quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Comércio a Retalho e Produção Industrial - Julho de 2011

Os dados ontem divulgados pelo divulgados pelo INE para o comércio a retalho e produção industrial relativos ao mês de Julho revelam quedas significativas da actividade nestes dois sectores.

As vendas a retalho a cairem 4,1% face ao nível registado em Julho de 2011 (excluindo as vendas de combustível a redução foi de 4,4%) associada a uma redução das vendas de produtos não alimentares de 7,7% (9,6% excluinndo as vendas de combustível. Sendo de notar que a média móvel dos últimos 12 meses das vendas a retalho de produtos não alimentares se situa no nível mais baixo desde, pelo menos, o ano de 2000.

Igualmente preocupante é a evolução recente da produção industrial que registou em Julho um queda de 5,6% face ao mês homólogo (a produção da industria transformadora a cair 3,0%), com a produção de bens de consumo não duradouro a reduzir-se 5,6%.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Indicador de Sentimento Económico - Agosto de 2011

Em Agosto, o indicador de sentimento económico registou uma deterioração bastante significativa , caindo 5,0 pontos (para 97,3 pontos) na União Europeia e 4,7 pontos (para 98,3 na zona euro), o que signfica que se situa agora abaixo dos 100 pontos que correspondem à média de longo prazo e indica que a tendência para a desaceleração da actividade económica se acentuou. Sendo ainda de salientar que esta evolução negativa foi generalizada tendo sido sentida em quase todos os países da União Europeia (não existem indicaores para a Irlanda nem França), com as únicas excepções da Grécia (onde o indicador aumentou 2,8 pontos para 73,7), Luxemburgo (aumento de 1,2 pontos para 105,1 pontos) e Eslováquia (aumento de 3,3 pontos para 96,5 pontos). Tendo-se registado uma evolução particularmente negativa no caso da Alemanha onde, embora se mantendo acima dos 100 pontos este indicador caiu 5,7 pontos.

No que se refere a Portugal registou-se igualmente uma queda de 5,0 pontos (para 78,7 pontos) com uma deterioração em todas as componentes, mas que afectou de forma particularmente acentuada a indústria e o sector da construção onde a confiança se situou num novo mínimo histórico.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

A descida do rating do Japão

A Moody's (ver aqui via Alphaville) desceu o rating do Japão de Aa2 para Aa3, justificando essa sua acção com os elevados níveis de défice orçamental (cerca de 7% do PIB), o rápido crescimento da dívida pública desde 2009 (que já atinge 233% do PIB na definição do FMI) e a instabilidade governativa que dificulta a implementação de estratégias económicas e orçamentais sustentáveis no longo prazo, considerando, ainda,que o terramoto e subsequente tsunami de Março passado atrasaram a recuperação dos efeitos da crise internacional e agravaram as condições para a deflação, contribuindo para um cenário de fraco crescimento que torna mais dificil alcançar os objectivos de redução do défice orçamental e implementar medidas de reforma do sistema fiscal e contributivo.
Reconhecendo, no entanto, que os elevados níveis de poupança interna e a forte posição como país credor (a posição líquida externa do Japão ultrapassa os 50% do PIB e o Japão tem uma balança corrente estruturalmente excedentária) devem permitir que o Governo japonês se continue a financiar a taxas muito reduzidas.

sábado, 20 de agosto de 2011

Ler os Outros: The Printing Press Mystery - Paul Krugman

A propósito de um artigo de John Plender no FT em que estranha o facto de os mercados apenas "atacarem" os países que não dispõem de moeda própria, considerando que isso contradiz a tradicional preocupação dos mercados com a inflação. Krugman refere que:
"(...) Part of the answer is that countries on the euro are stuck with a severe competitiveness problem that can only be resolved with grinding deflation, making their debt problems worse.

On top of that, however, is the proposition that countries without a printing press are subject to self-fulfilling crises in a way that nations that still have a currency of their own are not. The point is that fears of default, by driving up interest costs, can themselves trigger default — and that because there’s a crossing-the-Rubicon aspect to default, once a country crosses that line it will probably impose fairly severe losses on creditors. A country with its own currency isn’t in the same position: even if it is pushed into some inflation, there’s no red line that need be crossed."

