No Relatório ontem divulgado, o FMI refere que, até final do corrente ano, Portugal terá obtido um ajustamento do défice primário estrutural correspondente a cerca de 6,5% do PIB (de -6,3% do PIB em 2009 para +0,3% do PIB em 2012) e que embora se preveja que a dívida pública atinja os 124% do PIB em 2014 (mais 6 pontos percetuais do que na previsão anterior) tal não implica uma alteração significativa da avaliação da sua sustentabilidade no médio longo prazo, prevendo o FMI no seu cenário base que esta possa vir depois a descer gradualmete para 85% em 2030. O FMI nota, no entanto, que a trajetória da dívida se tornou agora mais sensível relativamente aos pressupostos para o crescimento económico e a taxa de juro e que a margem de manobra orçamental se reduziu consideravelmente.
Neste relatório, o FMI refere é o aumento significativo dos riscos para atingir os do programa de ajustamento, em virtude: i) da quebra significativa (e persistente) das receitas fiscais, ii) da continuação da recessão económica no próximo ano, que reflete quer o abrandamento do crescimento na zona euro quer o impacto das medidas adicionais de ajustamento (referindo-se no relatório - página 13 - que foi considerado um multiplicador de 0,8), e iii) da resistência social e política relativamente ao programa.
Da apreciação do FMI relativamente às perspetivas de curto prazo para a economia portuguesa ressalta, em primeiro lugar, a prudência relativamente ao ritmo de ajustamento externo que o FMI justifica com os riscos de se vir a assitir a um enfraquecimento mais acentuado da procura em Espanha mas, também, pelo facto de os ganhos de competitividade obtidos serem relativamente limitados (o FMI estima que a depreciação da taxa de câmbio real efetiva de "apenas" 3 a 6%), prevendo que a balança corrente venha a atingir o equilíbrio apenas em 2016.
O relatório refere ainda (página 14) a existência de riscos significativos de que o impacto do processo de desalavancagem das empresas sobre a procura agregada e o emprego possa vir a ser mais intenso do que o projetado.
Do relatório ressaltam ainda as preocupação do FMI relativamente à necessidade de medidas que contribuam para aumentar a competitividade, o emprego e a taxa de cresimento do produto potencial, referindo que o facto de a redução de postos de trabalho estar a ser particularmente intensa em setores não transacionáveis intensivos em fator trabalho sugere qie o aumento do desemprego poderá ser de natureza estrutural. Diga-se, aliás, a este respeito que o FMI prevê que a taxa anual de crescimento do emprego nos seja apenas de 0,3%, em 2014, 0,6%, em 2015, e 0,4% em 2016 e 2017 e que a taxa de desemprego no final deste período se situe nos 14,3%.
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