis.
A Comissão Europeia prevê que em 2009 o PIB espanhol decresça 2,0% e que o desemprego dispare para os 16,1% enquanto que o défice público deverá atingir os 6,7%. Ainda assim melhor que a Irlanda cujo PIB deverá cair 5,0% (depois de uma queda de 2,0% já em 2008) com o desemprego a atingir 9,7% enquanto que o défice público deverá chegar aos 11,0% em 2009 (o pior resultado dos 27 Estados-Membros).
As dificuldades de ajustamento macroeconómico destas economias (e também da portuguesa) no quadro de uma moeda única são o preço a pagar pela relativa protecção que o euro deu em relação a uma crise de balança de pagamentos e vão constituir um importante teste, sobretudo de carácter político, à união monetária.
PS: Acabei de ler na Bloomberg que a Standard & Poors reduziu o rating da Espanha, manifestando preocupações quanto à qualidade da carteira de crédito dos bancos espanhóis.
Previsões da Comissão Europeia
A Comissão Europeia divulgou hoje uma revisão das suas previsões económicas para 2009-2010 que apontam para uma queda do PIB da zona euro de -1,9% em 2009 (-1,9 pp que a previsão de Outono) e para uma subida da taxa de desemprego para 9,3%. Para os EUA e o Japão a previsão é de quedas do produto de 1,6% e 2,4%, respectivamente.
Para Portugal as novas previsões para 2009 são de uma queda do produto de 1,6% (-0,8 pp que o valor projectado pelo Governo na apresentação do Orçamento suplementar) e um aumento do desemprego para 8,8% (+0,3 pp que o valor projectado pelo Governo) e uma subida do défice público para 4,6% (face à previsão de 3,9% do Governo).
Para Portugal as novas previsões para 2009 são de uma queda do produto de 1,6% (-0,8 pp que o valor projectado pelo Governo na apresentação do Orçamento suplementar) e um aumento do desemprego para 8,8% (+0,3 pp que o valor projectado pelo Governo) e uma subida do défice público para 4,6% (face à previsão de 3,9% do Governo).
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
Produção industrial nos EUA reduziu-se 2,0%
A produção industrial nos EUA ter-se-á reduzido 2% em Dezembro face ao mês anterior elevando-se a queda face ao mês homológo para 7,8% (a queda do indice de produção da indústria transformadora é de 2,3% e 9,9%, respectivamente). Em termos anulaizados a queda da produção no 3.º trimestre terá sido 11,5% (16,7% na indústria transformadora). Enquanto que o indice de utilização de capacidade produtiva desceu para 73,6% (menos 7,4 pp que em Dezembro de 2007).
Entretanto, o índice de preços no consumidor voltou a cair em Dezembro face ao mês anterior (-0,7%), situando-se a inflação homóloga em -0,1%. O indice excluindo os produtos energéticos e alimentares manteve-se virtualmente inalterado pelo segundo mês consecutivo. No último trimestre a taxa de crescimento anualizada deste índice face ao trimestre anterior foi de apenas 0,4%.
Entretanto, o índice de preços no consumidor voltou a cair em Dezembro face ao mês anterior (-0,7%), situando-se a inflação homóloga em -0,1%. O indice excluindo os produtos energéticos e alimentares manteve-se virtualmente inalterado pelo segundo mês consecutivo. No último trimestre a taxa de crescimento anualizada deste índice face ao trimestre anterior foi de apenas 0,4%.
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
BCE desce taxa de juro para 2%
O Banco Central Europeu anunciou uma redução de 50 pontos base na taxa das operações principais de refinanciamento. Esta é a quarta descida desde Outubro de 2008 altura em que a a taxa se situava nos 4,25%.
No seu discurso Trichet salientou o enfraquecimento da actividade económica nos últimos meses do ano e perspectivou que a economia global e a procura interna da zona euro deverão permanecer fracas nos próximos trimestres e referiu a redução do crédito ao sector não financeiro que considera ser necessário continuar a analisar.
