Contrariamente ao que seriam as expetactivas dos muitos que esperariam que o acordo para a viabilização do OE para 2011 permitisse um alívio dos custos de financiamento, as taxas de juro da dívida pública portuguesa registaram hoje um novo aumento da taxa de juro das OT's portuguesas com o yield das obrigações a 10 anos a situar-se nos 6,24%.
Comentando este fenómeno o nosso primeiro-ministro terá referido que esta subida seria "função de um comportamento especulativo que nada tem de justificação do ponto de vista económico".
E com efeito trata-se de um movimento que afecta não apenas Portugal, mas também outros países periféricos da zona euro, com destaque para a Irlanda cujas OT's a 10 anos atingiram hoje um máximo histórico de 7,3%. Na verdade esta recente subida parece estar a ser motivada pelos receios de que o BCE venha a reduzir substancialmente as facilidades que tem vindo a conceder no financiamento ao sistema bancário dos países. Segundo Alphaville (um blog do FT) "Deutsche [Bank] reckons that for Ireland, Portugal, Spain and Greece a return to a pre-crisis (early 2007) average level of ECB funding would imply banks would have to shift some €82bn, €50bn, €103bn and €90bn, respectively of ECB funding to more (ahem) market-based sources" o que no caso de Portugal corresponde a cerca de 30% do PIB.
Para além das consequências económicas de um eventual "credit crunch" no caso do BCE alterar, como é previsivel que o venha a fazer, as facilidades de financiamento que tem vindo a conceder tal terá efeitos no mercado de dívida pública dado o papel que os bancos destes países têm vindo a desempenhar nestes mercados. De acordo com Alphaville um estudo do Citi indica que "banks in peripheral countries substantially increased their holdings of domestic government bonds over the past year – by a very large 88% in Portugal, 20% in Greece and Ireland, 13% in Spain and by 20% in Italy" referindo que "there has come a rising reliance on domestic banks, which in turn are still highly reliant on ECB funding".
Ora, infelizmente, Portugal aparece mencionado com algum destaque nesta "narrativa" e por isso não é por acaso que é um dos países afectados por este novo aumento dos yields da dívida pública.
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