Em Fevereiro, o indicador de sentimento económico na União Europeia aumentou 1,4 pontos (para 107,3 pontos), enquanto que na zona euro a subida foi de 1,0 pontos (para 107,8 pontos). Sendo de assinalar a continuação da tendência positiva da economia alemã cujo indicador subiu 1,3 pontos (para 116,8 pontos), e a recuperação da economia do Reino Unido (+1,1 pontos para 101,9 pontos), enquanto que França e Itália se registaram pequenas descidas (-0,4 pontos para 108,5 pontos e -0,5 pontos para 101,1 pontos, respectivamente).
De assinalar a recuperação do indicador de sentimento económico em Portugal que subiu 4,3 pontos (para 94,7 pontos), com uma melhoria da confiança na indústria, serviços e construção bem como da confiança dos consumidores e apesar da descida da confiança dos retalhistas. Note-se, no entanto, que apesar desta recuparação que permitiu que este indicador atingisse o valor mais alto desde Agosto de 2008, o mesmo se manteve abaixo dos 100 pontos.
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
Perspectivas para a evolução do consumo privado
As perspectivas para a evolução do consumo privado em 2011 já eram bastante negativas pelo efeito combinado: i) da redução dos rendimentos reais, em virtude da contenção salarial, do aumento da inflação e do efeito da contracção do emprego; ii) do aumento dos impostos sobre o rendimento e iii) do aumento das dificuldades no acesso ao crédito e iv) do efeito riqueza negativo em resultado da tendência de queda do mercado imobiliário.
Nas últimas semanas têm crescido as indicações de que o Banco Central Europeu poderá aumentar as taxas de juro de referência provavelmente no terceiro trimestre o que tem vindo a reflectir-se numa subida das taxas euribor. O que, mantendo-se esta tendência, será mais um factor fortemente negativo para a evolução da situação financeira dos consumidores em Portugal dado não só o elevado nível de endividamento das famílias, como igualmente o facto de grande parte dos juros dessa dívida estar indexadas às taxas euribor, o que torna as famílias portuguesas particularmente vulneráveis (nomeadamente comparativamente ao que se verifica noutros países da zona euro) a uma subida das taxas de juro no mercado monetário.
Recorde-se a este respeito que um dos factores que, em 2009 e 2010, atenuou consideravelmente os efeitos da crise sobre a situação financeira das famílias foi precisamente a descida das taxas euribor. Por exemplo, a euribor a 6 meses que desceu de valores acima dos 5%, em meados de 2008, para valores abaixo de 1%, na primeira metade de 2010, tem vindo a subir ligeiramente desde Junho e já se situava ontem nos 1,367% e a curva de rendimentos indica que as expectativas do mercado são de que esta tendência de subida prossiga nos próximos meses, o que tenderá a agravar a já dificil situação financeira das famílias e, a ocorrer, não deixará de ter reflexos sobre a evolução do consumo.
Nas últimas semanas têm crescido as indicações de que o Banco Central Europeu poderá aumentar as taxas de juro de referência provavelmente no terceiro trimestre o que tem vindo a reflectir-se numa subida das taxas euribor. O que, mantendo-se esta tendência, será mais um factor fortemente negativo para a evolução da situação financeira dos consumidores em Portugal dado não só o elevado nível de endividamento das famílias, como igualmente o facto de grande parte dos juros dessa dívida estar indexadas às taxas euribor, o que torna as famílias portuguesas particularmente vulneráveis (nomeadamente comparativamente ao que se verifica noutros países da zona euro) a uma subida das taxas de juro no mercado monetário.
Recorde-se a este respeito que um dos factores que, em 2009 e 2010, atenuou consideravelmente os efeitos da crise sobre a situação financeira das famílias foi precisamente a descida das taxas euribor. Por exemplo, a euribor a 6 meses que desceu de valores acima dos 5%, em meados de 2008, para valores abaixo de 1%, na primeira metade de 2010, tem vindo a subir ligeiramente desde Junho e já se situava ontem nos 1,367% e a curva de rendimentos indica que as expectativas do mercado são de que esta tendência de subida prossiga nos próximos meses, o que tenderá a agravar a já dificil situação financeira das famílias e, a ocorrer, não deixará de ter reflexos sobre a evolução do consumo.
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
Evolução dos juros da dívida pública
Balança de Pagamentos e Posição de Investimento Internacional
De acordo com o Banco de Portugal, em 2010, o défice da balança corrente terá ascendido a 17.060 milhões de euros (uma descida de 1.302 milhões de euros) enquanto que o défice conjunto da blança corrente e de capital desceu cerca de 1.850 milhões de euros para 15.119 milhões de euros (que corresponde a cerca de 8,7% do PIB). Mantendo-se ainda assim em valores que são claramente insustentáveis.
Para esta melhoria contribui sobretudo o aumento dos superávites das balanças de serviços (+723 milhões de euros) e de capitais (+548 milhões de euros), bem como a redução em cerca de 675 milhões de euros da balança de rendimentos. Já que, apesar do forte crescimento das exportações, o défice da balança de bens aumentou cerca de 136 milhões de euros.
No final de 2010 a posição de investimento líquida situava-se nos -185.551 mil milhões de euros, valor que corresponde a cerca de 108,5% do PIB e que representa uma melhoria face aos 111,1% no final do ano anterior, o que no entanto só foi possível graças às variações de preço, e cambiais, favoráveis verificadas em 2010.
Para esta melhoria contribui sobretudo o aumento dos superávites das balanças de serviços (+723 milhões de euros) e de capitais (+548 milhões de euros), bem como a redução em cerca de 675 milhões de euros da balança de rendimentos. Já que, apesar do forte crescimento das exportações, o défice da balança de bens aumentou cerca de 136 milhões de euros.
No final de 2010 a posição de investimento líquida situava-se nos -185.551 mil milhões de euros, valor que corresponde a cerca de 108,5% do PIB e que representa uma melhoria face aos 111,1% no final do ano anterior, o que no entanto só foi possível graças às variações de preço, e cambiais, favoráveis verificadas em 2010.
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
Evolução dos proveitos no Turismo
De acordo com as estatísticas da Balança de Pagamentos do Banco de Portugal em 2010 ter-se-á registado um aumento de 10,2% das exportações de viagens e turismo que foi enaltecido pelo nosso primeiro ministro.
Trata-se contudo de uma rubrica onde se inclui igualmente as exportações de serviços de transporte e que é, no entanto, muito superior ao que foi divulgado pelo INE que apontam para um crescimento dos proveitos dos estabelecimentos hoteleiros, em 2010, de apenas 3,2%. E embora seja verdade que, além de serem obtidos através de metodologias diferentes, estes valores do INE incluem quer os proveitos de estadias de residentes quer de não residentes, é de notar que as dormidas de residentes aumentaram 4,4% enquanto que as de não residentes aumentaram apenas 2,2%.
Trata-se contudo de uma rubrica onde se inclui igualmente as exportações de serviços de transporte e que é, no entanto, muito superior ao que foi divulgado pelo INE que apontam para um crescimento dos proveitos dos estabelecimentos hoteleiros, em 2010, de apenas 3,2%. E embora seja verdade que, além de serem obtidos através de metodologias diferentes, estes valores do INE incluem quer os proveitos de estadias de residentes quer de não residentes, é de notar que as dormidas de residentes aumentaram 4,4% enquanto que as de não residentes aumentaram apenas 2,2%.
Portugal já está ou não em recessão ?
A definição de recessão constitui uma questão recorrente que desta vez renasceu com as divergências entre as declarações do Governador do Banco de Portugal que veio dizer que Portugal já estava em recessão técnica e que foram posteriormente contrariadas por outros, entre os quais o Presidente do Tribunal de Contas que veio dizer que "Tecnicamente ainda não estamos em situação de recessão".
Estas diferenças de opinião resultam de duas coisas. Em primeiro lugar, de uma deficiência do entendimento sobre a definição de "recessão" que, seguindo a definiçao utilizada pelo NBER corresponde a um decréscimo significativo da actividade económica “lasting more than a few months, normally visible in production, employment, real income, and other indicators” (por exemplo, produção industrial e vendas do comércio). A ideia corrente de que uma recessão corresponde a pelo menos dois trimestres consecutivos de queda do PIB é apenas uma simplificação utilizada pelos economistas, mas que nem sempre se adequa. Podendo existir uma recessão mesmo sem que se verifique uma queda do PIB durante dois trimestres consecutivos. Assim, por exemplo, relativamente aos EUA, o NBER considera que existiu uma recessão em 2001 apesar de nessa altura não se terem registado dois trimestres consecutivos de queda do PIB (o PIB caiu no 1.º e 3.º trimestres de 2001 mas aumentou no 2.º trimestre) e declarou como Dezembro de 2007 como o início da recessão apesar do PIB ter aumentado no 2.º trimestre de 2008.
Por outro lado, confunde-se muitas vezes o momento da recessão com o seu reconhecimento. Dada a definição de recessão acima e o desfasamento com que são conhecidos os dados económicos, uma situação de recessão apenas pode ser ser tecnicamente confirmada vários meses depois do seu início efectivo (o mesmo ocorrendo relativamente à confirmação do fim de uma recessão), sucedendo por vezes que o início de uma recessão apenas seja confirmada quando de facto (como posteriormente se vem a confirmar) ela já terminou. Mas isso não significa que a recessão apenas se inicie quando existe essa informação, mas apenas que ainda não existem os dados que permitam confirmar com toda a certeza essa situação.
Daí que pessoalmente concorde completamente com a posição do Governador do Banco de Portugal quando diz que "Pode dizer-se que estamos em recessão. A dinâmica das variáveis macro-económicas vai produzir aquilo que dissemos e que as instituições internacionais confirmaram: uma recessão económica durante o ano de 2011". E a única critica que lhe poderá ser feita será eventualmente a de que
ainda não dispomos dos dados que permitam efectivamente verificar ser essa a situação e que, portanto, trata-se de uma posição fundamentada, mas que ainda não é possível confirmar tecnicamente.
