Os resultados do Inquérito aos bancos sobre o mercado de crédito de Janeiro de 2011 revela que o crédito aos particulares e, sobretudo, às empresas tornaram-se mais restritivos nos últimos três meses e que os bancos prevêem que essa tendência irá continuar nos próximos meses.
De acordo com o mesmo inquérito esse aumento da restritividade resulta, sobretudo, ao aumento do custo do capital e restrições do balanço dos bancos relacionadas, nomeadamente, com as condições de financiamento dos bancos no mercado e à percepção pelos do risco face às expectativas de evolução da actividade económica. O que tem-se reflectido quer no aumento dos spreads, quer no aumento das exigências de garantias quer, ainda, numa redução da maturidade dos empréstimos concedidos.
Este inquérito confirma a percepção geral de que a conjugação das dificuldades com que os bancos portugueses se defrontam para se financiarem nos mercados monetário e obrigacionista, restando como fontes de financiamento os depósitos e o recurso ao banco central europeu (que permanece em níveis muito elevados) com os potenciais efeitos da redução da procura interna sobre a própria qualidade dos créditos dos bancos (que de algum modo se encontra relacionada e reforça aquelas dificuldades) está a implicar um aumento significativo da restritividade na concessão de crédito que tem contribuído para a fortíssima desaceleração do crescimento dos agregados de crédito. O que, dada a especial dependência da banca como fonte de financiamento, irão tornar ainda mais difícil a recuperação do investimento empresarial. Note-se que o crédito ao sector privado não financeiro cresceu apenas cerca de 1,7% entre Novembro de 2009 e Novembro de 2010 (aqui).Tendência que será de esperar venha a manter-se nos próximos meses dado que as expectativas dos bancos são de que as condições para concessão de crédito se tornem ainda mais restritivas nos próximos meses, pelo que poderá vir a verificar-se um decréscimo do volume de crédito ao sector privado não financeiro em 2011.
Apesar disso a percentagem de empresas que de acordo com o inquérito ao investimento aponta o nível de taxas de juro e a dificuldade de obter crédito como o principal factor limitativo ao investimento em 2011 é relativamente reduzida (apenas 4,0% e 7,8%, respectivamente) - ver aqui - e que a percentagem de empresas da industria transformadora que identifica o acesso ao crédito como o principal obstáculo limitativo à actividade situa-se em níveis ligeiramente acima mas próximos da média registada desde 1994. No entanto, o mesmo já não se verifica no sector da construção e obras públicas onde mais de 44% das empresas identifica as dificuldades de acesso ao crédito como um obstáculo à actividade (face a um valor médio desde 1997 de cerca de 13%) e nos serviços (5,7% identifica o acesso ao crédito como um obstáculo à actividade face a uma média, desde 2001, de apenas 1,6%) (ver aqui).
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