O anúncio pelo governo de novas medidas de austeridade para 2013 e 2014 conduziu a uma dramatização da situação política e social em que, a somar às críticas dos partidos mais à esquerda e da CGTP, o PS e a UGT deram claros sinais não apenas de demarcação mas, mais do que isso, de de oposição ativa contra essas políticas o que prenuncia um agravamento da conflitualidade política e social.
Estas mesmas medidas têm, ainda, sido objeto de duras críticas quer das confederações empresarias quer de personalidades conotadas com os dois partidos da maioria parlamentar que apoia o governo.
O largo consenso político e social que tem caracterizado o processo de ajustamento português parece, assim, (irremediavelmnete ?) comprometido e um crescente número de vozes da área do PS a expressar publicamente desejos de uma crise política.
Neste contexto, o CDS-PP, nomeadamente através do seu líder, tem-se pautado por uma posição de apoio dúbio às posições do governo. Embora me pareça que esta posição constitui meramente uma opção tática - destinada a ganhar tempo e obter em sede de preparação do OE para 2013 algumas vantagens que permitam de algum modo salvar a posição em que se colocou ao declarar de forma tão prematura quanto incisiva a sua oposição a um novo agravamento da carga fiscal - a verdade é que contribui para alimentar as notícias da existência de discordâncias no seio da coligação.
Ora, uma crise política nesta altura seria manifestamente imprudente, não só pela inexistência de uma alternativa política ao atual governo como, também, pelos reflexos e consequências que, como o exemplo da Grécia demonstra, tal situação certamente teria junto dos nossos parceiros europeus e dos mercados. Com efeito, independentemente das discordâncias que tenhamos relativamente às medidas anunciadas, a verdade é que uma crise política no atual contexto apenas poderia contribuir para um agravamento da situação económica, financeira e social em Portugal.
Portugal não só não precisa, como dificilmente suportaria as consequências de uma crise política neste momento.
Resta-nos desejar que se verifique uma rápida clarificação da posição do CDS-PP e que seja, ainda, possível manter vias de diálogo entre, por um lado, o governo e, por outro lado, os parceiros sociais e o PS, que, não obstante o inevitável voto do PS contra a prposta de lei do OE para 2013, evite uma radicalização das posições e mantenha a conflitualidade política e social em níveis razoáveis.
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