Aproveitando a (relativa) acalmia dos mercados (que se espera que continue pelo menos até serem divulgados os dados do emprego nos EUA) e em que tanto se tem dito sobre o impacto das declarações de Trichet sobre o mercado há um ponto dessas declarações que, quanto a mim, tem injustificadamente passado quase despercebido.
Refiro-me, concretamente, às referências que fez às "pressões inflaccionistas globais" relacionadas com a subida dos preços de matérias-primas mas, também, a subida da inflação nas economias emergentes (e.g., India e China) que têm sido o principal motor de crescimento da economia mundial.
A presença destas "pressões inflaccionistas" significa, por um lado, que o crescimento nesses países (deverá) ser mais moderado na medida em que para as conter esses países serão forçados a adoptar políticas monetárias e, eventualmente, orçamentais mais restritivas com reflexos na evolução da procura global ou, caso isso não suceda, a possibilidade de importação dessa inflação (via aumento das matérias-primas e/ou desvalorização da taxa de câmbio) com um efeito sobre a taxa de inflação na zona euro que pode levar a uma subida das taxas de juro do BCE mais cedo que o anteriormente antecipado e, por outro lado, reduzir a vontade/capacidade do BCE para em caso de necessidade promover as políticas de expansão quantitativa através da aquisição de dívida pública que alguns economistas têm vindo a sugerir.
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