"To be concrete, are the net costs of inflation much higher at, say, 4 percent than at 2 percent, the current target range? Is it more difficult to anchor expectations at 4 percent than at 2 percent?"considerando os autores que, embora esse aumento pudesse aumentar os efeitos distorcivos associados à inflação, estes poderiam ser compensados pelo aumento do espaço de manobra da política monetária que resulta de não ser possível (ou pelo menos dificil) fixar taxas de juro negativas.
Pessoalmente, penso que a questão do espaço de manobra da política monetária não me parece por si só um argumento particularmente convincente. Efectivamente, como a actual crise demonstrou os bancos centrais tem outros instrumentos para aumentar a liquidez no sistema financeiro nomeadamente através de políticas monetárias quantitativas.
Por outro lado, aumentar o objectivo de inflação em 2 pontos percentuais pode ter o efeito perigoso de criar um precedente que reduza a credibilidade do novo objectivo, na medida em que os agentes tenderão a pensar que se o objectivo aumentou uma vez poderá aumentar (ainda mais) outras vezes. Recorde-se, além disso, que a fixação do valor em 2% foi fixado tendo em conta a possibilidade de enviesamento da taxa de inflação (resultante da forma como o índice é calculado) e criar uma margem que contivesse os riscos de deflação.
Mas, existe um outro argumento que, este sim, me parece bastante importante.
Num contexto de rigidez de preços, a fixação de um objectivo de inflação superior pode facilitar o ajustamento dos preços relativos, nomeadamente, dos salários entre os vários países.
O que poderia ser particularmente importante no caso da zona euro na medida em permitiria um ajustamento mais rápido dos custos unitários de produção sem a necessidade de uma (tão grande ?) descida dos salários nominais. Com efeito, existindo relutância em reduzir os salários nominais, o custo tenderá a ser um aumento (superior) do desemprego, o que significa que, nomedamente no contexto da actual zona euro, talvez exista, mesmo no longo prazo, uma relação inversa entre taxa de desemprego e inflação (pelo menos para níveis de inflação moderados).
Claro que além do problema de credibilidade que acima referi, existe o problema de uma compreensível relutância da Alemanha para quem a inflação e defesa de uma moeda forte são compreensivelmente preocupações importantes. Talvez fosse no entanto possível fazer uma pequena alteração, mas que poderia ter um impacto significativo, no objectivo de política monetária do BCE que actualmente é "a manutenção, a médio prazo, da taxa de inflação num nível inferior mas próximo de 2%". Este objectivo poderia passar a ser simplesmente "a manutenção, a médio prazo, da taxa de inflação próximo de 2%", o que permitiria ao BCE uma maior margem para deixar a taxa de inflação aumentar quando essa subida contribuisse para a correcção de desequilíbrios entre países da zona euro, sem que me pareça que daí pudesse resultar danos significativos em termos de credibilidade da política monetária do BCE.
2 comentários:
O facto do objectivo do BCE ser uma inflação próxima mas inferior a 2%, não quer dizer que o banco fique particularmente nervoso quando a inflação excede ligeiramente os 2%...
Um objectivo de inflação de 4% acho que colocaria ainda mais a Alemanha em rota de colisão com a maioria dos países do euro. Provavelmente o decisor alemão contrariaria a inflação com uma política orçamental mais rigorosa, e no final seriam mais pronunciados os desvios entre a inflação alemã e a dos países mais inflacionistas, a expensas da competitividades destes últimos...
Certamente. Até porque se trata de um objectivo no médio prazo e portanto pode sempre justificar que se trata de um desvio temporário mas estava a pensar num cenário de taxas de inflação médias de 2,5%-3% durante um período prolongado de 4-5 anos, o que penso que seria algo problemático no actual contexto.
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