Estas diferenças de opinião resultam de duas coisas. Em primeiro lugar, de uma deficiência do entendimento sobre a definição de "recessão" que, seguindo a definiçao utilizada pelo NBER corresponde a um decréscimo significativo da actividade económica “lasting more than a few months, normally visible in production, employment, real income, and other indicators” (por exemplo, produção industrial e vendas do comércio). A ideia corrente de que uma recessão corresponde a pelo menos dois trimestres consecutivos de queda do PIB é apenas uma simplificação utilizada pelos economistas, mas que nem sempre se adequa. Podendo existir uma recessão mesmo sem que se verifique uma queda do PIB durante dois trimestres consecutivos. Assim, por exemplo, relativamente aos EUA, o NBER considera que existiu uma recessão em 2001 apesar de nessa altura não se terem registado dois trimestres consecutivos de queda do PIB (o PIB caiu no 1.º e 3.º trimestres de 2001 mas aumentou no 2.º trimestre) e declarou como Dezembro de 2007 como o início da recessão apesar do PIB ter aumentado no 2.º trimestre de 2008.
Por outro lado, confunde-se muitas vezes o momento da recessão com o seu reconhecimento. Dada a definição de recessão acima e o desfasamento com que são conhecidos os dados económicos, uma situação de recessão apenas pode ser ser tecnicamente confirmada vários meses depois do seu início efectivo (o mesmo ocorrendo relativamente à confirmação do fim de uma recessão), sucedendo por vezes que o início de uma recessão apenas seja confirmada quando de facto (como posteriormente se vem a confirmar) ela já terminou. Mas isso não significa que a recessão apenas se inicie quando existe essa informação, mas apenas que ainda não existem os dados que permitam confirmar com toda a certeza essa situação.
Daí que pessoalmente concorde completamente com a posição do Governador do Banco de Portugal quando diz que "Pode dizer-se que estamos em recessão. A dinâmica das variáveis macro-económicas vai produzir aquilo que dissemos e que as instituições internacionais confirmaram: uma recessão económica durante o ano de 2011". E a única critica que lhe poderá ser feita será eventualmente a de que
ainda não dispomos dos dados que permitam efectivamente verificar ser essa a situação e que, portanto, trata-se de uma posição fundamentada, mas que ainda não é possível confirmar tecnicamente.
sábado, 19 de fevereiro de 2011
Yields da dívida pública portuguesa
Num dia em que foi noticiado que o BCE voltou a intervir no mercado secundário, comprando OT's para evitar a escalda dos juros, mesmo assim os yields voltaram a subir sobretudo nos prazos mais curtos, atingindo os 4,71% para as OT's a 2 anos e os 5,61% para as OT's a 3 anos, enquanto que para as OT's a 5 anos a taxa de juro já vai nos 7,13%.
Perante este cenário torna-se cada vez mais dificil acreditar não só que Portugal conseguirá evitar o recurso ao FEEF, tendo voltado a surgir notícias de pressões dos nossos parceiros europeus nesse sentido, como começa inclusivé a parecer provável que o tenha de fazer já nas próximas semanas.
Perante este cenário torna-se cada vez mais dificil acreditar não só que Portugal conseguirá evitar o recurso ao FEEF, tendo voltado a surgir notícias de pressões dos nossos parceiros europeus nesse sentido, como começa inclusivé a parecer provável que o tenha de fazer já nas próximas semanas.
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
Evolução do desemprego em Portugal
De acordo com os resultados do inquérito ao emprego ontem divulgados pelo INE, no quarto trimestre de 2010 a taxa de desemprego em Portugal situava-se nos 11,1% (619 mil desempregados), tendo a média anual de 2010 situado-se nos 10,8%.
Comparativamente com 2010, a população empregada diminui 1,5% o que corresponde a uma perda de 75,9 mil empregos. A qual é explicada sobretudo pela redução verificada nos empregados por conta própria que se reduziram em 5,9% (74,6 mil empregos). Enquanto que os empregados por conta de outrem diminuiram "apenas" 0,3% (10,8 mil empregos), uma vez que redução de 1,5% (45,8 mil) dos empregados com contratos sem termo e de 5,9% (9,1 mil) classificados em "outras situações" foi compensada por um aumento de 6,4% nos empregados contratados a termo (44,1 mil).
Por regiões ressalta a elevada taxa de desemprego registada no Algarve:14,8% no quarto trimestre de 2010 e 13,4% na média de 2010, que substituiu a Região Norte na nada invejável posição de região onde a taxa de desemprego é mais elevada.
Comparativamente com 2010, a população empregada diminui 1,5% o que corresponde a uma perda de 75,9 mil empregos. A qual é explicada sobretudo pela redução verificada nos empregados por conta própria que se reduziram em 5,9% (74,6 mil empregos). Enquanto que os empregados por conta de outrem diminuiram "apenas" 0,3% (10,8 mil empregos), uma vez que redução de 1,5% (45,8 mil) dos empregados com contratos sem termo e de 5,9% (9,1 mil) classificados em "outras situações" foi compensada por um aumento de 6,4% nos empregados contratados a termo (44,1 mil).
Por regiões ressalta a elevada taxa de desemprego registada no Algarve:14,8% no quarto trimestre de 2010 e 13,4% na média de 2010, que substituiu a Região Norte na nada invejável posição de região onde a taxa de desemprego é mais elevada.
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
Crescimento do PIB na zona euro
De acordo com as estimativas rápidas hoje divulgadas pelo Eurostat, no 4.º trimestre de 2010 o crescimento do PIB face ao trimestre anterior foi de 0,3% na zona euro (EA16) e de 0,2% para o conjunto da União Europeia.
Comparando com o mesmo trimestre de 2009, a taxa de crescimento situa-se nos 2,0% para a zona euro e nos 2,1% para o conjunto da União Europeia, sobressaindo os fortes crescimentos registados nos países bálticos (Estónia: 6,6%, Lituânia: 4,4% e Letónia 3,7% - onde recorde-se se registaram fortes quedas em 2008 e 2009), Finlândia (5,8%) e na Alemanha (4,0%). Enquanto, por outro lado, ressaltam as quebras do PIB verificadas na Grécia (-6,6%) e Roménia (-0,5%) e o fraco crescimento da economia espanhola (+0,6%).
Refira-se que dos 19 países da União Europeia para os quais existem dados, além de Portugal (-0,3%)apenas outros dois países (Grécia: -1,4%, país onde o PIB caiu em todos os trimestres de 2009, e Reino Unido: - 0,5%) registaram uma queda do PIB neste trimestre. E que, quando comparamos com o PIB no quarto trimestre de 2009, apenas três países (Grécia, Roménia e Espanha) apresentam taxas de crescimento inferiores à verificada em Portugal. Sendo que além destes apenas França (1,5%) e Itália (1,3%) apresentam crescimentos inferiores a 2%.
Mesmo descontando o facto de Portugal ter sido dos países europeus onde o PIB menos caiu em 2009 e, portanto, haver aqui um efeito de base, estes números não parecem ser de molde a inspirar grande confiança na capacidade de crescimento da economia portuguesa. O que conjuntamente com a indefinição relativamente às medidas de reforço e flexibilização do fundo europeu estará a contribuir para a subida das taxas de juro da dívida portuguesa, com as yields das OT's a 10 anos e das OT's a 5 anos a aproximarem-se dos 7,5% e dos 7%, respectivamente,"encostando-se" aos valores a que o BCE terá intervido no passado dia 10 de Fevereiro.
Comparando com o mesmo trimestre de 2009, a taxa de crescimento situa-se nos 2,0% para a zona euro e nos 2,1% para o conjunto da União Europeia, sobressaindo os fortes crescimentos registados nos países bálticos (Estónia: 6,6%, Lituânia: 4,4% e Letónia 3,7% - onde recorde-se se registaram fortes quedas em 2008 e 2009), Finlândia (5,8%) e na Alemanha (4,0%). Enquanto, por outro lado, ressaltam as quebras do PIB verificadas na Grécia (-6,6%) e Roménia (-0,5%) e o fraco crescimento da economia espanhola (+0,6%).
Refira-se que dos 19 países da União Europeia para os quais existem dados, além de Portugal (-0,3%)apenas outros dois países (Grécia: -1,4%, país onde o PIB caiu em todos os trimestres de 2009, e Reino Unido: - 0,5%) registaram uma queda do PIB neste trimestre. E que, quando comparamos com o PIB no quarto trimestre de 2009, apenas três países (Grécia, Roménia e Espanha) apresentam taxas de crescimento inferiores à verificada em Portugal. Sendo que além destes apenas França (1,5%) e Itália (1,3%) apresentam crescimentos inferiores a 2%.
Mesmo descontando o facto de Portugal ter sido dos países europeus onde o PIB menos caiu em 2009 e, portanto, haver aqui um efeito de base, estes números não parecem ser de molde a inspirar grande confiança na capacidade de crescimento da economia portuguesa. O que conjuntamente com a indefinição relativamente às medidas de reforço e flexibilização do fundo europeu estará a contribuir para a subida das taxas de juro da dívida portuguesa, com as yields das OT's a 10 anos e das OT's a 5 anos a aproximarem-se dos 7,5% e dos 7%, respectivamente,"encostando-se" aos valores a que o BCE terá intervido no passado dia 10 de Fevereiro.
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
Desemprego estrutural nos EUA
Uma das polémicas mais interessantes actualmente é saber em que medida o desemprego nos EUA resulta de uma desadequação (mismatch) entre a oferta e a procura de trabalho relacionada com uma alteração da estrutura da economia americana ou de uma redução da procura agregada.
Este tema que tem implicações importantes nomeadamente para a aferição do produto potencial dos EUA e para a consequente definição das políticas económicas mais adequadas na situação actual foi objecto de um post recente de Krugman em que este apresentando o rácio do desempregados por ocupação anterior em 2010 face a 2007 chega à conclusão de que não terá existido qualquer quebra estrutural e que portanto o nível de desemprego actual seria explicado não por questões estruturais, mas sim pela redução da procura agregada.
No entanto, se em vez destes dados utilizarmos a evolução do emprego encontramos dados que dão uma imagem mais matizada. Com efeito, de acordo com os dados do BLS, entre 2007 e 2010 a queda do emprego no sector privado terá sido de cerca de 7,0%, enquanto a redução do emprego no sector da construção foi de 27,6%. O que significa que do total de 8,041 milhões de empregos perdidos 2,104 milhões (ou seja 26% do total) correspondem à redução do emprego no sector da construção, tendo o peso do emprego neste sector no total do emprego no sector privado reduzido-se de cerca de 6,6% para 5,1%. Se considerarmos que além da construção existem outros sectores como o da informação e dos serviços financeiros onde a queda do emprego (respectivamente 10,6% e 8,5%) foi mais intensa e relativamente aos quais existem razões para supor que uma parte da redução do emprego terá um carácter estrutural.
