quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Poupança das famílias portuguesas

De acordo com as contas nacionais por sector institucional hoje divulgadas pelo INE a taxa de poupança nos últimos 4 trimestres terminados em Setembro reduziu-se para 5,8% do rendimento disponível e a taxa de poupança nacional caiu para 10,5% do PIB. Enquanto que as necessidades de financiamento da economia face ao exterior atingiram, no mesmo período, 10,4% do PIB. De notar que a poupança das famílias é quase inteiramente absorvida pelo investimento deste sector pelo que a capacidade de financiamento das famílias se situou em apenas 0,8% do rendimento disponível.

Indice Case-Shiller

Confirmando que Outubro não foi um bom mês para o mercado imobiliário o indíce Case-Shiller ontem divulgado indica que os preços das casas nos 20 maiores centros urbanos dos EUa terão recuado 18% face ao período homólogo.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Exportações japonesas caem 27%

Num sinal da forma como a recessão nos EUA está a afectar severamente as restantes economias o Japão anunciou hoje que as suas exportações cairam em Novembro 26,7% face ao mês homólogo com as entregas para os EUA a reduzirem-se 34% e as entregas para a China a cairem 25%.

Entretanto na Europa a Irlanda anunciou um apoio de 5,5 mil milhões de euros aos seus três maiores bancos tendo nacionalizado o Anglo Irish Bank, no qual o Estado passou a deter 75% dos direitos de voto. Nos outros dois bancos (Bank of Ireland e Allied Irish) o Estado passa a deter 25% dos direitos de voto nas questões estratégicas.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Banco do Japão corta taxa de juro

O Banco do Japão anunciou a descida da sua taxa de referência para 0,1% e que iria adquirir obrigações de empresas.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Índice de preços na Europa

Em Novembro o indice de preços na zona euro caiu 0,5% face ao mês anterior enquanto que a taxa de inflação homologa desceu para 2,1% (em Outubro era 3,2%), com as taxas mais baixas a serem observadas na Alemanha e em Portugal (1,4%).

Nos últimos dias têm-se registado variações muito substanciais nas taxas de juro e cambiais. Com efeito, os yields dos títulos do Tesouro dos EUA estão em valores excepcionalmente baixos em todos os prazos com o yield dos títulos a 10 anos a cair para 2,19%, fenómeno que também se verifica na Europa com o yield das obrigações a 10 anos dos títulos alemães a cair abaixo dos 3%. Paralelamente nos últimos dias observou-se uma desvalorização muito substancial do dólar face ao euro (o euro atingiu hoje 1,44 quando há um mês se situava nos 1,25-1,27) e ao iene (que se cotou hoje abaixo dos 88 ienes por dólar).
E, finalmente, apesar do anúncio pela OPEP de um corte de 2,4 milhões de barris e da desvalorização do dólar o petróleo caiu para os 40 USD.

Índice de preços nos EUA caí

E os dados publicados relativamente à inflação e construção parecem confirmar a necessidade de medidas excepcionais. Com efeito, o indice de preços dos EUA caiu em Novembro 1,7% (a taxa homóloga é +1,0%) e mesmo excluindo a energia e os bens alimentares a subida foi inferior a 0,1% (a taxa de crescimento homóloga foi de +2,0%) e foi divulgado que o número de novas construções iniciadas continua a cair tendo atingido o valor mais baixo desde, pelo menos, 1959. O valor hoje divulgado corresponde a uma queda superior a 59% face à média do período 1959-2008 e 47% abaixo do valor registado em Novembro de 2007.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Reserva Federal desce taxa de juro

A Reserva Federal anunciou a descida do nível da fed funds rate para o intervalo 0%-0,25%. O que, na verdade, já era o nível praticado pois na semana passada a fed funds rate efectiva situou-se entre 0,11% e 0,15%. Mais importante foi o facto da Reserva Federal ter anunciado que provavelmente manterá o nível excepcionalmente baixo de taxa de juro por algum tempo e, principalmente, a sua predisposição para "support the functioning of financial markets and stimulate the economy through open market operations and other measures that sustain the size of the Federal Reserve's balance sheet at a high level. As previously announced, over the next few quarters the Federal Reserve will purchase large quantities of agency debt and mortgage-backed securities to provide support to the mortgage and housing markets, and it stands ready to expand its purchases of agency debt and mortgage-backed securities as conditions warrant. The Committee is also evaluating the potential benefits of purchasing longer-term Treasury securities. Early next year, the Federal Reserve will also implement the Term Asset-Backed Securities Loan Facility to facilitate the extension of credit to households and small businesses. The Federal Reserve will continue to consider ways of using its balance sheet to further support credit markets and economic activity.", assinalando que estão dispostos para conduzir uma política de expansão monetária muito agressiva.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Produção industrial nos EUA