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Sobre "regras orçamentais"

A proposta de obrigar todos os países da zona euro a incluir nas respectivas constituições uma regra de equilbrio orçamental é reveladora da obsessão dos líderes alemães (e do BCE) com o equilíbrio orçamental e das reformas estrturais como panaceias para todos os problemas da zona euro, revelando que pouco ou nada aprenderam com os casos da Irlanda e da Espanha que durante anos registaram superávites orçamentais e terem níveis de dívida pública baixos e da Irlanda ter sido apresentada como um paradigma de flexibilidade económica.

Na verdade a constitucionalização de uma regra de equilíbrio orçamental não só não resolve o problema como podem ser contraproducentes e até perigosas. É que, mesmo que fosse implementada amanhã, infelizmente isso não iria alterar a avaliação do risco de incumprimento da Grécia (ou Portugal , Irlanda, Espanha ou Itália), podendo até acontecer o contrário como o recente caso dos EUA demonstrou. Finalmente, se uma regra demasiado flexível tenderá a ser inútil, regras rígidas retiram à políticas orçamental a flexibilidade necessária para responder a situações de recessão e podem mesmo forçar a adopção de medidas orçamentais restritivas que agravem essas situações.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Taxa de desemprego em Portugal - 2.º trimestre de 2011

De acordo com os dados hoje divulgados pelo INE no segundo trimestre de 2011 o número de desempregados ascendeu a 675 mil e a taxa de desemprego situou-se nos 12,1%, registando uma descida de 0,3 pp face à verificada no trimestre anterior. Evolução que, no entanto, resultará essencialmente do efeito sazonal.

Por regiões as taxas de desemprego mais elevadas verificam-se no Algarve (onde apesar de uma descida de 2,2 pp face ao trimestre anterior atinge os 14,7%), Lisboa (onde a taxa de desemprego desceu apenas 0,1 pp para 13,5%) e Madeira (onde desceu 0,4 pp para 13,5%).


Resultado do leilão de Bilhetes do Tesouro

No leilão hoje realizado pelo IGCP foram colocados 985 milhões de euros de BT's com a 3 meses e 172 milhões de BT's a 6 meses às taxas médias ponderadas de 4,854% e 4,989%, respectivamente.

No entanto, apesar da forte procura o montante total colocado (1.157 milhões de euros) ficou abaixo do limite superior do montante indicativo (1.250 milhões de euros) num contexto em que as primeiras taxas não aceites foram de 5,000% e 5,100%.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Evolução do PIB na União Europeia - 2.º trimestre de 2011

De acordo com o Eurostat o PIB na União Europeia e na zona euro aumentou 0,2% face ao trimestre precedente e 1,7% face ao trimestre homólogo. Valores que confirmam a expectativa de desaceleração do crescimento da actividade económica, sendo de destacar os fracos crescimentos face ao trimestre anterior verificados na Alemanha (0,1%), França (0,0%) e Reino Unido (0,2%). Enquanto que para Espanha e Itália o Eurostat aponta para taxas de crescimento de 0,2% e 0,3%, respectivamente.

Assinale-se, por outro lado, que nos 20 países para os quais foram divulgadas estimativas nenhuma aponta para um decréscimo da actividade face ao primeiro trimestre e as fortes taxas de crescimento verificadas nos países escandinavos (Suécia: +1,0%, Finlândia: +1,2%) e nos países bálticos (Estónia: +1,8%, Letónia: +2,2%).

Em termos homólogos o único país que apresenta um decréscimo do PIB é Portugal (-0,9%) ao qual no entanto poderemos igualmente juntar a Grécia, país para o qual o Eurostat não divulgou estimativa mas onde no trimestre anterior o PIB apresentava uma queda de 5,5% em termos homólogos que de acordo com notícias recentes se terá agravado para 6,9%.

