Tem vindo a ser aventada a possibilidade de utilizar o FEEF para conceder empréstimos aos Estados-membros que eles utilizariam para adquirir no mercado a sua própria dívida. O que na prática correspondia a um refinanciamento dessa dívida que possibilitaria à Grécia, e eventualmente à Irlanda e Portugal obter um efeito semelhante ao de uma reestruturação voluntária (ou seja aceite pelos credores da dívida).
Do ponto de vista financeiro parece fazer sentido, na medida em que a taxa de juro a pagar ao FEEF fosse inferior ao yield da dívida propiciaria uma redução dos custos de financiamento que surgiria em boa parte através de uma diminuição do valor nominal da dívida.
Esta ideia apresenta, no entanto, vários problemas. Desde logo de natureza operacional, na medida em que ao comprar os títulos no mercado secundário tal tenderia a fazer subir o preço dos títulos, reduzindo a dimensão dos ganhos pretendidos. Pelo que provavelmente a melhor solução de concretizar a ideia seria através de ofertas públicas de recompra dos títulos em regime de leilão. Além disso, deve notar-se que em muitos casos os títulos estarão contabilizados por valores significativamente superiores ao das cotações dos títulos no mercado secundário o que tendencialmente reduzirá significativamente o volume de dívida que poderia ser refinanciada deste modo. Finalmente, sendo bem sucedida, esta medida implicaria um aumento substancial dos recursos ao dispor do FEEF e significaria que grande parte da dívida dos países em causa passasse a ser detida, através do FEEF, por outros Estados-Membros, os quais iriam naturalmente impor condições para esse seu auxílio.
Não é, no entanto, de estranhar que um dos principais defensores da ideia pareça ser o BCE que assim poderia, de forma indirecta, “transferir” os títulos que tem vindo a adquirir para o FEEF, retirando-os do seu balanço.
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