Perdoem-me a "falta de patriotismo", mas a tese de que a Grécia e Portugal estão a ser "vítimas" de ataques especulativos não é minimamente convincente.
Se é verdade que os preços das obrigações tem vindo a descer significativamente com o consequente aumento dos "yields" e isso significa que agentes no mercado têm estado a vender títulos de dívida grega e portuguesa a estes preços, importa recordar que os preços só baixaram porque não existem compradores suficientes desses mesmos títulos. Mas, mesmo que admitindo a tese de que isso seria uma consequência de uma conspiração "especulativa", importaria ainda explicar porque razão os especuladores teriam decidido "atacar" a nossa dívida pública e perguntar se não haverá uma relação com o facto de termos o 5.º maior défice público da União Europeia, e o 6.º nível de endividamento público mais elevado no conjunto da União Europeia (Portugal, Grécia e Reino Unido eram os únicos três países no top 10 da União Europeia em ambos os indicadores) a que se juntam uma incapacidade revelada na última década para atingir níveis de crescimento económico razoáveis e contas externas numa trajectória insustentável.
Contrariamente ao que sucede no caso da Grécia ainda não teremos atingido o ponto de ruptura, mas não é menos verdade que se a nossa economia prosseguir no mesmo rumo, a ruptura será inelutável, enquanto que a nossa margem para corrigir esse rumo se reduz de dia para dia.
Admitindo que tenhamos a capacidade para evitar esse cenário comprar divida pública portuguesa aos níveis actuais será um excelente negócio. Infelizmente, nos últimos dias parece ter existido um número de agentes a acreditar que seja mesmo um bom negócio insuficente para evitar a subida da taxa de juro e como para que nos possamos continuar a financiar no mercado é necessário que exista quem esteja disposto a disponibilizar esses financiamentos a nossa situação é mesmo muito delicada.
1 comentário:
A Helena Garrido respondeu a algo semelhante aqui:
http://vistodaeconomia.blogspot.com/2010/05/as-poupanca-em-divida-portuguesa.html
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