Evolução do PIB português no 2.º trimestre de 2011

De acordo com a estimativa rápida hoje divulgada pelo INE, no segundo trimestre do corrente ano o PIB português terá registado uma queda de 0,6% face ao período homólogo (mantendo-se estável face ao período precedente). De acordo com INE esta queda do produto resulta da evolução negativa da procura interna associada a uma acentuada diminuição do Investimento e das Despesas de Consumo Final das Famílias, sobretudo na componente de bens duradouros, e que se terá também reflectido numa diminuição das Importações de Bens e Serviços. Enquanto que, pelo contrário, e as Exportações de Bens e Serviços, que mantiveram um elevado crescimento homólogo.

sábado, 13 de agosto de 2011

Evolução da economia portuguesa no 2.º trimestre de 2011

Os indicadores do INE relativos ao trimestre de Abril a Junho de 2011 apontam para um agravamento das condições da actividade nos sectores da contrução e serviços com quedas do volume de negócios face ao período homólogo de 9,3% e 6,3%, respectivamente, valores mais negativos que os registados no primeiro trimestre (6,9% e 3,4%). Enquanto que o  volume de negócios total no comércio a retalho caiu 5,1% (4,9% no trimestre anterior), com a queda nas vendas de bens não alimentares excepto combustível a atingir os 12,2% (11,8% no trimestre anterior). Enquanto que na indústria se verificou uma queda de 2,1% (aumento de 0,7% no trimestre anterior).

Como facto positivos destaque-se a evolução favorável do comércio externo, onde se registou uma redução do défice comercial comparativamente ao registado no trimestre homólogo de 2010 de cerca de 1,3 mil milhões de euros. Resultado de aumento das saídas de 17,4% (impulsionado por um aumento das exportações de automóveis de passageiros superior a 50%) face a um aumento das entradas de apenas 1,7%. De notar que a fraca dinâmica das importações parece associada à contração do consumo e do investimento, tendo-se registado uma quebra de 19,2% nas importações de automóveis de passageiros, de 16% nas importações de bens de consumo duradouros e de 5,6% nas importações de máquinas e outros bens de equipamento, valores que compensaram o agravamento em 369 milhões de euros do défice na rubrica combustíveis e lubrificantes.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Produção da construção em Portugal - Junho de 2011

De acordo com o INE, em Junho de 2011 a produção no sector da construção apresentou uma redução de 9,5% face ao período homólogo, situando-se a taxa de variação média nos últimos 12 meses em -8,5% (11,2% na construção de edifícios e 6,0% nas obras de engenharia).

A média anual do indice de produção situou-se, em Junho, em 72,8 pontos valor que representa uma queda de 41% face ao valor máximo registado em Abril de 2002, sendo que no caso da construção de edificios a redução face ao máximo histórico atinge os 49,1% e a redução do emprego face ao máximo verificado em Junho de 2002 corresponde a 39,1%.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

The fear factor

A evolução dos mercados no dia de hoje foi marcada pela acentuada queda dos mercados bolsistas - com destaque para as acções das empresas do sector financeiro para o que terão contribuido os rumores relativamente à situação da Societé Generale -, ma também pela  pela forte a valorização dos activos tradicionais de refúgio com os yields das obrigações do Tesouro a 10 anos a caírem para 2,106% (valores similares aos verificados no final de 2008 após o colapso do Lehman Brothers) e o ouro a superar os 1800 dólares por onça.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

A declaração da Reserva Federal

Da declaração de hoje da Reserva Federal ressaltam três pontos. Primeiro, o reconhecimento de que o crescimento económico na primeira metade do corrente ano foi significativamente menor do que o antecipado - esse facto que apenas em parte pode ser atribuído a factores temporários - e que a inflação se mantém moderada. Em segundo lugar, que a Reserva Federal reviu em baixa as suas expectativas para o crescimento económico nos próximos trimestres e para a inflação. Em terceiro lugar que para promover o crescimento económico e garantir que a inflação se situe em níveis consistentes com a estabilidade de preços - i.e., para evitar o risco de deflação - a Reserva Federal antecipa que as condições exigem que as taxas de juro se mantenham em níveis excepcionalmente baixos até, pelo menos, meados de 2013 e que  não só vai manter a sua carteira de títulos (reinvestindo os valores reembolsados) como está pronto para reajustar essa carteira (i.e., adquiri mais títulos nomeadamente do Tesouro dos EUA).