O que não sendo suficiente para invalidar inteiramente a tese de Krugman de que a maior parte da queda do emprego (aumento do desemprego) se explica pela redução da procura agregado, parece indicar claramente que as razões estruturais terão tido uma importância não negligenciável na redução do emprego nos EUA.
Este tema que tem implicações importantes nomeadamente para a aferição do produto potencial dos EUA e para a consequente definição das políticas económicas mais adequadas na situação actual foi objecto de um post recente de Krugman em que este apresentando o rácio do desempregados por ocupação anterior em 2010 face a 2007 chega à conclusão de que não terá existido qualquer quebra estrutural e que portanto o nível de desemprego actual seria explicado não por questões estruturais, mas sim pela redução da procura agregada.
No entanto, se em vez destes dados utilizarmos a evolução do emprego encontramos dados que dão uma imagem mais matizada. Com efeito, de acordo com os dados do BLS, entre 2007 e 2010 a queda do emprego no sector privado terá sido de cerca de 7,0%, enquanto a redução do emprego no sector da construção foi de 27,6%. O que significa que do total de 8,041 milhões de empregos perdidos 2,104 milhões (ou seja 26% do total) correspondem à redução do emprego no sector da construção, tendo o peso do emprego neste sector no total do emprego no sector privado reduzido-se de cerca de 6,6% para 5,1%. Se considerarmos que além da construção existem outros sectores como o da informação e dos serviços financeiros onde a queda do emprego (respectivamente 10,6% e 8,5%) foi mais intensa e relativamente aos quais existem razões para supor que uma parte da redução do emprego terá um carácter estrutural.
O que não sendo suficiente para invalidar inteiramente a tese de Krugman de que a maior parte da queda do emprego (aumento do desemprego) se explica pela redução da procura agregado, parece indicar claramente que as razões estruturais terão tido uma importância não negligenciável na redução do emprego nos EUA.
PIB diminui 0,3% no 4.º trimestre de 2010
E acordo com a estimativa rápida do INE, no quarto trimestre de 2010 o PIB português contraiu-se 0,3% face ao trimestre anterior. Comparativamente com o trimestre homólogo de 2009 ter-se-á registado um crescimento de 1,2% (menos 0,1 pontos percentuais do que no trimestre anterior), e no conjunto do ano um aumento de 1,4% face ao valor do PIB em 2009.
Como é habitual na estimativa rápida a informação sobre o contributo das diversas componentes é escasso, referindo o INE que, comparativamente com os resultados no 3.º trimestre, o contributo das exportações manteve-se elevado, e que se registou uma desaceleração das despesas de consumo e uma diminuição homóloga, embora menos intensa, do investimento.
Como é habitual na estimativa rápida a informação sobre o contributo das diversas componentes é escasso, referindo o INE que, comparativamente com os resultados no 3.º trimestre, o contributo das exportações manteve-se elevado, e que se registou uma desaceleração das despesas de consumo e uma diminuição homóloga, embora menos intensa, do investimento.
domingo, 13 de fevereiro de 2011
Evolução da construção de edifícios em Portugal
Uma das ideias correntes é da que ao contrário do que ocorreu em outros países como a Irlanda, a Espanha, o Reino Unido ou os EUA, Portugal não teve uma bolha imobiliária.
A evolução dos fogos novos concluídos no Continente, desde 1994, revela no entanto uma história um pouco diferente. O número de fogos construídos mais do que duplicou entre 1994 e 2002 para depois cair, atingindo em 2009 valores próximos dos registados no inicio do período. E com base nos indicadores sobre a produção do sector construção divulgados na quinta-feira pelo INE, essa tendência terá continuado em 2010 com uma redução média de 12,7%, face aos valores de 2009, da construção de edifícios. Sendo de assinalar que a produção deste subsector reduziu-se em todos os anos desde 2001 até 2010. E que, em termos de média anual, o índice da construção de edifícios situou-se, em 2010, nos 66,0 (2005 = 100), o que representa uma queda acumulada de 46,4% face ao valor médio de 123,2 que corresponde ao ano de 2001.
Dados que parecem desmentir a tese de que Portugal não terá tido uma bolha imobiliária. Apesar disso, julgo que existe algumas diferenças face aos outros países mencionados. Em primeiro lugar, no caso português a queda da produção no sector da construção foi, apesar de tudo, bastante gradual - em termos de imagem poderemos dizer que em Portugal a bolha não rebentou, foi-se esvaziando. O que permitiu que a oferta se fosse ajustando à contracção da procura, pelo que contrariamente ao que sucedeu noutros países o ajustamento parece, pelo menos até agora, ter sido feito mais pelas quantidades e não tanto pelos preços, o que permitiu que os seus efeitos sobre os balanços das famílias e sobre a qualidade do crédito hipotecário não fossem tão gravosos.
A evolução dos fogos novos concluídos no Continente, desde 1994, revela no entanto uma história um pouco diferente. O número de fogos construídos mais do que duplicou entre 1994 e 2002 para depois cair, atingindo em 2009 valores próximos dos registados no inicio do período. E com base nos indicadores sobre a produção do sector construção divulgados na quinta-feira pelo INE, essa tendência terá continuado em 2010 com uma redução média de 12,7%, face aos valores de 2009, da construção de edifícios. Sendo de assinalar que a produção deste subsector reduziu-se em todos os anos desde 2001 até 2010. E que, em termos de média anual, o índice da construção de edifícios situou-se, em 2010, nos 66,0 (2005 = 100), o que representa uma queda acumulada de 46,4% face ao valor médio de 123,2 que corresponde ao ano de 2001.
Dados que parecem desmentir a tese de que Portugal não terá tido uma bolha imobiliária. Apesar disso, julgo que existe algumas diferenças face aos outros países mencionados. Em primeiro lugar, no caso português a queda da produção no sector da construção foi, apesar de tudo, bastante gradual - em termos de imagem poderemos dizer que em Portugal a bolha não rebentou, foi-se esvaziando. O que permitiu que a oferta se fosse ajustando à contracção da procura, pelo que contrariamente ao que sucedeu noutros países o ajustamento parece, pelo menos até agora, ter sido feito mais pelas quantidades e não tanto pelos preços, o que permitiu que os seus efeitos sobre os balanços das famílias e sobre a qualidade do crédito hipotecário não fossem tão gravosos.
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
Taxa de inflação homóloga aumenta para 3,6%
O INE anunciou ontem que em Janeiro a taxa de inflação homóloga ascendeu a 3,6%. O que representa uma subida muito significativa face aos 2,5% que se verificavam em Dezembro. Note-se que de acordo com o INE o efeito do aumento da taxa do IVA terá sido de cerca de 0,7% pelo que mesmo descontando este efeito temos uma clara tendência para a subida da taxa de inflação.
Uma análise mais detalhada da evolução dos preços face ao período homólogo revela que algumas das maiores subidas se verificaram em bens e serviços essenciais como o gás (16,6%) combustíveis (16,1%), frutas (7,3%), serviços de transporte ferroviários e rodoviários (6,9% e 5,5%), produtos hortícolas (5,9%), electricidade (4,8%), produtos farmacêuticos (4,6%) e abastecimento de água (4,2%), ou ainda as taxas de saneamento básico (22,0%) e recolha do lixo (10,4%). Em sentido contrário realce-se a descida de 6,0% nos preços do vestuário e calçado.
Uma análise mais detalhada da evolução dos preços face ao período homólogo revela que algumas das maiores subidas se verificaram em bens e serviços essenciais como o gás (16,6%) combustíveis (16,1%), frutas (7,3%), serviços de transporte ferroviários e rodoviários (6,9% e 5,5%), produtos hortícolas (5,9%), electricidade (4,8%), produtos farmacêuticos (4,6%) e abastecimento de água (4,2%), ou ainda as taxas de saneamento básico (22,0%) e recolha do lixo (10,4%). Em sentido contrário realce-se a descida de 6,0% nos preços do vestuário e calçado.
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
Análise dos acontecimentos de hoje no mercado da dívida pública
O dia de hoje serviu para demonstrar, aos que eventualmente ainda teriam dúvidas, que a tão propalada "confiança dos mercados" que os mercados tem demonstrado na dívida pública portuguesa assentará quase exclusivamente na ideia de que os nossos parceiros europeus estão disponíveis para nos auxiliar e no "put" (opção de venda) que na prática representam as sucessivas intervenções do BCE adquirindo a nossa dívida nos mercados secundários sempre que as yields começam a subir de forma perigosa.
O dia de hoje foi sobretudo um "teste" dos mercados à disponibilidade e prontidão do BCE para continuar a adquirir dívida portuguesa no mercado secundário, ao qual este respondeu. Sendo curioso de notar que a intervenção terá surgido quando as taxas de juro das yields das OT's a 10 anos estavam no patamar dos 7,6% e as yields das OT's a 5 anos tinham atingido os 6,9%, sendo que ambas fecharam o dia a cair ligeiramente para 7,30% e 6,52%, respectivamente.Enquanto as yields da OT's a 2 anos fecharam com uma ligeira subida face ao dia anterior fixando-se nos 4,45%.
A questão que se coloca é até quando o BCE estará disponível para manter os actuais níveis de apoio à República e ao sistema financeiro português. Pessoalmente, penso que o cenário mais provável é que o BCE manter o apoio até ao reforço e flexibilização do FEEF que deverá ser decidido em Março... a não ser claro que se torne evidente antes dessa data que não será possível o Conselho Europeu chegar a um acordo. Passada essa data, julgo que o cenário mais provável é ficarmos por nossa conta e ou conseguimos recuperar a confiança dos mercados ou seremos mesmo forçados a recorrer ao FEEF.
PS: Concordo com quase tudo o que o Vasco Campilho refere neste post do Albergue Espanhol, no sentido de que o famoso pacto para a competitividade pouco ou nada contribui para a resolução dos problemas fundamentais que a zona euro enfrenta actualmente e que uma solução a prazo deverá passar pelos dois primeiros passos que ele enuncia aqui ou seja por uma reestruturação da dívida dos países em dificuldades financeiras (i.e., Grécia, Irlanda e eventualmente Portugal) e pela recapitalização do sistema bancário, tendo, no entanto, dúvidas quanto à melhor forma de o fazer, nomeadamente quanto a saber se seria politicamente possível a criação de um fundo europeu para esse efeito. Não tenho nada de fundamental a opor ao 5.º passo, mas penso que politicamente será dificil alcançar o reforço do orçamento comunitário aí referido e não me parece que seja essencial no imediato. E sinceramente tenho dúvidas quanto à bondade quer dos Eurobonds quer de mecanismos de sanções automáticas quer ainda quanto à praticabilidade e eficácia do controlo dos desequilibrios macroeconómicos.