No seu discurso Trichet salientou o enfraquecimento da actividade económica nos últimos meses do ano e perspectivou que a economia global e a procura interna da zona euro deverão permanecer fracas nos próximos trimestres e referiu a redução do crédito ao sector não financeiro que considera ser necessário continuar a analisar.
Inflação homologa em Portugal desce para 0,8%
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
Vendas a retalho caem nos EUA e stocks aumentam
As vendas a retalho nos EUA em Dezembro foram 2,7% inferiores às registadas em Novembro, tendo caído 10,8% face ao mês homólogo. Embora se esperasse uma queda os números anunciados indicam que esta terá sido superior ao esperado. Com efeito, mesmo excluindo as vendas de gasolina as quebras cifraram-se em 1,3% e 7,5%, respectivamente. Note-se, ainda, que os valores relativos aos meses anteriores foram revistos em baixa o que faz com que a queda no 4.º trimestre face ao 3.º se cifre em 24,6% anualizados e mesmo excluindo a gasolina a redução atinge 15%.
Entretanto, foi igualmente divulgado que embora os stocks se tenham reduzido 0,7% em Novembro face ao mês anterior, não só se situam num nível mais elevado do que o registado em Novembro de 2007 (+3,3%) como essa redução foi inferior à ocorrida nas vendas (que caíram 5,1% em Novembro) conduzindo a um aumento significativo dos rácios entre stocks e vendas (para 1,41 face ao valor de 1,31 no mês anterior e 1,24 em Novembro de 2007), o que deverá contribuir para agravar o abrandamento da actividade nos próximos meses.
Entretanto, foi igualmente divulgado que embora os stocks se tenham reduzido 0,7% em Novembro face ao mês anterior, não só se situam num nível mais elevado do que o registado em Novembro de 2007 (+3,3%) como essa redução foi inferior à ocorrida nas vendas (que caíram 5,1% em Novembro) conduzindo a um aumento significativo dos rácios entre stocks e vendas (para 1,41 face ao valor de 1,31 no mês anterior e 1,24 em Novembro de 2007), o que deverá contribuir para agravar o abrandamento da actividade nos próximos meses.
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
A (in)sustentabilidade do desequilíbrio externo português
Em termos acumulados a posição líquida face ao exterior que, corresponde, em sentido lato, ao nível de endividamento externo face ao exterior, passou de -8% do PIB, em 1995, para -41% em 2000 e -90,6% no 3.º trimestre de 2008, gerando um forte desequilíbrio na Balança de Rendimentos (-4,9% do PIB nos últimos 4 trimestres terminados em Setembro de 2008).
Esta evolução que contribuiu para amortecer a desaceleração do crescimento económico (e do consumo) no período 2001-2003, só foi possível porque a participação na zona euro eliminou a restrição tradicional da Balança de Pagamentos (associada à necessidade de obter divisas para pagar as importações) e devido à capacidade do sistema financeiro nacional para intermediar o financiamento da economia face ao exterior.
Embora, em grande parte fosse um reflexo de um ajustamento do “stock” de dívida privada face à alteração do regime monetário (este período foi caracterizado por um aumento do nível de endividamento das empresas e das famílias de cerca de 60% do PIB em 1995 para 115% em 2000 e cerca de 167% no 3.º trimestre 2008), a trajectória de evolução destas variáveis (posição face ao exterior e endividamento) é, no entanto, claramente insustentável na medida em que representava uma utilização, pelos agentes económicos nacionais, da margem disponível de endividamento, que naturalmente, se tenderia a esgotar, tornando inevitável um aumento do nível de poupança que, para que não fosse necessário sacrificar o consumo e/ou do investimento, teria que provir do crescimento económico.
