quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Sobre o nível de despesa pública em Portugal

A propósito deste post, embora o gráfico esteja representado com os eixos ao contrário do habitual e mesmo descontando o facto de as comparações internacionais nestes domínios serem complicadas pelo facto de os dados não serem absolutamente comparáveis, se alguma conclusão que podemos retirar é que, pelo menos dentro de certos limites dos quais, aliás, segundo o gráfico não estaremos muito longe, o nível de despesa pública é em grande medida uma questão política. (Nota: Existe também uma questão técnica que tem a ver com o chamado efeito Balassa-Samuelson, mas que não invalida esta conclusão geral).

A questão não é tanto qual o nível de despesa pública que a nossa produção de riqueza permite, mas mais qual o nível de despesa que estamos dispostos a pagar através dos nossos impostos (e não vale responder que deviamos aumentar is impostos dos outros) e os efeitos que esses impostos poderão ter sobre o crescimento económico.

Pois é igualmente errado concluir automaticamente que se, por exemplo, a França ou os países nórdicos (que segundo o gráfico não será assim tão evidente pois se excluirmos os EUA e o Japão o nível de despesa pública na Suécia e Dinamarca será próximo ou até inferior não parece estar assim tão distante daquele que seria de "esperar" dado os seus níveis de PIB per capita) têm níveis de despesa pública elevada e níveis de PIB per capita elevados nós também poderiamos. O mais provável é que estes países consigam ter níveis de produto e despesa pública elevados porque são mais produtivos e enquanto sociedade consideram que o Estado deve ter um papel mais importante na economia e na sociedade do que, por exemplo, os norte-americanos e estão dispostos a pagar mais impostos. Faz-me recordar um provérbio segundo o qual: "Os ricos fumam charutos, mas ninguém enriquece por fumar charutos".

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