O dia de hoje foi sobretudo um "teste" dos mercados à disponibilidade e prontidão do BCE para continuar a adquirir dívida portuguesa no mercado secundário, ao qual este respondeu. Sendo curioso de notar que a intervenção terá surgido quando as taxas de juro das yields das OT's a 10 anos estavam no patamar dos 7,6% e as yields das OT's a 5 anos tinham atingido os 6,9%, sendo que ambas fecharam o dia a cair ligeiramente para 7,30% e 6,52%, respectivamente.Enquanto as yields da OT's a 2 anos fecharam com uma ligeira subida face ao dia anterior fixando-se nos 4,45%.
A questão que se coloca é até quando o BCE estará disponível para manter os actuais níveis de apoio à República e ao sistema financeiro português. Pessoalmente, penso que o cenário mais provável é que o BCE manter o apoio até ao reforço e flexibilização do FEEF que deverá ser decidido em Março... a não ser claro que se torne evidente antes dessa data que não será possível o Conselho Europeu chegar a um acordo. Passada essa data, julgo que o cenário mais provável é ficarmos por nossa conta e ou conseguimos recuperar a confiança dos mercados ou seremos mesmo forçados a recorrer ao FEEF.
PS: Concordo com quase tudo o que o Vasco Campilho refere neste post do Albergue Espanhol, no sentido de que o famoso pacto para a competitividade pouco ou nada contribui para a resolução dos problemas fundamentais que a zona euro enfrenta actualmente e que uma solução a prazo deverá passar pelos dois primeiros passos que ele enuncia aqui ou seja por uma reestruturação da dívida dos países em dificuldades financeiras (i.e., Grécia, Irlanda e eventualmente Portugal) e pela recapitalização do sistema bancário, tendo, no entanto, dúvidas quanto à melhor forma de o fazer, nomeadamente quanto a saber se seria politicamente possível a criação de um fundo europeu para esse efeito. Não tenho nada de fundamental a opor ao 5.º passo, mas penso que politicamente será dificil alcançar o reforço do orçamento comunitário aí referido e não me parece que seja essencial no imediato. E sinceramente tenho dúvidas quanto à bondade quer dos Eurobonds quer de mecanismos de sanções automáticas quer ainda quanto à praticabilidade e eficácia do controlo dos desequilibrios macroeconómicos.
BCE is back
De acordo com o blog Alphaville o BCE voltou ao mercado para comprar títulos da dívida portuguesa, fazendo recuar os yields que se mantém, no entanto, em níveis francamente elevados.
Subida das taxas de juro da dívida portuguesa
A subida que se está a registar hoje nos yields da dívida pública portuguesa constituem um sinal deveras preocupante (2 anos, 5 anos e 10 anos), na medida em que coloca as taxas de juro num patamar que ultrapassa claramente as taxas (cerca de 6%) que têm vindo a ser apontado por diversos analistas como o valor máximo a partir do qual a trajectória da dívida pública será insustentável.
Estamos pois perante um cenário em que os riscos de entrar num ciclo vicioso, que torne inevitável o recurso a auxílio externo e/ou a reestrutuiração da dívida, são muitissimo elevados. E que constitui um sério "teste" dos mercados ao BCE, que segundo tem sido noticiado tem estado ausente do mercado nas últimas semanas, e à capacidade da Europa em obter um acordo sobre o aumento do FEEF.
Estamos pois perante um cenário em que os riscos de entrar num ciclo vicioso, que torne inevitável o recurso a auxílio externo e/ou a reestrutuiração da dívida, são muitissimo elevados. E que constitui um sério "teste" dos mercados ao BCE, que segundo tem sido noticiado tem estado ausente do mercado nas últimas semanas, e à capacidade da Europa em obter um acordo sobre o aumento do FEEF.
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
Situação económica e financeira na Irlanda
Para todos os que gostem de acompanhar a evolução da situação a Irlanda, recomendo o relatório hoje divulgado pelo FMI, o qual contem um anexo com bastante informação sobre a evolução dos principais indicadores económicos que como seria de esperar não são famosos. O PIB per capita em 2010 terá sido cerca de 19,7% inferior (em termos nominais) ao de 2007, a taxa de desemprego está nos 13,3% (em 2007, era 4,6%), os preços do imobiliário ter-se-ão reduzido 40-60% (!!) e o investimento, em % do PIB, caiu de 28,0 pp, em 2006, para 11,8 pp, em 2010.
O relatório aponta para que o ponto mais baixo da recessão económica já tenha passado e que estará já em curso uma recuperação baseada num crescimento moderado das exportações.que permitiu um crescimento do PIB no 3.º trimestre face ao trimestre anterior de 0,5%. No que respeita aos objectivos orçamentais indica-se que o crescimento das receitas ficou acima do esperado e que, embora tenha havido alguma derrapagem nas despesas sociais, os objectivos fixados forma atingidos.O ponto mais vulnerável parece ser o sector financeiro que continua sob pressão, mantendo-se as dificuldades de acesso à obtenção de financiamentos nos mercados monetário e obrigacionista e os problemas com a qualidade do crédito (em Setembro a % de créditos em incumprimento rondava os 13%), referindo-se no relatório a propósito do sector bancário que:
O relatório aponta para que o ponto mais baixo da recessão económica já tenha passado e que estará já em curso uma recuperação baseada num crescimento moderado das exportações.que permitiu um crescimento do PIB no 3.º trimestre face ao trimestre anterior de 0,5%. No que respeita aos objectivos orçamentais indica-se que o crescimento das receitas ficou acima do esperado e que, embora tenha havido alguma derrapagem nas despesas sociais, os objectivos fixados forma atingidos.O ponto mais vulnerável parece ser o sector financeiro que continua sob pressão, mantendo-se as dificuldades de acesso à obtenção de financiamentos nos mercados monetário e obrigacionista e os problemas com a qualidade do crédito (em Setembro a % de créditos em incumprimento rondava os 13%), referindo-se no relatório a propósito do sector bancário que:
While the good start of the process to overhaul the Irish banking system is encouraging, the outstanding challenges are significant. Simultaneously recapitalizing, deleveraging and resolving the nonviable parts of the banking system—in a transparent and competitive manner—would be difficult even in the best of circumstances. Moreover, given that the various elements are interdependent, the inherited stress in the banking system makes implementing a comprehensive and coherent strategy a major operational challenge. For example, the deleveraging process hinges on the accuracy of the asset valuation, the difficulty of which is exacerbated due to market uncertainty.
Sobre a música dos Deolinda - Geração parva
Devo talvez começar adiantar que a música e letra não me dizem muito, que está fora de causa que os níveis de vida e de consumo são em média muito superiores aos que existiam há 15 anos atrás e que concordo que a letra pode ser interpretada como desvalorizando a importância da educação.
Dito isto, parece-me que as razões que justificam o "fenómeno" (se assim o podemos chamar) são sobretudo o facto de tocar num ponto sensível, exprimindo um certo desencanto difuso de uma (parte) de uma geração que se sente de algum modo bloqueada e desencantada pelo facto de não conseguir encontrar estabilidade no emprego que lhe permita uma vida autónoma.
Parte do problema estará nos níveis de consumo que (muitos) jovens usufruem na "casinha dos pais" e que dificilmente conseguem sustentar no início de carreira (que sempre foi dificil) levando-os a optar por adiar "Filhos, maridos" para poder pagar o carro. Verificando os resultados dos inquéritos ao emprego do INE desde 1998 verificamos no entanto um dado que de algum modo pode ajudar a explicar este desencanto. É que se em 1998 a percentagem dos trabalhadores por conta de outrem com contrato sem termo era de 82,8% (média anual), nos últimos quatro trimestres concluidos em Setembro de 2010 esse valor desceu para apenas 77,0%. Uma diferença de 5 pontos percentuais pode não parecer muito mas é um valor significativo, sobretudo pelo facto de que esse aumento ter-se-á provavelmente concentrado nos trabalhadores mais jovens que serão também já os mais afectados pelo desemprego (em % da população activa) que no mesmo período aumentou de 5% para 10,5%.
Embora não disponha de dados que o fundamentam penso, ainda, que é provável que tenha ocorrido um outro fenómeno. Enquanto até ao final da década de 90 os vínculos precários afectavam sobretudo os trabalhadores pouco qualificados, e não tanto os licenciados, desde então essa precarização passou a afectar muitos licenciados. Fruto por um lado dos efeitos da globalização a que o professor Mário Centeno se referiu na sua entrevista ao Público (ver aqui) que tem exercido pressão "no sentido de aumento do peso de dois tipos de profissões: as muito qualificadas e as pouco qualificadas” e, por outro lado, da redução das oportunidades de emprego no sector estatal que tradicionalmente absorvia uma percentagem substancial dos licenciados que iam saindo das universidades.
Dito isto, parece-me que as razões que justificam o "fenómeno" (se assim o podemos chamar) são sobretudo o facto de tocar num ponto sensível, exprimindo um certo desencanto difuso de uma (parte) de uma geração que se sente de algum modo bloqueada e desencantada pelo facto de não conseguir encontrar estabilidade no emprego que lhe permita uma vida autónoma.
Parte do problema estará nos níveis de consumo que (muitos) jovens usufruem na "casinha dos pais" e que dificilmente conseguem sustentar no início de carreira (que sempre foi dificil) levando-os a optar por adiar "Filhos, maridos" para poder pagar o carro. Verificando os resultados dos inquéritos ao emprego do INE desde 1998 verificamos no entanto um dado que de algum modo pode ajudar a explicar este desencanto. É que se em 1998 a percentagem dos trabalhadores por conta de outrem com contrato sem termo era de 82,8% (média anual), nos últimos quatro trimestres concluidos em Setembro de 2010 esse valor desceu para apenas 77,0%. Uma diferença de 5 pontos percentuais pode não parecer muito mas é um valor significativo, sobretudo pelo facto de que esse aumento ter-se-á provavelmente concentrado nos trabalhadores mais jovens que serão também já os mais afectados pelo desemprego (em % da população activa) que no mesmo período aumentou de 5% para 10,5%.
