Um amigo perguntou-me: Agora és contra a avaliação dos professores? E pensei que talvez os meu post sobre o assunto possa ter criado essa ideia. Pelo que julguei que talvez seja oportuno fazer um esclarecimento.
Sou inteiramente favorável à avaliação do desempenho dos professores que considero uma ferramenta indispensável para uma boa gestão das escolas.
Agora não sou favorável a qualquer modelo de avaliação e considero que um pressuposto central do sistema de avaliação do desempenho é a utilização de um sistema de avaliação adequado no sentido em que os indicadores sejam relevantes (as variáveis medidas devem reflectir os objectivos), controláveis pelo avaliado (no sentido de que a sua acção tem uma influência muito significativa sobre o indicador), e evitar efeitos perversos (os agentes vão reagir de forma dinâmica à alteração de incentivos mas por vezes com resultados que podem ser contrários ao desejado - "diz-me o que medes, dir-te-ei o que obténs") e, além disso, o processo de avaliação não pode consumir recursos (nomeadamente humanos) de forma desproporcionada (a avaliação é um instrumento e não pode nunca ser um fim em si mesma, sendo crucial que se evitem os riscos de excessiva complexidade e burocratização).
Impõe-se, portanto, apreciar se o sistema proposto cumpre estes requisitos. E em meu entender depois de ler vários dos documentos disponibilizados pelo Ministério da Educação a minha conclusão é que o sistema actualmente em questão não cumpre satisfatoriamente nenhum destes requisitos, falhando rotundamente no capítulo da burocratização (para ilustrar esse falhanço basta ler por exemplo este documento do Conselho Científico para a Avaliação dos Professores, do qual uma excessiva vacuidade que denota uma grande indefinição relativamente a aspectos cruciais do sistema, o que é certamente fonte de muitas justificadas incertezas e receios dos docentes relativamente a todo este processo).
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