"Num momento em que Portugal atravessa uma situação particularmente difícil, estabeleceu-se entre os responsáveis políticos um estranho consenso: temos que apostar na agricultura. São os mesmos que disseram que tinhamos que apostar nas auto-estradas, na Expo 98, na construção de estádios, na tecnologia, na educação e no TGV, mas nunca cuidaram de garantir que as apostas seriam sustentáveis. É mais uma de uma longa lista de “apostas”, “prioridades nacionais” e “opções estratégicas”. Desta vez mandam-nos cavar para o campo. A sugestão revela uma grande ignorância sobre as condições de Portugal para a agricultura, sobre o papel da agricultura num país desenvolvido (sempre menos de 3% do PIB) e sobre o princípio das vantagens comparativas. Tenho 2 sugestões, primeiro, não tentem dizer-nos o que fazer, segundo, façam bem o que vos compete."
PS: Nada tenho contra a agricultura, que não obstante o seu peso no PIB (de acordo com o INE o VAB do sector da agricultura, silvicultura e pesca corresponde a apenas cerca de 2,3% do PIB), cujo desenvolvimento poderá contribuir para um melhor aproveitamento dos recursos, aumento do emprego e redução do défice externo (de acordo com o INE o défice da balança de bens alimentares incluindo produtos transformados corresponde a cerca de 2% do PIB valor que não é despiciendo), mas para além de não ser evidente do ponto de vista económico (a haver razões serão sobretudo de natureza estratégica)que um país deva ter a "balança alimentar" equilibrada e, sobretudo, ter, em geral, uma posição de cepticismo quanto à subsidiação das actividades económicas, importa não esquecer que o essencial da política agrícola e de pescas é hoje em dia definida a nível comunitário.
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