Embora não disponha de dados que o fundamentam penso, ainda, que é provável que tenha ocorrido um outro fenómeno. Enquanto até ao final da década de 90 os vínculos precários afectavam sobretudo os trabalhadores pouco qualificados, e não tanto os licenciados, desde então essa precarização passou a afectar muitos licenciados. Fruto por um lado dos efeitos da globalização a que o professor Mário Centeno se referiu na sua entrevista ao Público (ver aqui) que tem exercido pressão "no sentido de aumento do peso de dois tipos de profissões: as muito qualificadas e as pouco qualificadas” e, por outro lado, da redução das oportunidades de emprego no sector estatal que tradicionalmente absorvia uma percentagem substancial dos licenciados que iam saindo das universidades.
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
Comércio internacional e dormidas em estabelecimentos hoteleiros
De acordo com os dados divulgados pelo INE, em no último trimestre de 2010 as exportações (incluido transmissões intracomunitárias) de bens terão registado um aumento de 15,8% face ao período homólogo, enquanto as importações (incluindo aquisições intracomunitárias) aumentaram 10,3%, traduzindo-se num aumento da taxa de cobertura de 61,4% para 64,5%. O que não terá sido suficiente para impedir um ligeiro aumento do défice comercial (de 5.284 milhões de euros para 5.363 milhões). Por tipo de produtos, o maior aumento nas importações foi o dos "combustíveis e lubrificantes" (+21,3%), enquanto que nas exportações os maiores aumentos registaram-se nas rubricas "material de transporte e acessórios" (+23,5%) e "fornecimentos industriais ne" (+24,4%). Para o conjunto do ano de 2010 as exportações 15,7% aumentaram enquanto que as importações aumentaram 10,5%.
Foram igualmente divulgados as estatísticas das dormidas em estabelecimentos hoteleiros que revelam um aumento de 2,9% face a 2009 (tendo os proveitos totais aumentado 3,2%), situando-se, todavia, ainda cerca de 5,6% abaixo dos níveis registados em 2007. A evolução deste indicador por regiões revelou comportamentos bastante diferentes, pois, enquanto em Lisboa se registou um aumento de 9,3%, na Madeira verificou-se uma redução de 8,9% e no Algarve um crescimento de apenas 2,6%, sendo de assinalar que nestas duas regiões os valores de 2010 estão substancialmente abaixo dos registados em 2007 (-16,4% e 9,8% respectivamente).
Os dados revelam ainda que a evolução positiva registada em 2010 ficou-se, sobretudo, a dever aos residentes cujas dormidas aumentaram 4,0% (4,2% no Algarve). Enquanto que as dormidas de não-residentes aumentaram apenas 2,2% (2,0% no Algarve, sendo que nesta região as dormidas de não residentes se situaram 16,7% abaixo dos valores de 2007).
Por países de origem ressalta a evolução positiva de Itália (+8,6% e Espanha (+3,1%) enquanto em sentido contrário se registaram quedas na Irlanda (-4,6% face a 2009 e -20,5% face a 2007), Reino Unido (-1,8% face a 2009 e -27,8% face a 2007) e Alemanha (-1,7% face a 2009 e -14,7% face a 2007)
Foram igualmente divulgados as estatísticas das dormidas em estabelecimentos hoteleiros que revelam um aumento de 2,9% face a 2009 (tendo os proveitos totais aumentado 3,2%), situando-se, todavia, ainda cerca de 5,6% abaixo dos níveis registados em 2007. A evolução deste indicador por regiões revelou comportamentos bastante diferentes, pois, enquanto em Lisboa se registou um aumento de 9,3%, na Madeira verificou-se uma redução de 8,9% e no Algarve um crescimento de apenas 2,6%, sendo de assinalar que nestas duas regiões os valores de 2010 estão substancialmente abaixo dos registados em 2007 (-16,4% e 9,8% respectivamente).
Os dados revelam ainda que a evolução positiva registada em 2010 ficou-se, sobretudo, a dever aos residentes cujas dormidas aumentaram 4,0% (4,2% no Algarve). Enquanto que as dormidas de não-residentes aumentaram apenas 2,2% (2,0% no Algarve, sendo que nesta região as dormidas de não residentes se situaram 16,7% abaixo dos valores de 2007).
Por países de origem ressalta a evolução positiva de Itália (+8,6% e Espanha (+3,1%) enquanto em sentido contrário se registaram quedas na Irlanda (-4,6% face a 2009 e -20,5% face a 2007), Reino Unido (-1,8% face a 2009 e -27,8% face a 2007) e Alemanha (-1,7% face a 2009 e -14,7% face a 2007)
Os resultados da emissão de dívida sindicada
Segundo noticiado o IGCP colocou 3,5 mil milhões de euros em OT's a 5 anos numa emissão de sindicada em que a procura terá excedido 2,4 vezes a oferta e a taxa de juro se fixou nos 6,45%.
Esta operação demosntra que Portugal continua a ter acesso ao mercado obrigacionsta, mas a verdade é quer também revela que o custo financeiro de colocação da dívida continua em níveis muitissimo elevados como se torna evidente quando consideramos que o spread face às yields dos bunds a 5 anos ronda os 400 pontos base (diferença que para os montantes ontem colocados corresponde a um encargo anual de cerca de 140 milhões de euros), que não será sustentável indefinidamente. Não por acaso as yields das OT's a 10 anos mantêm-se claramente acima dos 7% e as das OT's a 2 anos acima dos 4%.
Se até agora o Governo tem conseguido garantir o financiamento da República recorrendo mais intensamente a alternativas de financiamento aos tradicionais leilões de OT's, a verdade é que nos mantemos na "zona de perigo" e que o recurso, ou não, ao auxílio externo (seja do FMI seja do FEEF) dependerá de quatro factores: i) a evolução das negociações a nível europeu sobre o FEEF; ii) a evolução da execução orçamental; iii) a evolução da economia portuguesa e, last but not the least, iv) a normalização da capacidade dos bancos para se obterem financiamento no mercado monetário e obrigacionista. E que, na actual situação, qualquer "derrapagem" numa destas "frentes" pode tornar inelutável o recurso ao auxílio externo que o Governo português tem, até agora, denodadamente conseguido evitar (com a preciosa ajuda, diga-se, do BCE em momentos decisivos).
Esta operação demosntra que Portugal continua a ter acesso ao mercado obrigacionsta, mas a verdade é quer também revela que o custo financeiro de colocação da dívida continua em níveis muitissimo elevados como se torna evidente quando consideramos que o spread face às yields dos bunds a 5 anos ronda os 400 pontos base (diferença que para os montantes ontem colocados corresponde a um encargo anual de cerca de 140 milhões de euros), que não será sustentável indefinidamente. Não por acaso as yields das OT's a 10 anos mantêm-se claramente acima dos 7% e as das OT's a 2 anos acima dos 4%.
Se até agora o Governo tem conseguido garantir o financiamento da República recorrendo mais intensamente a alternativas de financiamento aos tradicionais leilões de OT's, a verdade é que nos mantemos na "zona de perigo" e que o recurso, ou não, ao auxílio externo (seja do FMI seja do FEEF) dependerá de quatro factores: i) a evolução das negociações a nível europeu sobre o FEEF; ii) a evolução da execução orçamental; iii) a evolução da economia portuguesa e, last but not the least, iv) a normalização da capacidade dos bancos para se obterem financiamento no mercado monetário e obrigacionista. E que, na actual situação, qualquer "derrapagem" numa destas "frentes" pode tornar inelutável o recurso ao auxílio externo que o Governo português tem, até agora, denodadamente conseguido evitar (com a preciosa ajuda, diga-se, do BCE em momentos decisivos).
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
A entrevista de Mário Centeno ao P2
Vale a pena ler a entrevista de Mário Centeno, director-adjunto do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal sobre o mercado laboral português hoje publicada no suplemento do jornal Público. O diagnóstico não é novo, e está há muito tempo feito. Portugal tem um mercado de trabalho em dois patamares com “um conjunto de trabalhadores com um elevadíssimo nível de rotação” e um outro segmento constituído por empregos com um grau de protecção muito maior.
Desta entrevista ressalto vários pontos que me parecem fundamentais nesse diagnóstico: i) o peso contratados a prazo já muito elevado (de acordo com os resultados do inquérito ao emprego do INE, os contratados a termo correspondem a 19,4% dos assalariados – valor que aumenta para 23,2% quando consideramos os incluídos noutras situações, enquanto que os assalariados sem termo correspondem a 76,8% dos assalariados e a apenas 52,9% da população activa); ii) as distorções do mercado de trabalho provocadas pela acção do Estado que resulta “[d]essa coisa extraordinária em que o prémio salarial é muito maior nos salários mais baixos do que nos mais altos. O Estado paga muito mais do que os privados às pessoas com menores qualificações e isso distorce tudo. Incluindo o próprio Estado que não consegue atrair os bons quadros porque não lhes paga o suficiente”; iii) o (excessivo) peso dos sindicatos e dos representantes dos sectores não transaccionáveis (incluindo o próprio Estado) na contratação colectiva e na definição das políticas e legislação laborais, em que os economistas estão (quase) ausentes; iv) a tendência global, e não especificamente portuguesa, “no sentido de aumento do peso de dois tipos de profissões: as muito qualificadas e as pouco qualificadas” que faz com que quem esteja a perder neste momento sejam principalmente “a classe média, os indivíduos de qualificações médias e de rendimentos médios, que são os mais fáceis de «exportar»”.
Finalmente, revela que “O que temos não é um aumento do desemprego cíclico, é um aumento estrutural”, referindo que as estimativas do Banco de Portugal apontam para que “A taxa de desemprego natural que estimávamos em 5 pontos percentuais nos anos 90 andará à volta dos 9 por cento”. É normal que a taxa de desemprego estrutural registe um aumento em situações recessivas mas sinceramente o valor adiantado é muito superior ao que eu esperaria pois significa que a taxa de desemprego que no 3.º trimestre foi estimada em 10,9% estaria menos de 2 pontos percentuais acima da taxa natural e que uma parte substancial dos postos de trabalho “perdidos” na recessão são em grande medida “irrecuperáveis”. O que como o Professor Mário Centeno refere é um cenário assustador.
