Uma das ideias correntes é da que ao contrário do que ocorreu em outros países como a Irlanda, a Espanha, o Reino Unido ou os EUA, Portugal não teve uma bolha imobiliária.
A evolução dos fogos novos concluídos no Continente, desde 1994, revela no entanto uma história um pouco diferente. O número de fogos construídos mais do que duplicou entre 1994 e 2002 para depois cair, atingindo em 2009 valores próximos dos registados no inicio do período. E com base nos indicadores sobre a produção do sector construção divulgados na quinta-feira pelo INE, essa tendência terá continuado em 2010 com uma redução média de 12,7%, face aos valores de 2009, da construção de edifícios. Sendo de assinalar que a produção deste subsector reduziu-se em todos os anos desde 2001 até 2010. E que, em termos de média anual, o índice da construção de edifícios situou-se, em 2010, nos 66,0 (2005 = 100), o que representa uma queda acumulada de 46,4% face ao valor médio de 123,2 que corresponde ao ano de 2001.
Dados que parecem desmentir a tese de que Portugal não terá tido uma bolha imobiliária. Apesar disso, julgo que existe algumas diferenças face aos outros países mencionados. Em primeiro lugar, no caso português a queda da produção no sector da construção foi, apesar de tudo, bastante gradual - em termos de imagem poderemos dizer que em Portugal a bolha não rebentou, foi-se esvaziando. O que permitiu que a oferta se fosse ajustando à contracção da procura, pelo que contrariamente ao que sucedeu noutros países o ajustamento parece, pelo menos até agora, ter sido feito mais pelas quantidades e não tanto pelos preços, o que permitiu que os seus efeitos sobre os balanços das famílias e sobre a qualidade do crédito hipotecário não fossem tão gravosos.
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