Os dados publicados pela Reserva Federal apontam para uma descida da produção industrrial dos EUA de 0,6% em Novembro (em termos homólogos a queda foi de 5,5%) enquanto que o grau de utilização da capacidade produtiva se reduziu para 75,4%. Entretanto foi igualmente divulgado o indice de confiança na construção que se mantem no valor mais baixo desde, pelo menos, 1985.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Vendas a retalho nos EUA

As vendas a retalho nos EUA caíram 2% em Novembro face ao mês anterior. Sendo um mau resultado deve realçar-se que a queda se deve fundamentalmente às vendas de automóveis (-2,8%) e sobretudo às vendas de gasolina (-14,7%), bastando excluir as vendas de gasolina para ter uma queda de somente 0,2%.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Tesouro dos EUA coloca bilhetes do tesouro a taxa zero

O Tesouro dos EUA divulgou que colocou bilhtes do Tesouro a 28 dias à taxa máxima de juro de 0%. Trata-se sobretudo de um momento simbólico pois a verdade é que nas últimas semanas o Tesouro dos EUA tem colocado parte das suas emissões a 0% e ainda na segunda-feira tinha colocado bilhetes do Tesouro a 91 dias à taxa máxima de 0,005%.

PIB nacional caiu 0,1% no 3º trimestre

O PIB português caíu 0,1% no 3º trimestre face ao trimestre anterior (-0,5% em termos anualizados) cifrando-se a variação homóloga em +0,6%. A queda face ao trimestre anterioro deveu-se à procura externa com as exportações a cairem 1% e as importações a aumentarem 1,1%. Enquanto que a procura interna aumentou 0,7% com variações positivas em todas as componentes, com o consumo das familias a aumentar 1,1% e o consumo público e o investimento 0,1%. De notar, no entanto, que o aumento do investimento parece ter ficado a dever-se ao aumento dos stocks com a formação bruta de capital fixo a reduzir-se 1,8%. De realçar o agravamento da diferença entre o PIB e o Rendimento Nacional Bruto que se reduziu em 1,1% face ao trimestre anterior (nos últimos 4 trimestres a diferença entre o PIB e o RNB situa-se em 4,6%) e o aumento das necessidades de financiamento no exterior (que nos últimos 4 trimestres ascenderam a cerca de 10,4% do PIB).

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Sobre a actual crise financeira (parte I). O fim do capitalismo ?

Os dados que têm sido divulgados desde Setembro têm com uma consistência invulgar revelado-se (quase) sempre piores do que o esperado indiciando uma grande fragilidade da situação económica nas principais economias mundiais, sendo hoje evidente que não fossem as medidas excepecionais tomadas 2008 ficaria nos anais da história económico como o ano em que teria tido início uma depressão económica global que rivalizaria com a ocorrida em 1929-1933.
E apesar dessas medidas tivemos falências bancárias, uma "destruição" massiva de capital (segundo o Economist desta semana a capitalização bolsista mundial terá caído 30 milhões de milhões de dólares desde o auge, e o valor das casas terá descido no último trimestre em 23 de 45 mercados analisados) e ter-se-ão já perdido milhões de postos de trabalho.
Perante este cenário de quase-catastrofe tenho assistido a alguma pressa em anunciar, muitas vezes com satisfação, que a actual crise assinala o fim do capitalismo ou pelo menos o descrédito da "corrente económica dominante".
Neste contexto, importa recordar que esta não é a primeira crise do capitalismo. Kindleberger contabiliza ("Manias, Panics and Crashes", 3.ª ed., 1996) 34 crises financeiras no período 1618-1990 e desde então poderiamos acrescentar, pelo menos, mais 3 (a crise financeira asiática de 1997, o crash dot-com de 2000 e a actual crise), sendo que o "sistema capitalista" conseguiu sobreviver a todas elas. E a razão reside na fantástica capacidade intrinseca do "sistema capitalista" se adaptar, a qual deriva da superior flexibilidade que decorre de se basear em decisões económicas descentralizadas e da sua intima relação com a democracia. A história revelou as fragilidades desse sistema, nomeadamente a importância de instituições (nomeadamente, estatais) que intervenham no sentido de moderar a desigualdade na distribuição dos rendimentos e de estabelecer mecanismos de regulação.
Como referiu George W. Bush, em 13 de Novembro : "like any other system designed by man, capitalism is not perfect. It can be subject to excesses and abuse. But it is by far the most efficient and just way of structuring an economy. At its most basic level, capitalism offers people the freedom to choose where they work and what they do, the opportunity to buy or sell products they want, and the dignity that comes with profiting from their talent and hard work. The free market system provides the incentives that lead to prosperity -- the incentive to work, to innovate, to save, to invest wisely, and to create jobs for others. And as millions of people pursue these incentives together, whole societies benefit".
Tal como a história também revela isso não significa que a "sobrevivência" do capitalismo esteja assegurada. Mas apenas que a melhor opção será tentar corrigir as falhas que esta crise evidenciou, salvaguardando os elementos essenciais do sistema capitalista.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Desemprego nos EUA sobe para 6,7%

