No discurso ontem proferido pelo Presidente da República julgo que devermos ressaltar sobretudo o diagnóstico da grave situação económica e social que o país atravessa, a necessidade de "consciencializar os Portugueses para as exigências com que Portugal será confrontado no período pós-troika" e de compatibilizar a sustentabilidade das contas públicas e do saldo externo com a imperiosa necessidade de relançamento da economia e do investimento, a qual depende não apenas das políticas internas mas está condicionada por aquela que for a ação do Banco Central Europeu e da resposta que a União Europeia no seu conjunto for capaz de desenvolver para enfrentar o grave problema de desemprego que assola a União.
Se é certo que ao enunciar que "do mesmo modo que não se pode negar o facto de os Portugueses estarem cansados de austeridade, não se deve explorar politicamente a ansiedade e a inquietação dos nossos concidadãos" e reafirmar a sua "profunda convicção de que Portugal não está em condições de juntar uma grave crise política à crise económica e social em que está mergulhado" , o Presidente terá defraudado a esperança do cada vez mais vasto número daqueles que consideram esgotado o atual modelo governativo e defendem a necessidade de um novo governo, o Presidente foi coerente com a sua conceção de que não apenas os graves problemas que Portugal atualmente atravessa, infelizmente não desapareceriam por passe de mágica como tais eleições poderiam - tal como as sondagens indicam -conduzir a uma situação de impasse político sem uma maioria clara na Assembleia da República. Receios fundados estes que só por si justificam a opção do Presidente de que, no quadro atual, o governo deverá permancer em funções enquanto dispuser de uma maioria parlamentar que o apoie.
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