Por outro lado, apresentava uma vulnerabilidade importante, na medida em que dependia da capacidade de intermediação do sistema financeiro nacional e, concretamente, da sua capacidade para se (re)financiar junto do exterior.
A actual crise veio exacerbar as dificuldades na medida em que: i) ao reduzir a procura externa torna mais difícil o aumento da poupança por via do aumento do produto/rendimento; ii) a deterioração das perspectivas económicas tende a reflectir-se numa redução da capacidade de endividamento dos agentes económicos e iii) veio pôr em causa a capacidade da banca para continuar a desempenhar o seu papel de intermediação.
Do lado positivo, a descida das taxas de juro pode, caso se venha a consolidar, significar um alívio significativo do défice da balança de rendimentos e que a descida dos preços dos produtos energéticos e alimentares tenderá a reflectir-se numa melhoria dos termos de troca com o consequente impacto positivo sobre a balança de bens e serviços compensando, ainda que parcialmente, o efeito negativo resultante da deterioração da procura externa. Estes factores, conjuntamente com a quebra do investimento empresarial e do consumo de bens duradouros contribuem para atenuar as necessidades de financiamento face ao exterior. Note-se, no entanto, que de acordo com o Banco de Portugal o défice da balança corrente e de capital deverão apresentar apenas uma ligeira melhoria em 2009 (de -9% para -7,9%), voltando a deteriorar-se em 2010 (para -9,4%).
Esta evolução que contribuiu para amortecer a desaceleração do crescimento económico (e do consumo) no período 2001-2003, só foi possível porque a participação na zona euro eliminou a restrição tradicional da Balança de Pagamentos (associada à necessidade de obter divisas para pagar as importações) e devido à capacidade do sistema financeiro nacional para intermediar o financiamento da economia face ao exterior.
Embora, em grande parte fosse um reflexo de um ajustamento do “stock” de dívida privada face à alteração do regime monetário (este período foi caracterizado por um aumento do nível de endividamento das empresas e das famílias de cerca de 60% do PIB em 1995 para 115% em 2000 e cerca de 167% no 3.º trimestre 2008), a trajectória de evolução destas variáveis (posição face ao exterior e endividamento) é, no entanto, claramente insustentável na medida em que representava uma utilização, pelos agentes económicos nacionais, da margem disponível de endividamento, que naturalmente, se tenderia a esgotar, tornando inevitável um aumento do nível de poupança que, para que não fosse necessário sacrificar o consumo e/ou do investimento, teria que provir do crescimento económico.
Por outro lado, apresentava uma vulnerabilidade importante, na medida em que dependia da capacidade de intermediação do sistema financeiro nacional e, concretamente, da sua capacidade para se (re)financiar junto do exterior.
A actual crise veio exacerbar as dificuldades na medida em que: i) ao reduzir a procura externa torna mais difícil o aumento da poupança por via do aumento do produto/rendimento; ii) a deterioração das perspectivas económicas tende a reflectir-se numa redução da capacidade de endividamento dos agentes económicos e iii) veio pôr em causa a capacidade da banca para continuar a desempenhar o seu papel de intermediação.
Do lado positivo, a descida das taxas de juro pode, caso se venha a consolidar, significar um alívio significativo do défice da balança de rendimentos e que a descida dos preços dos produtos energéticos e alimentares tenderá a reflectir-se numa melhoria dos termos de troca com o consequente impacto positivo sobre a balança de bens e serviços compensando, ainda que parcialmente, o efeito negativo resultante da deterioração da procura externa. Estes factores, conjuntamente com a quebra do investimento empresarial e do consumo de bens duradouros contribuem para atenuar as necessidades de financiamento face ao exterior. Note-se, no entanto, que de acordo com o Banco de Portugal o défice da balança corrente e de capital deverão apresentar apenas uma ligeira melhoria em 2009 (de -9% para -7,9%), voltando a deteriorar-se em 2010 (para -9,4%).
