quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Um país que ninguém quer governar ?




Portugal é hoje um país numa situação económica e financeira grave, com o PIB em queda ininterrupta há sete trimestres - apesar do excelente comportamento das esportações - e o desemprego próximo dos 15%, com rácios de endividamento público e de endividamento externo dos mais elevados do mundo.

Apesar de melhorias significativas nas contas externas e de alguns progressos na consolidação das contas públicas a verdade é que o esforço de contenção orçamental que será necessário concretizar em 2013 e 2014 é enorme e que as perspetivas para a evolução da atividade económica e o desemprego não são positivas.

Neste contexto, a verdade é que os partidos portugueses parecem cada vez mais relutantes em participar em qualquer solução governativa, esforçando-se denodadamente para se demarcarem da ação governativa e aguardando por momentos mais propícios.

Chegámos, assim, a uma situação em que o líder do PS ao mesmo tempo em que anunuciou o voto contra o Orçamento do Estado para 2013 e uma moção de censura ao governo recusa não só qualquer participação numa solução governativa sem eleições (o que razoável) como também afirma que uma eventual situação de rutura política será da exclusiva responsabilidade dos partidos da maioria, confessando assim que espera que a apresentação da moção de censura não produza os resultados que supostamente visa.

Do outro lado, o líder do segundo partido da coligação veio demarcar publicamente de uma decisão do governoa, no dia a seguir a uma gigantesca manifestação de protesto,  afirmando que estava contra essa medida e que apenas a "não bloqueou" em nome do interesse nacional e um PSD, em clara queda nas intenções de voto, no qual é evidente o crescendo de vozes dissonantes com a ação governtaiva e cujo primeiro-ministro surge nas notícias como tendo equacionado apresentar a sua demissão, intenção que apenas não terá concretizado por razões de responsabilidade nacional.

Neste contexto, urge que da reunião entre as lideranças dos dois partidos da coligação surja rapidamente uma clarificação da situação da coligação e um consenso relativamente à estratégia de consolidação orçamental com a qual os dois partidos se sintam inteiramente comprometidos, é desfazer a ideia de que os partidos se sentem desconfortáveis e incapazes para assumir as responsabilidades de governação do país na atual conjuntura.

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