De acordo com os dados hoje divulgados o número de empregados por conta de outrem nos EUA terá caído em Novembro 533 mil (no último ano reduziu-se 1,87 milhões) e o emprego total terá tido uma redução de 673 mil (-2,362 milhões no último ano) elevando a taxa de desemprego para 6,7% apesar de uma redução da população activa de 422 mil. Estes números seguem-se aos ontem divulgados relativamente à indústria transformadora que indicam uma degradação das vendas e das encomendas. A informação disponível para os EUA aponta para uma queda do PIB dos EUA no 4.º trimestre que se situará provavelmente acima dos 5% (taxa anualizada).
Paralelamente, confirmando a seriedade das dificuldades, a Bloomberg noticia que um em cada dez propritários americanos viu a sua hipoteca executada ou está atrasado no pagamento das prestações.

Krugman assustado

O recém nobelizado Krugman que tem sido um dos grandes proponentes de um estímulo fiscal massivo nos EUA que poderá eventualmente ascender a 600-700 mil milhões de dólares em 2009-2010 escreveu hoje um "post" em que refere as dificuldades dessa política. Basicamente a dificuldade está em que os projectos de investimento em infraestruturas levam tempo a preparar e que uma descida de impostos pode ter um impacto limitado no consumo (na medida em que os contribuintes tendam a poupar uma parte substancial dessa poupança fiscal para "reconstruir" os seus balanços deteriorados pela descida do preço da habitação e dos mercados financeiros e, também, por receio de virem a perder o emprego).

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Plano de apoio ao sector automóvel

Confirmando que os Governos só tem dinheiro quando existe uma crise, Portugal já tem o seu Plano de Apoio ao Sector Automóvel. De acordo com o comunicado disponível no portal do Governo o Plano está orçado em 900 milhões de euros e nas palavras do Ministro da Economia «é um programa muito grande, mas que se justifica num sector que emprega cerca de 50 mil pessoas em Portugal e que é responsável por cerca de 15% das nossas exportações». Mas o mais curioso é a afirmação de que "o Ministro referiu que dos 900 milhões de euros, 200 milhões provêm de fundos comunitários e do Orçamento do Estado e outros 100 milhões exclusivamente do Orçamento do Estado" o que levanta a incógnita relativamente a saber de onde vêm os restantes 600 milhões de euros. Movido pela curiosidade tentei investigar no site do Ministério da Economia onde não encontrei nenhuma referência ao plano mas reparei no slogan "Pólos de competitividade Somar para multiplicar" (não me parece um slogan particularmente feliz) que talvez ajude a explicar o enigma: Basta somar 200 com 100 e multiplicar por 3 para obter o s tais 900 milhões de euros.

Juros descem na Europa

O BCE anunciou hoje um corte da taxa de juro de 0,75 pp fixando a sua taxa de referência em 2,5%. Na sua declaração o presidente indicou que o BCE espera para 2009 uma contração do PIB da zona euro entre -1,0% a 0% e que a taxa de inflação se situe entre 1,1% e 1,7%, o que permite antecipar a possibilidade de futuras reduções. Importa notar o que parece ser algum endurecimento da posição relativamente à política fiscal considerando que "It is of the utmost importance that the public’s confidence in the soundness of fiscal policies is preserved, with the rules-based EU fiscal framework being fully applied and its integrity being fully preserved".

Entretanto, o Banco de Inglaterra desceu as suas taxas 1 pp (para 2%) e colocou um tom particularmente pessimista: "Consumer spending and business investment have stalled, while residential investment has continued to fall. Activity indicators in the rest of the world have also weakened, though the further depreciation in sterling should moderate the impact of weaker global growth on the United Kingdom. And a number of fiscal measures to boost near-term demand are in train, both in the United Kingdom and overseas. Despite the actions taken to raise bank capital, ease funding and improve liquidity, conditions in money and credit markets remain extremely difficult. The Committee noted that it was unlikely that a normal volume of lending would be restored without further measures."

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Industria automóvel à beira do colapso ?

De acordo com o Financial Times as vendas de automóveis em Novembro desceram (face ao mês homólogo) 49,6% em Espanha, 36% na Suécia, 29% no Japão e 14% em França.
Nos EUA as vendas da Chrysler terão caído 47%, da GM 41% e da Ford 31%, com a GM a indicar que precisa de 4 mil milhões de USD para pagar as contas deste mês. E nem os construtores japoneses "escapam" à crise tendo registado quedas superiores a 30% (Nissan 42%, Toyota 34% e Honda 32%).