Desequilíbrio externo português – as origens
O desequilíbrio das contas externas resulta da diferença entre a poupança e o investimento, podendo-se distinguir dois períodos.
No período 1995-2000, verificou-se um aumento das necessidades de financiamento da economia de 0,4% do PIB para 9,0%, que se ficou a dever quer a um aumento do investimento (a FBCF aumentou de 23,3% do PIB, em 1995, para 27,8% em 1999 e 27,7% em 2000) quer a uma redução da taxa de poupança (de 20,2% do PIB, em 1995, para 17%, em 2000), apesar de um pequeno aumento da poupança pública (-1,5% em 1995 para 0,6% em 2000) e da FBCF das administrações públicas se ter mantido relativamente estável (quer em 1995 quer 2000 representava 3,8% do PIB e o valor máximo foi de 4,5%, em 1997).
Num segundo período, desde 2000, tem-se verificado uma redução quer da poupança (em 2007 situava-se nos 12,2%) quer do investimento (que caiu para 22,1%), mantendo-se os elevados níveis de necessidades de financiamento face ao exterior (9,3% em 2006, 8,7% em 2007 e 10,4% nos últimos 4 trimestres até Setembro de 2008). Note-se que apesar de uma redução da poupança (-0,1%, em 2007) e da FBCF (2,3% em 2007), o contributo das administrações públicas para este resultado foi, uma vez mais, relativamente reduzido.
O desequilíbrio externo resultou, pois, fundamentalmente de reacções dos agentes económicos privados (empresas e famílias) que no primeiro período responderam à descida de taxa de juro e aumento da disponibilidade de crédito propiciada pela participação no processo de integração monetária aumentando o investimento e o recurso ao crédito e numa segunda fase, de estagnação económica (neste período a taxa de crescimento médio foi de apenas 1,2%) e de deterioração dos termos de troca, sacrificando a poupança.
No período 1995-2000, verificou-se um aumento das necessidades de financiamento da economia de 0,4% do PIB para 9,0%, que se ficou a dever quer a um aumento do investimento (a FBCF aumentou de 23,3% do PIB, em 1995, para 27,8% em 1999 e 27,7% em 2000) quer a uma redução da taxa de poupança (de 20,2% do PIB, em 1995, para 17%, em 2000), apesar de um pequeno aumento da poupança pública (-1,5% em 1995 para 0,6% em 2000) e da FBCF das administrações públicas se ter mantido relativamente estável (quer em 1995 quer 2000 representava 3,8% do PIB e o valor máximo foi de 4,5%, em 1997).
Num segundo período, desde 2000, tem-se verificado uma redução quer da poupança (em 2007 situava-se nos 12,2%) quer do investimento (que caiu para 22,1%), mantendo-se os elevados níveis de necessidades de financiamento face ao exterior (9,3% em 2006, 8,7% em 2007 e 10,4% nos últimos 4 trimestres até Setembro de 2008). Note-se que apesar de uma redução da poupança (-0,1%, em 2007) e da FBCF (2,3% em 2007), o contributo das administrações públicas para este resultado foi, uma vez mais, relativamente reduzido.
O desequilíbrio externo resultou, pois, fundamentalmente de reacções dos agentes económicos privados (empresas e famílias) que no primeiro período responderam à descida de taxa de juro e aumento da disponibilidade de crédito propiciada pela participação no processo de integração monetária aumentando o investimento e o recurso ao crédito e numa segunda fase, de estagnação económica (neste período a taxa de crescimento médio foi de apenas 1,2%) e de deterioração dos termos de troca, sacrificando a poupança.
sábado, 10 de janeiro de 2009
Desemprego nos EUA aumenta para 7,2%
Os dados divulgados pelo BLS indicam que a taxa de desemprego nos EUA aumentou em Dezembro 0,4 pontos percentuais situando-se em 7,2%, ascendo o número de desempregados a mais de 11 milhões (uma subida de 632 mil). Note-se que a queda do emprego foi ainda superior (-806 mil empregos) e que a subida da taxa de desemprego só não foi maior porque a população activa se reduziu (- 173 mil). Considerando o número total de pessoas que querem um emprego a taxa de desemprego subiria para os 10,4% (correspondente a mais de 16,5 milhões de pessoas).
