sexta-feira, 8 de novembro de 2013

O copo meio vazio

A evolução do desemprego no 3.º trimestre de 2013 constiui, sob qualquer perspetiva, um sinal positivo.

Apesar dos 838 mil desempregados, da queda homóloga da taxa de desemprego estar associada a uma redução da população ativa (-135,0 mil) e de em termos homólogos a população empregada ter registado uma redução de 2,2%, o certo é que não apenas todos estes indicadores evoluiram favoravelmente face ao trimestre anterior a economia portuguesa criou (em termos líquidos) mais 48,0 mil empregos no 3.º trimestre e 120,4 mil empregos nos dois últimos trimestres.

E, embora estes valores estejam naturalmente influenciados por fatores sazonais, a verdade é que a é a primeira vez desde o primeiro trimestre de 2008 que a economia portuguesa regista dois trimestres consecutivos de aumento do emprego e que o aumento do emprego no terceiro trimestre foi o mais elevado desde pelo menos 1998.

Estes números parecem afastar assim o espetro de uma espiral de aumento de desemprego e revelam uma flexibilidade do mercado laboral e uma resilência da economia portuguesa que surpreendeu não apenas - apesar de não o confessarem - as cassandras da economia portuguesa como, inclusive, a generalidade dos que têm uma perspetiva mais otimista da evolução da economia portuguesa.

Note-se, contudo, que o aumento do emprego surge concentrado no setor dos serviços e, com especial expressão, nas atividades de alojamento e restauração e similares. O que aponta para que a redução do desmeprego reflita sobretudo a evolução positiva do setor do turismo, o que é aliás confirmada pela evolução das dormidas e pelo facto de a descida de desemprego ter sido particularmente acentuada na região do Algarve.

Pelo que, uma análise fria dos números ontem divulgados aponta para que apesar de ser de assinalar a evolução positiva é, no entanto, prematuro falar de uma tendência sustentada de criação do emprego. A qual, no contexto de elevados níveis de endividamento público e privado da economia portuguesa, dependerá de uma dinamização do investimento nos setores transacionáveis que, apesar de alguns sinais positivos (ou menos negativos), a informação disponível ainda não permite confirmar.

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