terça-feira, 29 de março de 2011

As "projecções" do Banco de Portugal para a economia portuguesa

As projecções do Boletim de Primavera do Banco de Portugal apontam para um recuo do PIB de 1,4% em 2011 e um aumento do PIB de 0,3% em 2012. O que significa que as projecções se mantêm praticamente inalteradas face às divulgadas no Boletim de Inverno onde se apontava para uma evolução do PIB de -1,3% em 2011 e 0,6% em 2012.

Note-se, no entanto, que o Banco de Portugal adverte que "os resultados das projeções agora publicados apenas consideram as medidas orçamentais bem especificadas e já aprovadas, designadamente no âmbito do Orçamento de Estado para 2011. Neste contexto, importa sublinhar que a evolução orçamental subjacente ao presente exercício não reflete todas as medidas necessárias ao cumprimento dos exigentes objetivos orçamentais assumidos pelo Estado português para 2011 e, em particular, para 2012. Em 2011 persistem riscos de implementação não negligenciáveis que decorrem, inter alia, do grau de consolidação orçamental numa magnitude sem precedente. Em 2012, o conjunto de medidas adicionais de caráter permanente necessárias para alcançar o objetivo assumido pelas autoridades atinge uma dimensão muito substancial. A adoção dessas medidas implica uma nova contração significativa da atividade económica, à semelhança do projetado para 2011." (meu sublinhado) O que, traduzindo, significa que a queda do produto em 2011 será superior à agora projectada e que em 2012 teremos uma recessão  novamente uma queda do PIB.
Mais, o Banco de Portugal refere, ainda, que "a atual projeção não considera ainda o inevitável processo de desalavancagem do setor privado, incluindo do sistema bancário" (meu sublinhado).

Ou seja, por mau que o cenário possa parecer a realidade será certamente significativamente pior...

PS: Note-se, ainda, que de acordo com as "projecções" agora avançadas o défice da balança corrente e de capital mantém-se acima dos 8% do PIB em 2011 e 2012. O que representa, aliás, uma deterioração face aos valores do Boletim de Inverno que reflecte "não só o expressivo aumento do preço das matérias-primas energéticas, como também um crescimento robusto do preço das matérias-primas não energéticas e dos preços dos bens manufaturados" como o alargamento do défice da balança de rendimentos "refletindo a deterioração continuada da posição de investimento internacional e a subida dos custos de financiamento".

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