Continuando a leitura do livro Economia, Moral e Política (ver posts anteriores aqui, aqui e aqui ), ainda no segundo capítulo do livro, Vitor Bento discute a relação entre Economia e Política, onde justifica a intervenção política na economia para corrigir as "falhas de mercado", definindo as regras do jogo e garantindo o respectivo cumprimento, para manipular os resultados do processo económico no sentido de procurar obter resultados económicos tidos como mais desejáveis em função das preferências sociais - o que como se alerta no livro envolve (quase) sempre juízos morais e, portanto, subjectivos - por exemplo privilegiando a eficiência e o crescimento económico ou, pelo contrário, a distribuição do rendimento e a coesão social.
Esta intervenção do Estado pode e deve beneficiar dos ensinamentos da Economia que pode fornecer aos decisores informações - mais ou menos precisas - sobre quais os efeitos previsíveis das opções de política económica que forem prosseguidas, orientando o decisor sobre qual a melhor maneira - mais eficaz e mais eficiente - de atingir os objectivos políticos pretendidos.
Existe, no entanto, um risco considerável de, dada a natureza aproximada da economia e a existência de teorias económicas alternativas que a invocação de determinada teoria económica para fundamentar as escolhas de políticas económicas seja feita com base em critérios ideológicos e não com base em critérios científicos.
Por outro lado, dada a complexidade do sistema económico mesmo que se utilize o modelo correcto os resultados obtidos poderão divergir consideravelmente dos pretendidos em virtude da acção de factores que escapam ao controlo dos decisores políticos (por exemplo, evolução do preço do petróleo), pelo que estes não têm a garantia de que os resultados obtidos correspondam aos pretendidos.
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