Uma das polémicas mais interessantes actualmente é saber em que medida o desemprego nos EUA resulta de uma desadequação (mismatch) entre a oferta e a procura de trabalho relacionada com uma alteração da estrutura da economia americana ou de uma redução da procura agregada.
Este tema que tem implicações importantes nomeadamente para a aferição do produto potencial dos EUA e para a consequente definição das políticas económicas mais adequadas na situação actual foi objecto de um post recente de Krugman em que este apresentando o rácio do desempregados por ocupação anterior em 2010 face a 2007 chega à conclusão de que não terá existido qualquer quebra estrutural e que portanto o nível de desemprego actual seria explicado não por questões estruturais, mas sim pela redução da procura agregada.
No entanto, se em vez destes dados utilizarmos a evolução do emprego encontramos dados que dão uma imagem mais matizada. Com efeito, de acordo com os dados do BLS, entre 2007 e 2010 a queda do emprego no sector privado terá sido de cerca de 7,0%, enquanto a redução do emprego no sector da construção foi de 27,6%. O que significa que do total de 8,041 milhões de empregos perdidos 2,104 milhões (ou seja 26% do total) correspondem à redução do emprego no sector da construção, tendo o peso do emprego neste sector no total do emprego no sector privado reduzido-se de cerca de 6,6% para 5,1%. Se considerarmos que além da construção existem outros sectores como o da informação e dos serviços financeiros onde a queda do emprego (respectivamente 10,6% e 8,5%) foi mais intensa e relativamente aos quais existem razões para supor que uma parte da redução do emprego terá um carácter estrutural.
O que não sendo suficiente para invalidar inteiramente a tese de Krugman de que a maior parte da queda do emprego (aumento do desemprego) se explica pela redução da procura agregado, parece indicar claramente que as razões estruturais terão tido uma importância não negligenciável na redução do emprego nos EUA.
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