EUA em recessão desde Dezembro de 2007

O ISM (indice de confiança na indústria dos EUA) desceu novamente em Novembro (de 38,9 para 35,5) atingindo o valor mais baixo desde Maio de 1982, com quedas significativas nas componentes novas encomendas (valor mais baixo desde Junho de 1980 - trimestre em que o PIB dos EUA caiu 7,8%, em taxa anualizada) e emprego.
Enquanto isso o NBER declarou "oficialmente" que os EUA estão em recessão desde Dezembro de 2007.
Os yields das Obrigações do Tesouro dos EUA cairam significativamente, com os títulos a 10 anos substancialmente abaixo dos 3% e os títulos indexados a 5 anos com um yield significativamente superior às não indexadas a indicar que o mercado "espera" que se venha a registar um fenómeno de deflação. Este fenómeno de descida dos yields apesar do aumento exponencial esperado nas emissões em consequência do aumento do défice parece estar, pelo menos parcialmente, alimentado pela expectativa confirmada hoje pelo presidente da Reserva Federal de que "the Fed could purchase longer-term Treasury or agency securities on the open market in substantial quantities".

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Conjuntura económica degrada-se na União Europeia

O indicador de sentimento económico na União Europeia registou em Novembro uma queda de 6,7 pontos, situando-se agora nos 70,5 pontos o que corresponde ao valor mais baixo da série iniciada em Janeiro de 1985. A quebra na zona euro foi menos significativa (-5,1), no entanto o valor registado (74,9) é o mais baixo desde Agosto de 1993 e situa-se proximo do mínimo da série (73,0 verificado em Julho de 1993).
Por países, as maiores quedas registaram-se nos países da Europa de Leste e Central, com quedas particularmente pronunciadas na Eslovénia (-29,8), Hungria (-21,7), Roménia (-12,3), Eslováquia (-11,7) e Áustria (-11,5). Pelo contrário, Itália (-1,2), França (-1,3) e Portugal (-1,7) foram os Estados com quebras menos pronunciadas. Entre os grandes países destaque ainda para as descidas no Reino Unido (-8,8), na Alemanha (-6,3) e em Espanha (-2,8), sendo que a Espanha e o Reino Unido registaram os valores mais baixos das respectivas séries.
Enquanto que por sectores é de realçar a queda nos serviços (-7,7) e na indústria (-6).
A degradação dos indicadores de confiança conjugada com as estimativas da inflação também ontem divulgadas e que apontam para uma descida da taxa de inflação de 3,2% em Outubro para 2,1% em Novembro, tornam quase certa uma nova redução significativa (pelo menos 0,5 pp) das taxas de juro de referência do BCE.

PS: Os últimos dados publicados pela Comissão Europeia relativamente à Irlanda datam de Abril (!!!), altura em que o indice de confiança na construção tinha colapsado de -46 para -69.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Os efeitos da crise sobre as relações extra-maritais

O Wall Street Journal divulgou mais uma manifestação do impacto da crise que pode ter sérias repercussões no comércio de bens de luxo.

Um Plano de Recuperação para a Europa

A Comissão Europeia apresentou um plano de a proposta de acordo para um estímulo orçamental de 200 mil milhões de euros (cerca de 1,5% do PIB) dos quais 85% provirão dos orçamentos nacionais (170 mil milhões de euros) e apenas 15% (cerca de 30 mil milhões de euros) dos orçamentos da UE e do Banco Europeu de Investimento. Mais, esta contribuição "comunitária" consiste basicamente em acelerar ou adiantar programas que já estavam previstos. Por outro lado, não resulta claro dos documentos agora apresentados como será distribuído o esforço pedido aos orçamentos nacionais nem sequer a forma que esse estímulo revestirá, elencando-se apenas um conjunto de princípios e uma lista de possíveis medidas (denotando-se, no entanto, uma aparente preferência da Comissão por medidas de aumento temporário da despesa pública). Ou seja, na prática, a parte essencial do esforço vai ficar ao critério de cada Estado-Membro, existindo uma elevada probabilidade de que o valor real venha a ser substancialmente inferior ao anunciado e um sério risco que esses esforços venham a ser pouco coordenado. Note-se, ainda, que no documento se refere que o esforço deve ser efectuado no quadro do Pacto de Estabilidade revisto em 2005, o que significa que (alguns) Estados-Membros poderão exceder o limite de referência dos 3% para o défice público mas que devem assegurar a estabilidade orçamental no médio prazo.
Por outro lado o documento abre o caminho para apoios à indústria automóvel através da concessão de ajudas de Estado sob a forma de empréstimos bonificados (ou de garantias de empréstimos) para investimentos relacionados com a "protecção ambiental".