Ou seja, a Reserva Federal anunciou não só que manterá as suas taxas de juro em níveis próximos de zero nos próximos dois anos como que está disponível para expandir a massa monetária através da aquisição de títulos (política monetária quantitativa). O que conduziu a uma reacção imediata dos mercados com ganhos de mais de 4,7% no S&P 500 e uma forte quebra dos yields das obrigações do Tesouro dos EUA a 10 anos.

Porque desceram os mercados ontem ?

Os esforços do BCE (cuja intervenção conduziu a uma descida acentuada dos yields das dívidas espanhola e italiana) e do G7 foram insuficiente para evitar mais um dia de forte descida nos bolsistas que ontem registaram uma queda histórica, com os principais ínidices dos EUA a cair mais de 5,5% (o S&P 500 desceu 6,66% elevando as perdas para mais de 13% só este mês de Agosto) enquanto que os indices europeus desceram entre 3% e 6%.

Tendo sido particularmente paradoxal o facto de, apesar da queda ser atribuída à descida do notação da dívida pública dos EUA atribuída pela Standard & Poors, os juros de obrigações dos EUA a 10 anos terem de facto descido mais de 20 pontos base.

Sinal de que a dívida pública dos EUA mantém, pelo menos em grande parte, o seu estatuto de activo de refúgio e que conjugado com circunstância da descida de notação já ser há várias semanas considerada como um acontecimento provável - e que devia portanto já ter sido em boa parte descontado pelo mercado - de que outros factores, nomeadamente os receios de uma recaída numa situação de recessão global (ou pelo menos nos EUA e na Europa) estarão a desempenhar um papel importante nesta descida dos mercados.

E, de facto, se os indicadores económicos que foram conhecidos nas últimas semanas apontavam para uma forte desaceleração do ritmo de recuperação da actividade económica - mas ainda não para uma situação de recessão (como indicam também os indicadores avançados ontem divulgados pela OCDE) - os acontecimentos das últimas semanas que apontam para medidas de contenção orçamental nos EUA e na Europa - ou pelo menos para a ausência de margem para políticas orçamentais expansionistas - conjugada com as políticas mais restritivas nos chamados países emergentes para conter os sinais de sobreaquecimento da procura interna nesses países e, ainda, a escassa margem de manobra para a política monetária nos EUA, zona euro e Japão, implicam que será muito dificil evitar que essa desaceleração se acentue, podendo mesmo conduzir a uma situação de recessão.

sábado, 6 de agosto de 2011

A descida do rating dos EUA

Como temido a Standard & Poors anunciou a redução do rating dos EUA de AAA para AA+ justificando esta redução pelo facto de a prolongada controvérsia em torno do aukmento dos limites de endividamento federal indicar que os progressos no curto prazo relativamente à redução do défice serão menos prováveis do que o anteriormente assumido e que o plano de consolidação fiscal acordado fica aquém do necessário para estabilizar o peso da dívida pública em meados da década.

Para a S&P "The political brinksmanship of recent months highlights what we see as America's governance and policymaking becoming less stable, less effective, and less predictable than what we previously elieved. The statutory debt ceiling and the threat of default have become political bargaining chips in the debate over fiscal policy. Despite this year's wide-ranging debate, in our view, the differences between political parties have proven to be extraordinarily difficult to bridge, and, as we see it, the resulting agreement fell well short of the comprehensive fiscal consolidation program that some proponents had envisaged until quite recently. Republicans and Democrats have only been able to agree to relatively modest savings on discretionary spending while delegating to the Select Committee decisions on more comprehensive measures. It appears that for now, new revenues have dropped down on the menu of policy options. In addition, the plan envisions only minor policy changes on Medicare and little change in other entitlements, the containment of which we and most other independent observers regard as key to long-term fiscal sustainability".

