quinta-feira, 21 de novembro de 2013

As "agências" de comunicação, a blogosfera e a política

A entrevista que fernando Moreira de Sá deu à revista "Visão" e a sua tese sobre a Comunicação política digital tiveram o mérito de chamar a atenção para o fenómeno da utilização do canal internet na política e, em particular, para algumas práticas imprórpais que terão sido utilizadaspor apoiantes de Pedro passos Coelho, primeiro, nas eleições diretas de 2010 no PSD e depois nas legislativas de 2011.

Na confusão do debate gerado em torno deste tema correm-se, no entanto, dois riscos importantes.

O primeiro destes riscos é o exagero da importência destes canais. A verdade é que como, aliás, se refere na tese a audiência real destes blogs não deveria ultrapassar a meia dezena de milhar e, para mais, seria constituida sobretudo por pessoas politicamente comprometidas, pelo que - mesmo considerando a sua influência indireta através da visibilidade que alguns bloggers foram adquirindo noutros meios de comunicação social - o respetivo impacto real terá sido escasso.

O segundo risco é o de misturar o trigo com o joio. Há que distinguir claramente entre, por um lado, as práticas ilegítimas e absolutamente condenáveis de condicionamento dos fóruns de rádio e televisão, dos comentários nos sites de jornais - onde é por demias evidente a influência de «agências» de comunicação -, ou a criação de falsas identidades nas redes sociais (nomeadamente, no facebook e twitter). E, por outro lado, os projetos legítimos de intervenção pública tenham estes um caráter duadouro (e.g., os exemplos, à direita do 31 da Armada, Blasfémias, Delito de Opinião ou Insurgente e à esquerda do 5Dias, Arrastão, camara Corporativa ou Jugular) ou iniciativas concebidas para um determinado período eleitoral (e.g. os casos do Albergue Espanhol ou do Simplex).

Quanto à polémica suscitada pelo facto de vários dos participantes em alguns desses espaços terem, entretanto, sido nomeados para cargos de nomeação política, confesso que não me merece particular preocupação ou, pelo menos, não mais do que aquela que me suscita a nomeação para cargos da mesma natureza de pessoas oriundas dos órgãos de comunicação social tradicionais. Cada caso é um caso e penso que - independentemente das iniciativas em que tenha ou não participado - interessam o mérito, as competências e características adequadas para o desempenho das funções.

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