Indicadores nos EUA

As encomendas de bens duradouros em Outubro cairam 6,2% (!!) face a Setembro (e mais de 8% face à média do 3º trimestre) enqunato que as encomendas de bens de capital (excluindo defesa e aviões) se reduziram 4% (6,9% face à média do 3.º trimestre).
As vendas de casas (novas) cairam 5% face ao mês anterior atingindo o valor mais baixo desde Janeiro de 1991. Um pequeno sinal positivo foi a queda da relação entre o número de casas para venda e as vendidas que no entanto ainda se encontra num nível muito elevado (10,6 meses de procura face a uma média histórica rondando os 6 meses).
O indicador de confiança dos consumidores voltou a cair em Novembro de 57,6 para 55,3 (a média histórica situa-se em torno dos 90 pontos).
Finalmente o BEA divulgou que o consumo nominal terá caído em Outubro 1% face a Setembro, sendo que a queda do consumo real se terá situado em cerca de 0,5% (0,8% face à média do 3º trimestre).
Os indicadores ontem divulgados apontam para uma deterioração muito significativa da situação económica dos EUA sendo provável que a queda do PIB no 4.º trimestre venha a ser a mais acentuada desde o período 1980-81.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Reserva Federal anunciou novas iniciativas

Numa clara tentativa de apoiar a concessão de crédito à economia, a Reserva Federal anunciou ontem um nova linha de crédito denominada TALF (Term Asset- Backed Loan Facility) ao abrigo da qual se dispõe a emprestar até 200 mil milhões de USD aos detentores de títulos com rating AAA baseados em novos (ou recentes) empréstimos ao consumo ou Às empresas novos ou recentes e, paralelamente, anunciou também a aquisição de 600 mil milhões de USD de activos hipotecários detidos pela Fannie Mae e Freddie Mac.

Preço dos imóveis nos EUA

De acordo com o indice Case-Shiller o preço dos imóveis nas 20 maiores metrópoles dos EUA desceu 1,8% em Setembro elevando a descida homóloga para 17,4%. Apesar da queda de 27,4% face ao valor máximo registado em Julho de 2006, os preços reais estão ainda 25% acima dos que se verificavam em 2000.

Entretanto, os dados revistos divulgados ontem para o PIB indicam que no 3º trimestre o PIB dos EUA se contraiu 0,5% (taxa anualizada) com o consumo a cair 3,7% e o investimento 5,6%.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

EUA "salvam" Citigroup

O governo dos EUA foi forçado a intervir para salvar o Citigroup "protegendo" 306 mil milhões de USD de "activos téxicos" em troca de 7 mil milhões de USD em acções preferenciais e injectando 20 mil milhões de USD através de acções preferenciais. Estas acções terão um dividendo de 8% (o que representa mais de 2 mil milhões de USD por ano) e o Citigroup fica impedido de distribuir dividendos (às acções ordinárias) superiores a 1 centimo por acção durante 3 anos sem autorização do governo dos EUA.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Construcão nos EUA atinge minimo desde 1959

Os dados ontem divulgados indicam que o numero de casas iniciadas a construir atingiu o valor minimo desde o inicio da série (1959) confirmando a extrema severidade da crise no mercado imobiliario dos EUA.

Entretanto, a "grande" surpresa foram os dados relativos à inflacao. Não pela quebra do indice de precos em 1% face ao mês anterior, pois era previsivel uma queda face à variacão dos precos dos produtos energeticos (que terão caido cerca de 8,6% face ao mês anterior - os precos da gasolina desceram cerca de 14,2%) mas pelo facto de mesmo desconsiderando os precos da gasolina e dos bens alimentares se ter registado uma queda do indice de precos (embora de apenas 0,1%).

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Taxa de desemprego em Portugal

De acordo com os numeros publicados pelo INE a taxa de desemprego aumentou no terceiro trimestre 0,4 pp para 7,7%. A taxa divulgada situa-se ainda assim 0,2 pp abaixo da registada no período homólogo, note-se no entanto que esta reducão da taxa de desemprego se ficou a dever à reducao da popuylacao activa (-0,3 pp) e que, em termos homólogos, se registou uma reducao da populacão empregada (-4.500 unidades ou - 0,1 pp) que contrasta fortemente com os aumentos registados nos trimestres anteriores e indicia uma forte deterioracão das condicões do mercado de trabalho.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Produção industrial nos EUA sobe em Outubro

Os dados ontem divulgados pela Reserva Federal indicam uma subida surpreendente de 1,3%da produção industrial em Outubro. Trata-se todavia de um numero algo enganador pois simultaneamente houve uma revisão em forte baixa da estimativa para Setembro (segundo os dadaos agora divulgados ter-se-à registqdo uma redução de 3,7% face à estimativa anterior de 2,8%) e grande parte da variação esta associada ao sector da energia cuja produção tera sido afectada pelas tempestades e pela greve na Boeing. De acordo com a Reserva Federal, excluindo estes factores temporarios a redução tera sido de cerca de 0,65% em ambos os meses.

