quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Poupança das famílias em Portugal

No último Boletim de Inverno do Banco de Portugal foi publicado um artigo muito interessante sobre a poupança das famílias em Portugal, o qual além de uma discussão bastante interessante sobre os principais factores explicativos da taxa de poupança contem um conjunto muito relevante de informação sobre a poupança das famílias portuguesas.

Um aspecto que me surpreendeu pela dimensão do fenómeno é a elevada desigualdade da distribuição da poupança. De acordo com os dados constantes do artigo e que resultam do Inquérito às Despesas das Famílias (IDEF), 10% das famílias são responsáveis por cerca de 2 terços do total das poupanças e 20% das famílias geram mais de 90% do total da poupança das famílias. Enquanto que por decis de rendimento verificamos que mais de 50% da poupança é gerada pelos 10% de famílias mais ricas (que têm uma taxa média de poupança próxima dos 40%) e que os três decis de rendimento mais elevados geram cerca de 80% da poupança total, enquanto que a taxa média de poupança dos 4 primeiros decis de rendimento é muito baixa. E a taxa média de poupança nos três primeiros decis de poupança é mesmo negativa.

Neste contexto a "folga" financeira de uma percentagem significativa das famílias será muito reduzida e portanto a redução do rendimento disponível (via redução de rendimento bruto e aumento de impostos) deverá ter um impacto bastante significativo sobre as desepsas de consumo.

Deve, no entanto, notar-se que os dados possam estar afectados por erros de medida na medida em que como os autores referem tipicamente tanto o rendimento como as despesas de consumo tendem a ser sub-reportadas. Por outro lado, o IDEF não considera os encargos com juros pagos pelas famílias.

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