De acordo com a informação disponibilizada pela EBA, os testes de stress que serão publicados em Junho do corrente de ano, serão conduzidos tendo por base os dados de balanço consolidados com referência a 31 de Dezembro de 2010 e a aplicação dos cenários por um período de 2 anos (2011 e 2012) e visam estimar os efeitos ddas variáveis macroeconómicas - PIB, desemprego, taxas de juro, preço do imobiliário, evolução do mercado de acções e das taxas de câmbio - sobre o capital dos bancos, partindo de um cenário base que está em linha com aquelas que são as previsões da Comissão Europeia (para a zona euro: crescimento de 1,5% em 2011 e 1,8% em 2012, redução gradual dos défices públicos e do desemprego e inflação média de 1,75%), sobre o qual se aplicam choques externos que se traduzem num "cenário adverso" hipotético.
Deve-se dizer que o "cenário adverso" é bastante exigente correspondendo, por exemplo, para Portugal a um cenário hipotético de redução do PIB de 3% em 2011 e 2,6% em 2019, uma taxa de desemprego de 12,9% no final de 2012, taxa de juro de longo prazo acima dos 9% em ambos os anos e uma queda dos preços do imobiliário (residencial) de 2,9% em 2011 e 8,4% em 2012 e uma queda das cotações em bolsa de cerca de 15%. Sendo certo que é sempre possível imaginar situações em que estas variáveis poderão assumir valores ainda mais adversos parece-me um cenário razoavelmente pessimista para os efeitos pretendidos.
A grande questão dos resultados de stress e a razão pelo qual os mesmos dificilmente serão considerados como satisfatórios por muitos investidores não serão pois tanto os cenários considerados, mas o que não é testado. Com efeito, nos testes em causa não será explicitamente analisado o risco de liquidez - que muitos apontam como um elemento crucial - e, sobretudo, os efeitos da "crise da dívida soberana" apenas são tidos em conta relativamente aos títulos detidos na carteira de negociação e não nos títulos detidos até à maturidade, o que sendo consistente com a hipótese de que não haverá reestruturação da dívida não deixará de ser criticado por muitos analistas numa altura em que se fala cada vez com mais insistência numa reestruturação da dívida pública grega.
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