O Governo irlandês anunciou hoje o seu plano de recuperação nacional para o período 2011-2014 no qual projecta um ajustamento brutal de 15 mil milhões de euros dos quais 6 mil milhões a efectuar já em 2011 para obter um défice de 9,1% do PIB em 2011 e abaixo do 3% em 2014. No seu conjunto o plano envolve 10 mil milhões de euros de corte na despesa - entre as medidas mais dramáticas refira-se o corte de 2,8 mil milhões de euros nos benefícios sociais e uma redução de 25 mil funcionários públicos - e 5 mil milhões de aumento da receita fiscal - sobretudo através do aumento do IVA para 22% em 2011 e 23% em 2014, do aumento dos impostos sobre as pessoas singulares e da redução dos benefícios fiscais. O plano baseia-se, no entanto, em projecções macroeconómicas irrealistas prevendo um crescimento médio anual no período de 2,75% e uma redução do desemprego dos actuais cerca de 13,5%, em 2010, para valores abaixo dos 10%, em 2014, que comprometem a credibilidade de um plano já colocado em dúvida por incertezas políticas.
Para piorar o cenário os mercados parecem não estar muito convencidos de que a intervenção do FMI/FEEF será suficiente para resolver os problemas financeiros e ontem assisitiu-se a uma derrocada das cotações dos principais bancos irlandeses (hoje as cotações do AIB recuperaram ligeiramente mas as acções do Bank of Ireland afundaram mais 11%), por receios de que possa estar iminente uma nacionalização ou, pelo menos, uma diluição considerável do valor das acções, o que coloca um grande ponto de interrogação sobre os resultados dos famosos testes de "stress" anunciados em Julho em que ambos os bancos passaram (ver aqui e aqui).
PS: Entretanto, está a ser noticiado que o Ministro Teixeira dos Santos irá reunir-se amanhã com os presidentes da CGD, BCP, BES e BPI.
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