Os esforços do BCE (cuja intervenção conduziu a uma descida acentuada dos yields das dívidas espanhola e italiana) e do G7 foram insuficiente para evitar mais um dia de forte descida nos bolsistas que ontem registaram uma queda histórica, com os principais ínidices dos EUA a cair mais de 5,5% (o S&P 500 desceu 6,66% elevando as perdas para mais de 13% só este mês de Agosto) enquanto que os indices europeus desceram entre 3% e 6%.
Tendo sido particularmente paradoxal o facto de, apesar da queda ser atribuída à descida do notação da dívida pública dos EUA atribuída pela Standard & Poors, os juros de obrigações dos EUA a 10 anos terem de facto descido mais de 20 pontos base.
Sinal de que a dívida pública dos EUA mantém, pelo menos em grande parte, o seu estatuto de activo de refúgio e que conjugado com circunstância da descida de notação já ser há várias semanas considerada como um acontecimento provável - e que devia portanto já ter sido em boa parte descontado pelo mercado - de que outros factores, nomeadamente os receios de uma recaída numa situação de recessão global (ou pelo menos nos EUA e na Europa) estarão a desempenhar um papel importante nesta descida dos mercados.
E, de facto, se os indicadores económicos que foram conhecidos nas últimas semanas apontavam para uma forte desaceleração do ritmo de recuperação da actividade económica - mas ainda não para uma situação de recessão (como indicam também os indicadores avançados ontem divulgados pela OCDE) - os acontecimentos das últimas semanas que apontam para medidas de contenção orçamental nos EUA e na Europa - ou pelo menos para a ausência de margem para políticas orçamentais expansionistas - conjugada com as políticas mais restritivas nos chamados países emergentes para conter os sinais de sobreaquecimento da procura interna nesses países e, ainda, a escassa margem de manobra para a política monetária nos EUA, zona euro e Japão, implicam que será muito dificil evitar que essa desaceleração se acentue, podendo mesmo conduzir a uma situação de recessão.
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