PS: Sobre as possíveis consequências desta acção recomendo um conjunto de posts recentes do Alphaville, nomeadamente aqui, aqui e aqui. A ideia que parece ressaltar é que, à partida, as consequências serão limitadas mas existem factores de incerteza relacionados nomeadamente com a importância dos títulos do Tesouro dos EUA (ou garantidos pelo Tesouro dos EUA), riscos que a Reserva Federal se apressou a tentar conter anunciando imediatamente que "For risk-based capital purposes, the risk weights for Treasury securities and other securities issued or guaranteed by the U.S. government, government agencies, and government-sponsored entities will not change. The treatment of Treasury securities and other securities issued or guaranteed by the U.S. government, government agencies, and government-sponsored entities under other federal banking agency regulations, including, for example, the Federal Reserve Board's Regulation W, will also be unaffected".

Evolução do desemprego nos EUA - Julho de 2011

De acordo com os dados divulgados hoje pelo BLS, a taxa de desemprego nos EUA reduziu-se ligeiramente em Julho para 9,1 % (-0,1 pp) e o número de desempregados reduiziu-se em 156 mil, tendo o número de empregados por conta de outrem aumentado em 117 mil. Sendo, no entanto, de notar que a redução da taxa de desemprego se ficou a dever a uma queda da taxa de participação que se traduziu numa redução da população activa de 193 mil.

Estes dados apontam para uma actividade económica frágil mas (ainda) não para uma situação de recessão.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Can the Euro Area Hit the Rewind Button? - Barry Eichengreen

Num artigo do passado dia 23 de Julho,  Eichengreen considera que a criação do euro foi um gigantesco erro: "Creating a single currency without also creating a single bank regulator, an emergency lender, and a credible set of fiscal rules gave Europe a common monetary house without a foundation. Europe acquired shiny coins and elegant banknotes but not the other elements of a workable monetary union. The need for these other elements may have been understood, but the national governments participating in the monetary union refused to cede sovereignty over their banking, financial and fiscal policies. Now they are paying the price." que foi agravado pela opção por uma união monetária "not limited to Northern Europe but including also the “Club Med countries”: Italy, Spain, Portugal and Greece. How anyone could have expected these highly indebted, deficit prone countries to cohabit monetarily with their fiscally rigorous Northern European neighbors was never clear. Some policy makers presumably imagined that the Southern European countries would magically acquire Northern European habits. Or that, blessed with hard money, they would grow so fast that their heavy debt loads would disappear. As recent events remind us, such hopes were less than realistic."

Mas, explica as razões porque se trata de um processo irreversível, chamado a atenção para que, por exemplo, no caso de uma possível reintrodução do dracma "It would not require a Ph.D. in economics to understand that the savings of Greek residents were about to be converted into drachmas that would soon lose value against the euro. Investors would thus respond by transferring their Greek bank deposits to Germany. All of them. On the first minute that word got out that the government was discussing the possibility. Investors would sell their Greek stocks and bonds, for the same reason. This would be a full-fledged financial panic. It would be a full-out bank run. It would be the mother of all financial crises. Greece would have to close down its banking system until order was restored. It would have to suspend trading on its financial markets. It would probably have to seal its borders to prevent residents from ferrying cash out of the country. Being forced to take these steps would not exactly enhance the reputation of the politicians forced to take these emergency actions as a result of their own prior discussions. All this could be avoided, you might say, if the decision was taken in secret and announced as a fait accompli. Residents would wake up one morning and be told that their euro stocks, bonds, cash and bank deposits had all been converted into drachma. End of story. But it is not a plausible story."

E mesmo o cenário de uma saída da Alemanha do euro seria igualmente traumático pois "German exports would be smashed when the deutschemark went through the roof against the currency of the country’s European neighbors", e mais importante "a move to reintroduce the [DM] would create massive financial crises in other European countries, as individuals there shifted their bank deposits en masse to Frankfurt. More financial crises in other European countries are of course the last thing that German business wants. This is why Germany will, in the end, swallow hard and agree to the higher taxes and transfers to other weaker countries needed to make the monetary union work. It will not do so happily. It will not do so all at once. But it will do so eventually because there is no more attractive alternative." Uma crise financeira que (acrescento eu) seria potenciada pelos problemas de balanceamento dos activos e passivos financeiros internacionais que lançaria o caos no sistema financeiro e de pagamentos.

