quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Previsões da Comissão Europeia

As previsões económicas de Outono da Comissão Europeia divulgadas na passada terça-feira são razoavelmente optimistas confirmando os sinais de estabilização da situação económica que tem sido divulgados nos últimos meses e que levaram a uma revisão em alta (+0,8 pp) das previsões de crescimento da zona euro para 2010.

Importa no entanto ter presente que os resultados positivos resultam em larga medida de factores temporários para os quais temos vindo a chamar a atenção, nomeadamente o ciclo de ajustamento dos stocks e as medidas de estimulo monetário e orçamental cujo efeito tenderá a atenuar-se nos próximos trimestres e que se traduziram num forte desequilíbrio das contas públicas com o défice orçamental projectado para o conjunto da zona euro a ascender a -6,4% e -6,9% do PIB em 2009 e 2010 respectivamente e a um aumento do stock de dívida pública correspondente a quase 20 % do PIB entre 2008 e 2011.

No que se refere a Portugal as previsões da Comissão apontam agora para um decréscimo do PIB de -2,9% em 2009 e aumentos em 2010 e 2011 de 0,3% e 1,0%, respectivamente. A confirmarem-se as previsões da Comissão Europeia em 2009 o PIB português cairá menos que a média da zona euro (-1,1), mas nos anos subsequentes também crescerá significativamente menos (-0,4 pp em 2010 e -0,5 pp em 2011), expressando a Comissão uma visão bastante pessimista quanto à evolução da produtividade e à competitividade da economia portuguesa. Aliás um outro ponto preocupante é o facto das previsões apontarem para a continuação de défices da balança de transacções correntes superiores a 10% e para a continuação do processo de acumulação do "endividamento" externo que em 2011 deverá situar-se próximo dos 120% do PIB.

As previsões também não são favoráveis quanto à evolução das contas públicas projectando-se défices públicos de 8% em 2009 e 2010 e 8,7% em 2011 ano em que a dívida pública deverá atingir 91,1% do PIB.

Onde aparentemente a evolução será mais favorável será no mercado de trabalho uma vez que se projecta que uma estabilização da taxa de desemprego em 2009 e 2010 nos 9,0%. No entanto, mesmo aqui há más notícias: as projecções apontam para uma redução do emprego de 0,4% em 2010 pelo que essa estabilização parece ficar a dever-se não à criação de emprego mas sim à queda da taxa de participação.

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