O desequilíbrio das contas externas resulta da diferença entre a poupança e o investimento, podendo-se distinguir dois períodos.
No período 1995-2000, verificou-se um aumento das necessidades de financiamento da economia de 0,4% do PIB para 9,0%, que se ficou a dever quer a um aumento do investimento (a FBCF aumentou de 23,3% do PIB, em 1995, para 27,8% em 1999 e 27,7% em 2000) quer a uma redução da taxa de poupança (de 20,2% do PIB, em 1995, para 17%, em 2000), apesar de um pequeno aumento da poupança pública (-1,5% em 1995 para 0,6% em 2000) e da FBCF das administrações públicas se ter mantido relativamente estável (quer em 1995 quer 2000 representava 3,8% do PIB e o valor máximo foi de 4,5%, em 1997).
Num segundo período, desde 2000, tem-se verificado uma redução quer da poupança (em 2007 situava-se nos 12,2%) quer do investimento (que caiu para 22,1%), mantendo-se os elevados níveis de necessidades de financiamento face ao exterior (9,3% em 2006, 8,7% em 2007 e 10,4% nos últimos 4 trimestres até Setembro de 2008). Note-se que apesar de uma redução da poupança (-0,1%, em 2007) e da FBCF (2,3% em 2007), o contributo das administrações públicas para este resultado foi, uma vez mais, relativamente reduzido.
O desequilíbrio externo resultou, pois, fundamentalmente de reacções dos agentes económicos privados (empresas e famílias) que no primeiro período responderam à descida de taxa de juro e aumento da disponibilidade de crédito propiciada pela participação no processo de integração monetária aumentando o investimento e o recurso ao crédito e numa segunda fase, de estagnação económica (neste período a taxa de crescimento médio foi de apenas 1,2%) e de deterioração dos termos de troca, sacrificando a poupança.
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