Concluindo que a Europa não tem outra opção a não ser fazer com que o euro funcione!

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Sobre o negócio de venda do BPN

O caso BPN foi obviamente um "negócio" ruinoso para o Estado com um custo global, já descontado do preço de venda ao BIC, que de acordo com o comunicado do Ministério das Finanças deverá ascender a cerca de 2,4 mil milhões de euros.

Uma venda desta natureza, e nestas condições, seria sempre tendencialmente polémica e obviamente que se poderá sempre especular sobre se existiriam ou não alternativas. A verdade porém é que, na situação em que o BPN se encontrava a operar, adiar a solução da questão apenas serviria para destruir (ainda mais) valor aumentando os custos finais para o Estado e da esclarecedora audição da Secretária de Estado do Tesouro e Finanças ficou claro que - independentemente de outros aspectos - a proposta alternativa apresentada pelo designado Núcleo Estratégico de Investidores (NEI) de fazer um pagamento de 5% em Dezembro e fasear o montante restante ao longo de seis anos era manifestamente inaceitável.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Survey da OCDE sobre a Grécia

Num survey hoje divulgado, a OCDE considera que o programa de ajustamento aplicado na Grécia pode ser bem sucedido.

De acordo com os cálculos desta organização,  um superávite primário (ou seja antes de encargos com a dívida pública) de 5-6%, combinada com a implementação de um plano ambicioso de privatizações (que propicie cerca de 50 mil milhões de euros) e reformas estruturais que aumentassem a taxa de crescimento potencial da economia seria suficiente para reduzir os níveis de dívida pública para níveis sustentáveis.

No cenário base (1,7% de crescimento médio anual e 15 mil milhões de euros de receitas de privatizações) o rácio de dívida pública grega atingiria 159,3% em 2013 descendo depois progressivamente até 98,1% em 2035. Mas, mantendo os demais pressupostos, se a taxa de crescimento média anual se situasse nos 2,5% o rácio a dívida desceria abaixo dos 100% em 2028. E admitindo uma taxa de crescimento média de 2,5% e receitas de privatizações de 50 mil milhões de euros essa meta seria atingida em 2023.

Itála e Espanha sob pressão

A tendência dos últimos dias para a subida das taxas de juro das dívidas públicas italiana e espanhola continua hoje com os yields das obrigações a 10 anos a situarem-se significativamente acima dos 6%, níveis que são extremanente preocupantes e que confirmam, menos de duas semanas sobre a cimeira europeia, que as medidas então tomadas não foram suficientes para conter os riscos de "contágio".

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Subida dos juros em Itália e Espanha

Enquanto o mundo continua suspenso da aprovação no Congresso o acordo nos EUA  para um aumento dos limites de endividamento federal (que deverá reduzir os défices entre 2012 e 2021 em cerca de 2,3 milhões de milhões de euros), a subida das taxas de juro da dívida pública italiana e espanhola (que fecharam hoje nos 6% e 6,2% respectivamente no prazo a 10 anos) passou quase despercebida.

A evolução da indústria transformadora nos EUA - ISM Julho de 2011

O indicador de confiança na indústria transformadora dos EUA desceu em Julho 4,4 pontos para 50,9 indicando uma desaceleração da expansão da actividade deste sector, resultado de uma queda em todas as suas principais componentesbeneficiando de uma melhoria das suas principais componentes. Sendo de destacar a queda de 6,4 pontos (para 53,5 pontos) na componente emprego e o facto da componente de novas encomedas se ter situado nos 49,2 pontos (desceu 2,4 pontos) o que indica uma contracção das encomendas.

Como elementos positivos realce-se a ligeira subida para 54,0 pontos (+0,5) na componente exportações e o facto de as respostas continuarem a indicar que os stocks estão em níveis demasiado baixos.