sábado, 15 de novembro de 2008

Queda nas vendas a retalho nos EUA

Vendas a retalho nos EUA cairam 2,8% em Outubro face ao mês anterior. Note-se, no entanto, que excluindo as vendas de automóveis (-5,5%) e de gasolina (-12,7%) a queda será de "apenas" 0,5%.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Zona Euro em recessão técnica

Os dados revelados pelo Eurostat apontam para uma variação do PIB na zona euro, no 3.º trimestre, de -0,2% face ao trimestre anterior indicando uma situação de recessão técnica. De acordo com as estimativas publicadas o PIB ter-se-á reduzido na Alemanha (-0,5%), Itália (-0,5%) - colocando estes países em recessão técnica - Reino Unido (-0,5%) e Espanha (-0,2%). Enquanto que terá progredido apenas 0,1% na França. Em Portugal ter-se-á registado uma situação de estaganação (0,0%).

Entretanto, os dados para a inflação apontam para uma descida da inflação anual da zona euro para 3,2% (em Setemebro foi 3,6%) - excluindo o efeito dos preços da energia a inflação desceu 0,1% (de 2,6% para 2,5%). Em Portugal, a descida foi de 3,2% para 2,5%.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Paulson revê TARP

O Secretário de Estado do Tesouro dos EUA anunciou hoje aquilo que parece ser uma profunda revisão das prioridades para utilização dos 700 mil milhões de dólares autorizados pelo Congresso. De acordo com as declarações as prioridades são: - o reforço dos capitais próprios das instituições financeiras; - o apoio ao crédito ao consumo concedido por instituições não bancárias; e - reduzir a execução de hipotecas. A prioritização dos fundos para o reforço dos capitais próprios e para o apoio às situações de dificuldade de pagar créditos hipotecários parecem-me constituir medidas correctas na medida em que julgo que terão um impacto superior (e serão relativamente mais simples de aplicar - uma das questões que sempre me suscitou dúvidas foi a implementação dos leilões em que o Tesouro iria adquirir os ditos "activos tóxicos"). Enquanto que o apoio ao crédito ao consumo parece ser uma resposta ao agravamento das dificuldades de (re)financiamento das entidades emitentes de cartões (já tinham surgido notícias a indicar que a American Express teria pedido auxílio).
Entretanto parece cada vez mais provável a aprovação de apoios ao sector automóvel (a grande questão parece ser se os novos apoios serão - ou não - retirados dos 700 mil milhões já aprovados pelo Congresso), bem como de um estímulo fiscal que Paul Krugman defende que ascenda a cerca de 4% do PIB (ou seja cerca de 600 mil milhões de dólares)

Esclarecimento

Um amigo perguntou-me: Agora és contra a avaliação dos professores? E pensei que talvez os meu post sobre o assunto possa ter criado essa ideia. Pelo que julguei que talvez seja oportuno fazer um esclarecimento.
Sou inteiramente favorável à avaliação do desempenho dos professores que considero uma ferramenta indispensável para uma boa gestão das escolas.
Agora não sou favorável a qualquer modelo de avaliação e considero que um pressuposto central do sistema de avaliação do desempenho é a utilização de um sistema de avaliação adequado no sentido em que os indicadores sejam relevantes (as variáveis medidas devem reflectir os objectivos), controláveis pelo avaliado (no sentido de que a sua acção tem uma influência muito significativa sobre o indicador), e evitar efeitos perversos (os agentes vão reagir de forma dinâmica à alteração de incentivos mas por vezes com resultados que podem ser contrários ao desejado - "diz-me o que medes, dir-te-ei o que obténs") e, além disso, o processo de avaliação não pode consumir recursos (nomeadamente humanos) de forma desproporcionada (a avaliação é um instrumento e não pode nunca ser um fim em si mesma, sendo crucial que se evitem os riscos de excessiva complexidade e burocratização).
Impõe-se, portanto, apreciar se o sistema proposto cumpre estes requisitos. E em meu entender depois de ler vários dos documentos disponibilizados pelo Ministério da Educação a minha conclusão é que o sistema actualmente em questão não cumpre satisfatoriamente nenhum destes requisitos, falhando rotundamente no capítulo da burocratização (para ilustrar esse falhanço basta ler por exemplo este documento do Conselho Científico para a Avaliação dos Professores, do qual uma excessiva vacuidade que denota uma grande indefinição relativamente a aspectos cruciais do sistema, o que é certamente fonte de muitas justificadas incertezas e receios dos docentes relativamente a todo este processo).

