segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

O Problema Económico Português (Parte II) - Baixos níveis de poupança e investimento

Uma das caraterísticas da atual situação economica portuguesa reside nos baixos níveis de poupança e de investimento.

Com efeito, no período de 1995-1998 a poupança bruta correspondia a cerca de 20% do PIB (20,5% em 10998) desceu significativamente no período posterior e sobretudo desde 2003 atingindo um valor mínimo de 9,4% em 2009 e, apesar de uma recuperação em 2010 e 2011, ano em que atingiu os 10,9% do PIB - valor que corresponde ao segundo mais baixo da União Europeia (apenas superior aos 4,4% registados na inevitável Grécia) - mantém-se significativamente abaixo da média da União Europeia (18,9%), sendo de assinalar que, se em 2009 e 2010 esta evolução reflete a degradação das contas públicas, no período anterior resulta em grande medida da quebra da taxa de poupança do setor privado - famílias e sociedades não financeiras.

Se até 1995, os níveis de poupança e investimento se encontravam relativamente equilibrados (em 1995 a formação bruta de capital fixo situou-se nos 24,0% do PIB). Desde 1995 gerou-se um diferencial significativo entre a poupança nacional e o investimento - o qual foi sendo financiado através dos sucessivos défices externos e esteve na origem da forte deterioração do elevado nível de endividamento externo. Um diferencial que na segunda metade da década de 90 esteve associado a um aumento do investimento (o qual atingiu 28,7% do PIB em 1999) mas que depois - no período de 2003 a 2007 o investimento oscilou em torno de valores próximos dos 23% do PIB - resultou sobretudo da descida da taxa de poupança.

Nos últimos anos, tem-se assistido, entretanto, a quebras muito acentuadas do investimento, o qual em 2011 se situou em  17,5% do PIB - valor também ele abaixo da média da União Europeia 19,2% - e apenas superior aos verificados na Irlanda: 10,3%, Malta: 12,6%, Reino Unido: 15,0%; Grécia:16,1% e Chipre: 16,5%.

Com efeito, a correção dos desequilíbrios externos verificada tem estado em boa parte associada a uma redução da taxa de investimento, a qual tem afetado não apenas o investimento em construção (que, a preços constantes, no último ano se reduziu em 21,6% e se situa 46% abaixo do máximo verificado em 2001), mas também as restantes categorias e nomeadamente o investimento em máquinas e equipamentos que regista uma queda homologa de 8,4% e está cerca de 22% abaixo dos níveis registados no final de 2008. Uma evolução que condiciona a evolução do stock de capital e, por conseguinte, da produtividade, do emprego e do produto potencial.

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