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
Banco de Inglaterra desce taxa de juro
Sentimento económico na europa volta a descer
O indicador de sentimento económico voltou a cair de forma pronunciada quer na União Europeia (-7.0) quer na zona euro (-7,6) atingindo os valores mínimos da série (iniciada em 1985). Registando-se descidas muito substanciais nos Países Baixos (-13,2), Itália (-9,9), França (-8,2), Espanha (-6,3) e Alemanha (-5,3) e nos países de Leste. Em mais um indicador do incrivel grau de sincronização internacional da crise, o indicador caiu em 25 Estados-Membros (mais uma vez não foram publicados para a Irlanda - o que sucede desde Maio e o indicador não é calculado para Malta), com a menor queda a ser observada no Reino Unido (-0,6) e o indicador registou mínimos históricos em todos os países à excepção da Bulgária (-16,9), República Checa (-10,8), França, Polónia (-4,5), Roménia (-6,8), Finlândia (-2,7) e Suécia (-3,7).
Em Portugal a queda foi de 5,6 pontos situando-se o indicador nos 71,7 que corresponde ao novo mínimo da série (o anterior mínimo de 73,2 havia sido registado em Junho de 1993).
Estes dados tornam praticamente certa uma nova descida das taxas do BCE de, pelo menos, 50 pontos base.
Em Portugal a queda foi de 5,6 pontos situando-se o indicador nos 71,7 que corresponde ao novo mínimo da série (o anterior mínimo de 73,2 havia sido registado em Junho de 1993).
Estes dados tornam praticamente certa uma nova descida das taxas do BCE de, pelo menos, 50 pontos base.
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
Declaração do Governador do Banco de Portugal
Da declaração do Governador do Banco de Portugal gostaria de realçar a seguinte referência "Idealmente, os programas de estímulo orçamental deveriam obedecer aos seguintes princípios: - Concentrarem-se em despesas de investimento de imediata realização e rápido acabamento, para não implicarem grandes despesas futuras. O programa recentemente anunciado pelo Governo de construção e manutenção de escolas constitui um bom exemplo". Vitor Constâncio não o afirmou, mas uma vez que os grandes projectos de investimento anunciados pelo Governo (TGV, expansão da rede de auto-estradas e aeroporto) obviamente não cumprem aqueles requisitos podemos concluir que constituem maus exemplos.
Projecções do Banco de Portugal
O Banco de Portugal trouxe 3 más notícias: 1.º o crescimento em 2008 terá sido de apenas 0,3%, o que significa um desempenho particularmente fraco no 4.º trimestre com uma redução entre 0,7% e 1%; 2.º as projecções para a economia portuguesa apontam para uma quebra do PIB de 0,8% em 2009 que refelecte a revisão em baixa de todas as componentes do PIB com destaque para as exportações (-3,6%), que afecta tanto as exportações de mercadorias como as exportações de turismo e outros serviços, e o investimento (-1,7%), apesar do crescimento projectado de 8% para o investimento público, fruto de uma quebra quer do investimento residencial quer do investimento empresarial e 3.º aponta para um crescimento anémico de apenas 0,3% em 2010.
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
Produção industrial em Portugal
Os valores da produção industrial em Portugal no mês de Novembro (variação homóloga de -6,2%) foram particularmente fracos num claro sinal de que a crise está já a afectar muito seriamente a economia real.
sábado, 3 de janeiro de 2009
ISM continua a cair
O indice ISM voltou a cair em Dezembro para 32,4, indicando um acentuar do ritmo de contracção da indústria nos EUA.
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