terça-feira, 11 de novembro de 2008

No taxation without representation

De acordo com o Público de hoje o Secretário de Estado adjunto Jorge Pedreira terá declarado, passo a citar: "Dizer que só se pode mudar o modelo de avaliação de desempenho dos professores para um mais exigente, se houver o acordo dos próprios é o mesmo que dizer que só se podem aumentar os impostos com o acordo dos cidadãos" (?!!).
A frase já seria infeliz pela concepção da democracia que encerra mas, além disso, dificilmente poderia ter escolhido uma comparação pior. Com efeito um dos princípios fundamentais do liberalismo que remonta, pelo menos, à Declaração dos Direitos inglesa de 1689 é o de que o lançamento dos impostos depende de aprovação dos cidadãos através do parlamento. Recorde-se, aliás, que um dos slogans mais conhecidos da Revolução Americana (1755) era precisamente "No taxation without representation" e uma das justificações da Declaração da Independência a de que o Rei de Inglaterra tinha lançado impostos sem o seu consentimento. Mais, este princípio encontra-se, como não podia deixar de ser, constitucionalmente consagrado no artigo 103.º da Constituição da República Portuguesa que refere que: "(...) 2. Os impostos são criados por lei, que determina a incidência, a taxa, os benefícios fiscais e as garantias dos contribuintes. 3. Ninguém pode ser obrigado a pagar impostos que não hajam sido criados nos termos da Constituição, que tenham natureza retroactiva ou cuja liquidação e cobrança se não façam nos termos da lei."

domingo, 9 de novembro de 2008

A avaliação dos professores

A informação é de Março de 2008, pelo que não sei se está ou não actualizada, mas basta-me ler as respostas para compreender as reacções dos professores:

P: Que objectivos são considerados?
R: Os objectivos individuais são formulados com base em dimensões essenciais da actividade docente: a melhoria dos resultados escolares dos alunos; a redução do abandono escolar; o apoio prestado à aprendizagem dos alunos, incluindo aqueles com dificuldades de aprendizagem; a participação nas estruturas de orientação educativa e nos órgãos de gestão do agrupamento ou escola não agrupada; a relação com a comunidade; a formação contínua realizada; a participação e a dinamização de projectos e actividades curriculares e extracurriculares.

A falha é provavelmente minha mas não imagino muito bem como um professor pode incluir nos seus objectivos individuais "reduzir o abandono escolar" e muito menos como é que se pode medir o grau de cumprimento desse objectivo como não concebo como é que se pode atribuir objectivos para o item "a relação com a comunidade" (a não se que se meça em número de reuniões com os pais - mas se é isso porque não dizê-lo claramente). Confesso que se fosse professor não faria a minima ideia de como definir os meus objectivos individuais.

P: Quantos instrumentos de avaliação existem? É um processo muito burocrático?
R: A avaliação de desempenho prevê três fichas obrigatórias: a ficha de auto-avaliação, a ser preenchida pelo professor avaliado; a ficha de avaliação científico-pedagógica, a ser preenchida pelo professor coordenador de departamento, e a ficha de avaliação da participação em actividades escolares, a ser preenchida pela direcção executiva. Cada professor avaliado preenche, por isso, apenas uma ficha, a de auto-avaliação. As escolas têm total liberdade de elaborar outros instrumentos de registo de informação que considerem relevante para efeitos da avaliação do desempenho, que devem ser simples e claros.

P: Porque não se simplifica o processo de avaliação?
R: O sistema de avaliação procura incidir sobre todas as dimensões da actividade dos professores nas escolas. A existência de instrumentos de recolha e registo, de fichas de avaliação e de regras e procedimentos constitui uma necessidade essencial para garantia do rigor e da equidade do processo e para defesa dos avaliadores e dos avaliados.
É necessário e possível simplificar o processo de avaliação, e isso pode e deve ser feito no quadro da autonomia de cada escola.
P: Quem elabora os instrumentos de avaliação? Quem controla a qualidade das fichas?
R: Os instrumentos de registo para efeitos da avaliação do desempenho docente são elaborados e aprovados pelos Conselhos Pedagógicos das escolas, tendo em conta as recomendações que forem formuladas pelo Conselho Científico para a Avaliação de Professores. Cada escola e o conjunto dos seus professores têm, por isso, autonomia para definir o que é observado e avaliado. A qualidade das fichas é controlada pelos professores no Conselho Pedagógico.


Pela descrição, percebe-se nas entrelinhas que por comparação os planos quinquenais soviéticos (que também se baseavam em objectivos) deviam ser modelos de simplificação e desburocratização.

P: Há tempo e capacidade para todos os professores serem avaliados?
R: Sim. Existem nas escolas mais de 33 mil professores avaliadores (coordenadores de departamento e professores titulares), e o mecanismo da delegação de competências garante que cada professor avaliador avalia, no máximo, 12 professores no caso dos 2.º e 3.º ciclos do

ensino básico e secundário, e 7 professores no 1.º ciclo do ensino básico.

