Recomendo esta apresentação de Daniel Gros (que tem o bónus de ter vários quadros onde se compara as situações da Irlanda, Grécia, Portugal, Espanha e Itália) em que apresenta uma posição bastante optimista sobre a Irlanda referindo nomeadamente que o ajustamento do sector da construção e das taxas de poupança nacional estarão em grande medida concluídos e que o nível de dívida líquida externa é relativamente baixo (apenas cerca de -19% do PIB). Um ponto nada animador é que para Portugal - tal como para a Grécia - estes indicadores significativamente piores do que na Irlanda (por exemplo, em 2010 a taxa de poupança nacional bruta na Irlanda foi de 25% do PIB na Irlanda mas apenas 13% em Portugal e 6% na Grécia e a posição líquda face ao exterior é de Portugal correspondia a -105% do PIB).
Note-se, no entanto, que quando se considera a dívida externa bruta os níveis de endividamento da Irlanda atingem o valor gigantesco de cerca de 1090% do PIB (i.e. mais de 10 vezes o valor do PIB) enquanto que para Portugal corresponde "apenas" a cerca de 230% do PIB e na Grécia um pouco menos de 190% do PIB.
Ainda sobre a Irlanda, a actualização do respectivo programa de estabilidade pode ser consultada aqui. De acordo com as projecções a dívida pública irlandesa deverá atingir um máximo de 118% do PIB em 2013 (mais 15 pp do que na versão anterior) caindo depois para 111% em 2015, enquanto os encargos com juros da dívida ascenderão a mais de 6,3% do PIB em 2014 e o défice apenas ficará abaixo do limiar dos 3% em 2015. Enquanto que a taxa de desemprego deverá atingir um máximo de 14,4% em 2011. Valores suficientemente assustadores para que pensemos que apesar do equilíbrio externo (em 2010 o défice da conta corrente foi de apenas 0,7% do PIB e para 2011 prevê-se um superávite de 1,2%) qualquer optimismo deve ser contido.
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