sábado, 25 de junho de 2011

Ler os Outros: A Pior Opção - Rui Ramos

Recomendo a excelente crónica do Rui Ramos no Expresso de hoje em que analisa de forma lúcida as alternativas aos «programas» de receber assistência financeira celebrados pela Grécia, Irlanda e Portugal com a chamada troika.

Começando pela «europerização» da dívida, Rui Ramos considera que "Não há acrescento de «solidariedade» ou de «integração» que apague os Estados e nações da Europa de hoje. Seja qual for o quadro institucional europeu, continuará a haver eleitorados nórdicos pouco inclinados a arriscar as suas poupanças ou o seu crédito para proporcionar às populações meridionais um nível de vida que estas não conseguem ou não querem pagar só com o seu trabalho. Um «governo económico europeu», para evitar revoltas setentrionais teria de fazer como a Comissão Europeia e o BCE hoje, e submeter as suas províncias do sul a curas rigorosas. Ou seja, a federalização da nossa dívida implicaria mais - e não menos - cortes e mudanças."

Quanto à hipótese de renegociação da dívida Rui Ramos alerta que os nossos credores (e é importante não esquecer que a nossa dívida será cada vez detida pelo FMI e os nossos parceiros europeus) iriam exigir "austeridade e liberalização da economia, tudo inspeccionado por eles" , admitindo que "Talvez a renegociação da dívida ou outro tipo de apoio europeu venham a ser necessários. Mas nunca servirão para nos poupar à dieta e à ginástica do programa em curso".

Finalmente, quanto à proposta de saída do euro defendida por Professor João Ferreira do Amaral, Rui Ramos recorda que para além dos custos económicos de "redução de 30% do poder de compra, a restrição na liberdade de circulação de capitais, etc. Há, no entanto, um outro preço, simbólico, a considerar. Nesta década o euro serviu para nos endividarmos. Mas a ideia da adesão foi outra: a de fazer Portugal um país monetariamente credível e forçá-lo a competir de outra maneira, sem recorrer a desvalorizações, isto é, a salários baixos. Desistir do euro seria, também, desistir disso".

Concluindo que "Como no dito célebre, o programa da troika é a pior opção - com excepção de todas as outras".

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