Desta entrevista ressalto vários pontos que me parecem fundamentais nesse diagnóstico: i) o peso contratados a prazo já muito elevado (de acordo com os resultados do inquérito ao emprego do INE, os contratados a termo correspondem a 19,4% dos assalariados – valor que aumenta para 23,2% quando consideramos os incluídos noutras situações, enquanto que os assalariados sem termo correspondem a 76,8% dos assalariados e a apenas 52,9% da população activa); ii) as distorções do mercado de trabalho provocadas pela acção do Estado que resulta “[d]essa coisa extraordinária em que o prémio salarial é muito maior nos salários mais baixos do que nos mais altos. O Estado paga muito mais do que os privados às pessoas com menores qualificações e isso distorce tudo. Incluindo o próprio Estado que não consegue atrair os bons quadros porque não lhes paga o suficiente”; iii) o (excessivo) peso dos sindicatos e dos representantes dos sectores não transaccionáveis (incluindo o próprio Estado) na contratação colectiva e na definição das políticas e legislação laborais, em que os economistas estão (quase) ausentes; iv) a tendência global, e não especificamente portuguesa, “no sentido de aumento do peso de dois tipos de profissões: as muito qualificadas e as pouco qualificadas” que faz com que quem esteja a perder neste momento sejam principalmente “a classe média, os indivíduos de qualificações médias e de rendimentos médios, que são os mais fáceis de «exportar»”.
Finalmente, revela que “O que temos não é um aumento do desemprego cíclico, é um aumento estrutural”, referindo que as estimativas do Banco de Portugal apontam para que “A taxa de desemprego natural que estimávamos em 5 pontos percentuais nos anos 90 andará à volta dos 9 por cento”. É normal que a taxa de desemprego estrutural registe um aumento em situações recessivas mas sinceramente o valor adiantado é muito superior ao que eu esperaria pois significa que a taxa de desemprego que no 3.º trimestre foi estimada em 10,9% estaria menos de 2 pontos percentuais acima da taxa natural e que uma parte substancial dos postos de trabalho “perdidos” na recessão são em grande medida “irrecuperáveis”. O que como o Professor Mário Centeno refere é um cenário assustador.
domingo, 6 de fevereiro de 2011
Taxas de câmbio reais e nominais
Chamar a atenção para um artigo de Krugman em que aborda a questão da relação entre as taxas de câmbio reais e nominais, referindo nomeadamente que:
A razão porque chamo a atenção para este artigo é pelo facto de se relacionar directamente com a chamada "crise do euro" na medida em que este resultado, com o qual concordo e que é empiricamente irrefutável, significa que o ajustamento externo se torna muitissimo mais dificil (e penoso nomeadamente em termos de desemprego) quando, como sucede entre os países da zona euro, não existe possibilidade de alterar a taxa de câmbio.
Poder-se-à pensar - e é essa a filosofia subjacente às posições da Comissão Europeia, BCE e da Alemanha (ver aqui) - que a solução será alterar a taxa de câmbio real via ajustamento (ou seja descida) dos preços e salários. Embora, infelizmente, talvez seja essa a única alternativa disponível face às consequências potencialmente catastróficas de uma saída do euro e à impossibilidade política de uma política orçamental federal a nível da União Europeia, o que aqueles elementos indicam é que sendo os preços (e salários) muito rígidos e tudo indicando que, em boa parte, essa rigidez é inerente ao funcionamento da economia (e não resulta de meros factores institucionais) esse ajustamento implica sacrificios muito significativos (nomeadamente em termos de desemprego e queda do produto) que, além das eventuais repercussões políticas, tenderão a gerar dificuldades acrescidas para o sistema financeiro.
If you have a classical view of the world, you would argue that nominal shocks should affect the nominal, not the real exchange rate: the real exchange rate is a real phenomenon, and money is a veil. Specifically, you’d expect any nominal shock to move the price level by the same amount that they move the exchange rate. In reality, however, what we normally see is that nominal and real exchange rates are very closely correlated.
Poder-se-à pensar - e é essa a filosofia subjacente às posições da Comissão Europeia, BCE e da Alemanha (ver aqui) - que a solução será alterar a taxa de câmbio real via ajustamento (ou seja descida) dos preços e salários. Embora, infelizmente, talvez seja essa a única alternativa disponível face às consequências potencialmente catastróficas de uma saída do euro e à impossibilidade política de uma política orçamental federal a nível da União Europeia, o que aqueles elementos indicam é que sendo os preços (e salários) muito rígidos e tudo indicando que, em boa parte, essa rigidez é inerente ao funcionamento da economia (e não resulta de meros factores institucionais) esse ajustamento implica sacrificios muito significativos (nomeadamente em termos de desemprego e queda do produto) que, além das eventuais repercussões políticas, tenderão a gerar dificuldades acrescidas para o sistema financeiro.
A subida dos preços dos bens alimentares
De acordo com o relatório mais recente divulgado pela FAO, o índice de preços dos bens alimentares registou em Janeiro o valor mais elevado da série iniciada em 1990 com um aumento de 3,4% face ao mês anterior e de cerca de 28,3% face a Janeiro de 2010. Tendo os preços dos cereais, que apesar de tudo estão ainda abaixo dos valores registados entre Fevereiro e Julho de 2008, aumentado 2,9% no último mês e cerca de 43,7% no último ano.
Como é habitual não tem faltado algumas análises a atribuir pelo menos parte da responsabilidade aos especuladores nos mercados financeiros e/ou à política monetário (demasiado) acomodatícia que teria conduzido a um aumento das expectativas de inflação. Nenhuma destas razões me parece poder constituir a principal explicação.
É naturalmente possível que a especulação, nomeadamente através dos mercados de futuros, possa conduzir a um aumento (ou descida) dos preços e eventualmente ter um efeito sobre a volatilidade. Note-se, no entanto, que as operações nos mercados de futuros (em que um operador compra a outro uma determinada quantidade para entrega futura) serão um dia liquidadas e que se nessa altura não houver procura e os preços tiverem descido esses especuladores perderão muito dinheiro. O que significa que, em geral, a evolução nos preços nos mercados de futuros tenderá a acompanhar a expectativas da oferta (produção) e procura (consumo) e que antes de "culparmos" os especuladores deveremos investigar se existem (ou não) factores fundamentais que expliquem o comportamento dos preços.
O argumento da política monetária também parece um pouco estranho. Com efeito, se podemos admitir que as expectativas de inflação levem os agentes a adquirir activos de refúgio cujo valor acompanhe o aumento dos preços. A verdade é que os receios de inflação que existem são sobretudo no médio e longo prazo, não sendo certamente muitos aqueles que anteciparão que a taxa de inflação nas prinicipais economias (EUA, zona euro e Japão) atinja valores sequer próximos dos dois dígitos nos próximos 12-18 meses. Assim, este argumento justificaria a procura de activos de longo prazo (como o ouro, imóveis, depósitos em francos suíços, etc) mas não posições no mercados de futuros que geralmente são para prazos bastante curtos.
Resta-nos enbtão olhar para os fundamentais. E a verdade é que existem factores quer do lado da oferta quer do lado da procura que parece poderem justificar, pelo menos em grande parte, a recente evolução dos preços. Do lado da oferta, as estimativas apontam para uma queda de mais de 5% na produção mundial de trigo em resultado sobretudo da redução da produção na Rússia (de 61,7 milhões de toneladas em 2009/10 para 41,5 milhões em 2010/11) e na Ucrânia (de 20,9 para 17,2 milhões de toneladas) que se explica sobretudo por razões climatéricas. E comparando as estimativas para 2010/11 com a produção em 2008/2009 vemos também descidas consideráveis nos EUA e Canadá.
Mas será uma queda de 5% da produção mundial de trigo suficiente para justificar um aumento de quase 50% nos preços dos cereais, especialmente quando a produção de arroz tem vindo a aumentar pelo que a produção global de cereais cairá "apenas" cerca de 2,7% ? Sinceramente, apesar do trigo ser apenas um dos cereais não me parece assim tão dificil acreditar que sim, na medida em que, admitindo a procura estável, estariamos a falar de uma elasticidade procura-preço de cerca entre 0,05 e 0,1, que sendo baixa não parece irrazoável para os bens em causa. Pois, nomeadamente nos países desenvolvidos, não me parece que o consumo de pão, farinhas e outros produtos derivados dos cereais ou carne (boa parte da produção mundial de cereais destina-se à alimentação de gado) seja muito sensível a variações de preço.
Como é habitual não tem faltado algumas análises a atribuir pelo menos parte da responsabilidade aos especuladores nos mercados financeiros e/ou à política monetário (demasiado) acomodatícia que teria conduzido a um aumento das expectativas de inflação. Nenhuma destas razões me parece poder constituir a principal explicação.
É naturalmente possível que a especulação, nomeadamente através dos mercados de futuros, possa conduzir a um aumento (ou descida) dos preços e eventualmente ter um efeito sobre a volatilidade. Note-se, no entanto, que as operações nos mercados de futuros (em que um operador compra a outro uma determinada quantidade para entrega futura) serão um dia liquidadas e que se nessa altura não houver procura e os preços tiverem descido esses especuladores perderão muito dinheiro. O que significa que, em geral, a evolução nos preços nos mercados de futuros tenderá a acompanhar a expectativas da oferta (produção) e procura (consumo) e que antes de "culparmos" os especuladores deveremos investigar se existem (ou não) factores fundamentais que expliquem o comportamento dos preços.
O argumento da política monetária também parece um pouco estranho. Com efeito, se podemos admitir que as expectativas de inflação levem os agentes a adquirir activos de refúgio cujo valor acompanhe o aumento dos preços. A verdade é que os receios de inflação que existem são sobretudo no médio e longo prazo, não sendo certamente muitos aqueles que anteciparão que a taxa de inflação nas prinicipais economias (EUA, zona euro e Japão) atinja valores sequer próximos dos dois dígitos nos próximos 12-18 meses. Assim, este argumento justificaria a procura de activos de longo prazo (como o ouro, imóveis, depósitos em francos suíços, etc) mas não posições no mercados de futuros que geralmente são para prazos bastante curtos.
