O questionário do Parlamento Europeu ao futuro presidente do BCE é um documento extremamente interessante para ilustrar os dilemas que a Europa enfrenta.
Em resposta a uma das questões do questionário do Parlamento Europeu o futuro presidente do BCE considera que "a sovereign debt restructuring would imply severe financial and macroeconomic risks. A restructuring in a euro area member state poses a significant risk of destabilising the financial system, with severe consequences for the growth outlook of the euro area. Finally, significant spill-over effects on other euro area countries cannot be excluded, with a negative impact on confidence and expectations of further restructuring in the country concerned or elsewhere. Doubts about debt sustainability and higher spreads could emerge across euro area countries." (meu sublinhado).
Considerando que "The way forward to solving any sovereign debt crisis in the euro area relies on fiscal discipline and consolidation when needed. More specifically, countries should maintain ambitious consolidation efforts until excessive deficits are corrected, clearly specifying the underlying tax and spending measures as soon as possible. Fiscal governance should be strengthened (adopting stringent multi-annual fiscal rules with sanctions in case of noncompliance) to foster credibility of the fiscal target in later years. In case of countries under EU/IMF programmes, full implementation of the programme is envisaged as the only way for the country to regain fiscal discipline and credibility vis-à-vis its debt holders. Economic reforms to stimulate competitiveness and growth are also crucial."
Tornando claro que, para o BCE a hipótese de restruturação não se coloca não existindo qualquer alternativa à política orçamental restritiva dos países para garantir a sustentabilidade das finanças públicas e forçar o ajustamento (descida) de preços e salários para recuperar a competitividade.
Num quadro em que os mercados parecem não acreditar na capacidade da Grécia (e também Irlanda e Portugal) conseguirem voltar a (re)financiarem-se no mercado nos prazos previstos nos programas de ajustamento, e em que apareentemente os alemães recusam em prolongar os programas de ajuda sem que os investidores partilhem os custos o espaço para uma possível solução parece cada vez mais estreito com consequência sobre os yields da dívida pública portuguesa que seguem hoje uma vez mais em alta.
E se é verdade que o impacto destas variações não tem grande significado para o financiamento do Estado (que, pelo menos até 2012, está assegurado pelo programa de assistência esxterna) a verdade é que esta evolução negativa afecta a capacidade das empresas portuguesas - e, em especial, dos bancos portugueses - conseguirem (re)financiar-se nos mercados o que agrava (ainda mais) as perspectivas para a actividade económica portuguesa nos próximos trimestres.
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