Resta-nos enbtão olhar para os fundamentais. E a verdade é que existem factores quer do lado da oferta quer do lado da procura que parece poderem justificar, pelo menos em grande parte, a recente evolução dos preços. Do lado da oferta, as estimativas apontam para uma queda de mais de 5% na produção mundial de trigo em resultado sobretudo da redução da produção na Rússia (de 61,7 milhões de toneladas em 2009/10 para 41,5 milhões em 2010/11) e na Ucrânia (de 20,9 para 17,2 milhões de toneladas) que se explica sobretudo por razões climatéricas. E comparando as estimativas para 2010/11 com a produção em 2008/2009 vemos também descidas consideráveis nos EUA e Canadá.
Mas será uma queda de 5% da produção mundial de trigo suficiente para justificar um aumento de quase 50% nos preços dos cereais, especialmente quando a produção de arroz tem vindo a aumentar pelo que a produção global de cereais cairá "apenas" cerca de 2,7% ? Sinceramente, apesar do trigo ser apenas um dos cereais não me parece assim tão dificil acreditar que sim, na medida em que, admitindo a procura estável, estariamos a falar de uma elasticidade procura-preço de cerca entre 0,05 e 0,1, que sendo baixa não parece irrazoável para os bens em causa. Pois, nomeadamente nos países desenvolvidos, não me parece que o consumo de pão, farinhas e outros produtos derivados dos cereais ou carne (boa parte da produção mundial de cereais destina-se à alimentação de gado) seja muito sensível a variações de preço.
Desemprego nos EUA
De acordo com os dados do BLS, em Janeiro a taxa de desemprego nos EUA caiu para os 9,0% (menos 0,4 pontos percentuais do que no mês anterior) o que representa uma redução de 622 mil desempregados e corresponderia a um excelente resultado.
Infelizmente uma análkise mais detalhada dos dados não nos dá grandes razões para tanto optimismo. pois o número de empregados apenas aumentou 117 mil e aquela redução dos desempregados ficou a dever-se, sobretudo, a uma redução da população activa de 504 mil unidades, resultante de uma redução de quase 0,2 pp na taxa de participação e, curiosamente, de uma descida de 185 mil unidades da estimativa da população.
Este comportamento pouco positivo é confirmado pelos dados relativos aos empregados por conta de outrem no sector não agrícola que indicam um aumento global de apenas 36 mil (50 mil no sector privado). Numa análise mais fina verificam-se claras diferenças por sectores. Pois enquanto que o número de empregados na construção e no sector financeiro continuam em queda (em Janeiro estes sectores perderam 32 e 10 mil postos de trabalho, respectivamente) a industria e o comércio a retalho, no primeiro caso exclusivamente em virtude do aumento do emprego na produção de bens duradouros - sobretudo veículos automóveis e maquinaria, revelam um razoável dinamismo, tendo contribuído com aumentos de 49 mil e 27 mil empregados, respectivamente.
Infelizmente uma análkise mais detalhada dos dados não nos dá grandes razões para tanto optimismo. pois o número de empregados apenas aumentou 117 mil e aquela redução dos desempregados ficou a dever-se, sobretudo, a uma redução da população activa de 504 mil unidades, resultante de uma redução de quase 0,2 pp na taxa de participação e, curiosamente, de uma descida de 185 mil unidades da estimativa da população.
Este comportamento pouco positivo é confirmado pelos dados relativos aos empregados por conta de outrem no sector não agrícola que indicam um aumento global de apenas 36 mil (50 mil no sector privado). Numa análise mais fina verificam-se claras diferenças por sectores. Pois enquanto que o número de empregados na construção e no sector financeiro continuam em queda (em Janeiro estes sectores perderam 32 e 10 mil postos de trabalho, respectivamente) a industria e o comércio a retalho, no primeiro caso exclusivamente em virtude do aumento do emprego na produção de bens duradouros - sobretudo veículos automóveis e maquinaria, revelam um razoável dinamismo, tendo contribuído com aumentos de 49 mil e 27 mil empregados, respectivamente.
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
Empréstimos do FEEF para comprar títulos de dívida pública
Tem vindo a ser aventada a possibilidade de utilizar o FEEF para conceder empréstimos aos Estados-membros que eles utilizariam para adquirir no mercado a sua própria dívida. O que na prática correspondia a um refinanciamento dessa dívida que possibilitaria à Grécia, e eventualmente à Irlanda e Portugal obter um efeito semelhante ao de uma reestruturação voluntária (ou seja aceite pelos credores da dívida).
Do ponto de vista financeiro parece fazer sentido, na medida em que a taxa de juro a pagar ao FEEF fosse inferior ao yield da dívida propiciaria uma redução dos custos de financiamento que surgiria em boa parte através de uma diminuição do valor nominal da dívida.
Esta ideia apresenta, no entanto, vários problemas. Desde logo de natureza operacional, na medida em que ao comprar os títulos no mercado secundário tal tenderia a fazer subir o preço dos títulos, reduzindo a dimensão dos ganhos pretendidos. Pelo que provavelmente a melhor solução de concretizar a ideia seria através de ofertas públicas de recompra dos títulos em regime de leilão. Além disso, deve notar-se que em muitos casos os títulos estarão contabilizados por valores significativamente superiores ao das cotações dos títulos no mercado secundário o que tendencialmente reduzirá significativamente o volume de dívida que poderia ser refinanciada deste modo. Finalmente, sendo bem sucedida, esta medida implicaria um aumento substancial dos recursos ao dispor do FEEF e significaria que grande parte da dívida dos países em causa passasse a ser detida, através do FEEF, por outros Estados-Membros, os quais iriam naturalmente impor condições para esse seu auxílio.
Não é, no entanto, de estranhar que um dos principais defensores da ideia pareça ser o BCE que assim poderia, de forma indirecta, “transferir” os títulos que tem vindo a adquirir para o FEEF, retirando-os do seu balanço.
Do ponto de vista financeiro parece fazer sentido, na medida em que a taxa de juro a pagar ao FEEF fosse inferior ao yield da dívida propiciaria uma redução dos custos de financiamento que surgiria em boa parte através de uma diminuição do valor nominal da dívida.
Esta ideia apresenta, no entanto, vários problemas. Desde logo de natureza operacional, na medida em que ao comprar os títulos no mercado secundário tal tenderia a fazer subir o preço dos títulos, reduzindo a dimensão dos ganhos pretendidos. Pelo que provavelmente a melhor solução de concretizar a ideia seria através de ofertas públicas de recompra dos títulos em regime de leilão. Além disso, deve notar-se que em muitos casos os títulos estarão contabilizados por valores significativamente superiores ao das cotações dos títulos no mercado secundário o que tendencialmente reduzirá significativamente o volume de dívida que poderia ser refinanciada deste modo. Finalmente, sendo bem sucedida, esta medida implicaria um aumento substancial dos recursos ao dispor do FEEF e significaria que grande parte da dívida dos países em causa passasse a ser detida, através do FEEF, por outros Estados-Membros, os quais iriam naturalmente impor condições para esse seu auxílio.
Não é, no entanto, de estranhar que um dos principais defensores da ideia pareça ser o BCE que assim poderia, de forma indirecta, “transferir” os títulos que tem vindo a adquirir para o FEEF, retirando-os do seu balanço.
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
A decisão do BCE
Tal como era esperado o BCE manteve inalteradas a taxa de juro e no essencial da sua avaliação da situação económica. Pois embora se mostre mais optimista quanto à recuperação económica continua a considerar que os riscos são sobretudo descendentes e no que se refere à inflação que apesar de ser provavel que esta se situe acima dos 2% durante a maior parte de 2011 (actualmente está nos 2,4%) será de esperar que volte a descer no final do ano não estando em risco o objectivo de inflação abaixo mas próxima dos 2% no médio prazo. O que veio reduzir as expectativas de aumento das taxas de juro do euro antes do 3º trimestre de 2011 e se reflectiu numa ligeira depreciação do euro, nomeadamente face ao dólar.
Num comunicado que, como é habitual, é quase idêntico ao anterior ressalta ainda o tom mais duro face à necessidade de consolidação orçamental, considerando o BCE que os planos de consolidação orçamental para 2011 sejam plenamente alcançados, se necessário recorrendo a medidas adicionais, e que os estados-membros devem especificar as medida concretas de consolidação orçamental para os anos subsequntes.
Num comunicado que, como é habitual, é quase idêntico ao anterior ressalta ainda o tom mais duro face à necessidade de consolidação orçamental, considerando o BCE que os planos de consolidação orçamental para 2011 sejam plenamente alcançados, se necessário recorrendo a medidas adicionais, e que os estados-membros devem especificar as medida concretas de consolidação orçamental para os anos subsequntes.
Sobre o nível de despesa pública em Portugal (Adenda)
Em adenda ao post anterior. Uma regressão linear para os países da União Europeia (excepto o Luxemburgo por ser um clarissimo outlier) que tenha como variável explicada a despesa pública em % do PIB e como variável explicativa o PIB per capita em paridades de poder de compra (média da UE = 100), em ambos os casos para 2007 e utilizando os dados do Eurostat, dá os seguintes resultados:
Despesa Pública = 34,3123 + 0,096308 x PIB per capita PPS
(10,986) (2,973)
R2 = 0,519
O valor da constante indica a importância da influência de outros factores (nomeadamente de natureza política), mas apesar de tudo o coeficiente do PIB per capita é significativo. Com todos os caveats que este exercício implica, aplicando esta equação um país com um nível de PIB per capita igual ao de Portugal em 2007 "deveria" ter um nível de despesa pública em % do PIB de 41,8%. O que indica que em Portugal a despesa pública seria superior em 2 pontos percentuais ao que resulta desta equação.
Repare-se, no entanto, que há 9 países para os quais a diferença entre os níveis de despesa pública efectivos e aqueles que resultam da equação são superiores aos verificados em Portugal (Hungria: +9,7 pp; França: +7,6 pp; Dinamarca: + 4,7 pp; Suécia: +4,6 pp; Itália: + 3,6 pp; Grécia: + 3,4 pp; Bélgica: + 2,9 pp; Polónia: + 2,7 pp e Áustria: +2,3 pp).
Despesa Pública = 34,3123 + 0,096308 x PIB per capita PPS
(10,986) (2,973)
R2 = 0,519
O valor da constante indica a importância da influência de outros factores (nomeadamente de natureza política), mas apesar de tudo o coeficiente do PIB per capita é significativo. Com todos os caveats que este exercício implica, aplicando esta equação um país com um nível de PIB per capita igual ao de Portugal em 2007 "deveria" ter um nível de despesa pública em % do PIB de 41,8%. O que indica que em Portugal a despesa pública seria superior em 2 pontos percentuais ao que resulta desta equação.
Repare-se, no entanto, que há 9 países para os quais a diferença entre os níveis de despesa pública efectivos e aqueles que resultam da equação são superiores aos verificados em Portugal (Hungria: +9,7 pp; França: +7,6 pp; Dinamarca: + 4,7 pp; Suécia: +4,6 pp; Itália: + 3,6 pp; Grécia: + 3,4 pp; Bélgica: + 2,9 pp; Polónia: + 2,7 pp e Áustria: +2,3 pp).
Sobre o nível de despesa pública em Portugal
A propósito deste post, embora o gráfico esteja representado com os eixos ao contrário do habitual e mesmo descontando o facto de as comparações internacionais nestes domínios serem complicadas pelo facto de os dados não serem absolutamente comparáveis, se alguma conclusão que podemos retirar é que, pelo menos dentro de certos limites dos quais, aliás, segundo o gráfico não estaremos muito longe, o nível de despesa pública é em grande medida uma questão política. (Nota: Existe também uma questão técnica que tem a ver com o chamado efeito Balassa-Samuelson, mas que não invalida esta conclusão geral).
A questão não é tanto qual o nível de despesa pública que a nossa produção de riqueza permite, mas mais qual o nível de despesa que estamos dispostos a pagar através dos nossos impostos (e não vale responder que deviamos aumentar is impostos dos outros) e os efeitos que esses impostos poderão ter sobre o crescimento económico.
Pois é igualmente errado concluir automaticamente que se, por exemplo, a França ou os países nórdicos (que segundo o gráfico não será assim tão evidente pois se excluirmos os EUA e o Japão o nível de despesa pública na Suécia e Dinamarcaserá próximo ou até inferior não parece estar assim tão distante daquele que seria de "esperar" dado os seus níveis de PIB per capita) têm níveis de despesa pública elevada e níveis de PIB per capita elevados nós também poderiamos. O mais provável é que estes países consigam ter níveis de produto e despesa pública elevados porque são mais produtivos e enquanto sociedade consideram que o Estado deve ter um papel mais importante na economia e na sociedade do que, por exemplo, os norte-americanos e estão dispostos a pagar mais impostos. Faz-me recordar um provérbio segundo o qual: "Os ricos fumam charutos, mas ninguém enriquece por fumar charutos".
A questão não é tanto qual o nível de despesa pública que a nossa produção de riqueza permite, mas mais qual o nível de despesa que estamos dispostos a pagar através dos nossos impostos (e não vale responder que deviamos aumentar is impostos dos outros) e os efeitos que esses impostos poderão ter sobre o crescimento económico.
Pois é igualmente errado concluir automaticamente que se, por exemplo, a França ou os países nórdicos (que segundo o gráfico não será assim tão evidente pois se excluirmos os EUA e o Japão o nível de despesa pública na Suécia e Dinamarca
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
Leilão de Bilhetes do Tesouro
O IGCP colocou hoje 455 milhões de euros em BT’s a 6 meses (BT 19AGO2011) a uma taxa média de 2,984% e 800 milhões de euros em BT’s a 12 meses (BT 20JAN2012) a uma taxa média de 3,71%.
Estes resultados representam uma melhoria significativa das condições de financiamento uma vez que nos últimos leilões de emissões semelhantes as taxas médias haviam sido de 3,686% (leilão de BT 22JUL2011 realizado em 7 de Janeiro) e 4,029% (leilão de BT 20JAN2012 realizado em 19 de Janeiro), respectivamente. E estão a permitir algum alívio dos yields das OT's a 10 anos (para valores abaixo do 6,8%) e das OT's a 5 anos (para valores abaixo do 6%).
Estes resultados representam uma melhoria significativa das condições de financiamento uma vez que nos últimos leilões de emissões semelhantes as taxas médias haviam sido de 3,686% (leilão de BT 22JUL2011 realizado em 7 de Janeiro) e 4,029% (leilão de BT 20JAN2012 realizado em 19 de Janeiro), respectivamente. E estão a permitir algum alívio dos yields das OT's a 10 anos (para valores abaixo do 6,8%) e das OT's a 5 anos (para valores abaixo do 6%).
terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
ISM de Janeiro
O relatório do Institue for Supply Management hoje divulgado indicou uma subida de 2,3 pontos para 60,8 pontos do indice de actividade da industria transformadora, o que corresponde ao valor mais elevado desde Maio de 2004 e indica uma continuação da expansão robusta do sector industrial nos EUA, sendo de destacar a forte subida de 5,8 pontos (para 67,8) do índice de novas encomendas , a subida de 2,8 pontos (para 61,7) da componente emprego e a subida de 7,5 pontos (para 62,0) na componente exportações.
Este relatório tem no entanto um elemento que pode ser algo preocupante. A componente preços aumentou 9,0 pontos situando-se agora nos 81,5 pontos e um dos aspectos focados em várias das respostas é o aumento dos preços das matérias-primas.
Este relatório tem no entanto um elemento que pode ser algo preocupante. A componente preços aumentou 9,0 pontos situando-se agora nos 81,5 pontos e um dos aspectos focados em várias das respostas é o aumento dos preços das matérias-primas.
A situação do crédito bancário em Portugal
Os resultados do Inquérito aos bancos sobre o mercado de crédito de Janeiro de 2011 revela que o crédito aos particulares e, sobretudo, às empresas tornaram-se mais restritivos nos últimos três meses e que os bancos prevêem que essa tendência irá continuar nos próximos meses.
De acordo com o mesmo inquérito esse aumento da restritividade resulta, sobretudo, ao aumento do custo do capital e restrições do balanço dos bancos relacionadas, nomeadamente, com as condições de financiamento dos bancos no mercado e à percepção pelos do risco face às expectativas de evolução da actividade económica. O que tem-se reflectido quer no aumento dos spreads, quer no aumento das exigências de garantias quer, ainda, numa redução da maturidade dos empréstimos concedidos.
Este inquérito confirma a percepção geral de que a conjugação das dificuldades com que os bancos portugueses se defrontam para se financiarem nos mercados monetário e obrigacionista, restando como fontes de financiamento os depósitos e o recurso ao banco central europeu (que permanece em níveis muito elevados) com os potenciais efeitos da redução da procura interna sobre a própria qualidade dos créditos dos bancos (que de algum modo se encontra relacionada e reforça aquelas dificuldades) está a implicar um aumento significativo da restritividade na concessão de crédito que tem contribuído para a fortíssima desaceleração do crescimento dos agregados de crédito. O que, dada a especial dependência da banca como fonte de financiamento, irão tornar ainda mais difícil a recuperação do investimento empresarial. Note-se que o crédito ao sector privado não financeiro cresceu apenas cerca de 1,7% entre Novembro de 2009 e Novembro de 2010 (aqui).Tendência que será de esperar venha a manter-se nos próximos meses dado que as expectativas dos bancos são de que as condições para concessão de crédito se tornem ainda mais restritivas nos próximos meses, pelo que poderá vir a verificar-se um decréscimo do volume de crédito ao sector privado não financeiro em 2011.
Apesar disso a percentagem de empresas que de acordo com o inquérito ao investimento aponta o nível de taxas de juro e a dificuldade de obter crédito como o principal factor limitativo ao investimento em 2011 é relativamente reduzida (apenas 4,0% e 7,8%, respectivamente) - ver aqui - e que a percentagem de empresas da industria transformadora que identifica o acesso ao crédito como o principal obstáculo limitativo à actividade situa-se em níveis ligeiramente acima mas próximos da média registada desde 1994. No entanto, o mesmo já não se verifica no sector da construção e obras públicas onde mais de 44% das empresas identifica as dificuldades de acesso ao crédito como um obstáculo à actividade (face a um valor médio desde 1997 de cerca de 13%) e nos serviços (5,7% identifica o acesso ao crédito como um obstáculo à actividade face a uma média, desde 2001, de apenas 1,6%) (ver aqui).
De acordo com o mesmo inquérito esse aumento da restritividade resulta, sobretudo, ao aumento do custo do capital e restrições do balanço dos bancos relacionadas, nomeadamente, com as condições de financiamento dos bancos no mercado e à percepção pelos do risco face às expectativas de evolução da actividade económica. O que tem-se reflectido quer no aumento dos spreads, quer no aumento das exigências de garantias quer, ainda, numa redução da maturidade dos empréstimos concedidos.
Este inquérito confirma a percepção geral de que a conjugação das dificuldades com que os bancos portugueses se defrontam para se financiarem nos mercados monetário e obrigacionista, restando como fontes de financiamento os depósitos e o recurso ao banco central europeu (que permanece em níveis muito elevados) com os potenciais efeitos da redução da procura interna sobre a própria qualidade dos créditos dos bancos (que de algum modo se encontra relacionada e reforça aquelas dificuldades) está a implicar um aumento significativo da restritividade na concessão de crédito que tem contribuído para a fortíssima desaceleração do crescimento dos agregados de crédito. O que, dada a especial dependência da banca como fonte de financiamento, irão tornar ainda mais difícil a recuperação do investimento empresarial. Note-se que o crédito ao sector privado não financeiro cresceu apenas cerca de 1,7% entre Novembro de 2009 e Novembro de 2010 (aqui).Tendência que será de esperar venha a manter-se nos próximos meses dado que as expectativas dos bancos são de que as condições para concessão de crédito se tornem ainda mais restritivas nos próximos meses, pelo que poderá vir a verificar-se um decréscimo do volume de crédito ao sector privado não financeiro em 2011.
Apesar disso a percentagem de empresas que de acordo com o inquérito ao investimento aponta o nível de taxas de juro e a dificuldade de obter crédito como o principal factor limitativo ao investimento em 2011 é relativamente reduzida (apenas 4,0% e 7,8%, respectivamente) - ver aqui - e que a percentagem de empresas da industria transformadora que identifica o acesso ao crédito como o principal obstáculo limitativo à actividade situa-se em níveis ligeiramente acima mas próximos da média registada desde 1994. No entanto, o mesmo já não se verifica no sector da construção e obras públicas onde mais de 44% das empresas identifica as dificuldades de acesso ao crédito como um obstáculo à actividade (face a um valor médio desde 1997 de cerca de 13%) e nos serviços (5,7% identifica o acesso ao crédito como um obstáculo à actividade face a uma média, desde 2001, de apenas 1,6%) (ver aqui).
Subscrever:
Mensagens (Atom)