Não significa isto que os, pelo menos em princípio, melhores professores vão ter de dedicar uma parte substancial do seu tempo a avaliar os colegas quando poderiam (deveriam) estar a ensinar ?

P: E os professores e as escolas estão preparados para avaliar?
R: Sim. Por um lado, os professores estão bastante familiarizados com o acto de avaliar, uma vez que a avaliação dos seus alunos é uma componente essencial e permanente do seu trabalho (sic). De qualquer forma, estão a decorrer em todo o país acções de formação para avaliadores – conselhos executivos, professores coordenadores de departamento e professores titulares avaliadores. Para os professores em geral, está a ser organizada, também, formação em metodologias e técnicas de auto-avaliação.

O teor do argumento utilizado leva-me a suspeitar que não, pois parece-me óbvio que se tratam de processos de avaliação inteiramente distintos.

P: Como pode um professor avaliar um outro que não seja da mesma disciplina?
R: Os departamentos curriculares integram efectivamente professores de diferentes disciplinas (por exemplo, Matemática-Ciências). Por isso, está previsto que o coordenador do departamento possa delegar num outro professor titular a avaliação do desempenho de um docente numa dada disciplina, da mesma área do professor a avaliar.

Curioso a forma como não respondem directamente às perguntas que o próprio Ministério formulou. No entanto, deduz-se que a resposta à questão é sim o que não deixa de ser surpreendente.

P: Como se mede o progresso dos resultados escolares?
R: Cabe a cada escola definir a metodologia de medição deste critério, tendo em conta os elementos facultados pelo próprio professor na ficha de auto-avaliação. As escolas têm muitos instrumentos de avaliação do progresso dos resultados escolares. Pode contabilizar-se o progresso dos resultados escolares dos alunos no ano/disciplina face ao ano lectivo anterior; o progresso das aprendizagens verificado, por exemplo, relativamente a um teste diagnóstico realizado no início do ano; a evolução dos resultados escolares dos alunos relativamente à evolução média dos mesmos alunos naquela disciplina naquele agrupamento e noutras disciplinas (do mesmo agrupamento); as classificações nas provas de avaliação externa e respectiva diferença face às classificações internas. De qualquer forma, a avaliação dos resultados é feita no contexto da escola, da disciplina ou área curricular e da turma.

Como é óbvio cada um destes critérior pode dar resultados completamente diferentes. Mas sobretudo gostava de saber como é que se escolhe entre os vários métodos a partir dos elementos facultados pelo próprio professor (e significa isso que dois professores de uma mesma cadeira numa mesma escola podem ser aferidos em função de critérios absolutamente distintos ?)

P: Considerar o progresso dos alunos vai inflacionar as notas?
R: Isso não é possível, porque não são as notas que contam, mas, sim, os progressos observados. Por outro lado, existem mecanismos que impedem a mera inflação artificial das notas: são comparados resultados dos alunos num ano com os do ano anterior, com outros alunos da mesma disciplina e com outras disciplinas da mesma turma, ou com os objectivos definidos pelas escolas.

Não percebo como é que esta resposta nos pode tranquilizar. Se um professor cujos alunos tenham 15 tiver melhor classificação do que um cujos alunos tenham 12, terá como é óbvio um incentivo para dar "melhores" notas, até porque provavelmente isso contriburá para que tenha uma melhor "relação com a comunidade".

Estão também definidos mecanismos de correcção de desvios, tendo em conta as diferenças entre classificações internas e classificações externas.

Quais ?

Esta é, aliás, uma falsa questão; que releva do desconhecimento do trabalho docente e do processo de avaliação. Desde logo porque as classificações são públicas, comparáveis, recorríveis e facilmente escrutináveis. Mas também, e principalmente, porque as notas têm de ser fundamentadas em vários elementos de avaliação aferidos e validados pelos professores e pelos órgãos de gestão pedagógica das escolas. Os conselhos de turma e os conselhos pedagógicos têm uma intervenção fundamental no controlo da avaliação dos alunos.

As coisas parecem ter mudado mesmo muito desde o tempo em que completei o secundário... De qualquer forma imagino que não seja muito normal um aluno recorrer por ter tido uma nota inflaccionada.

Além disso, o facto de os objectivos individuais e das escolas serem definidos pelos professores no seu conjunto é a principal garantia de que não há enviesamentos inflacionistas, por um lado, e de que é tido em conta o contexto socioeducativo, por outro.

Não percebo como é que os objectivos individuais são definidos pelos professores no seu conjunto e muito menos como isso garante seja o que for. Infelizmente o documento também não o explica.

China anuncia pacote de 586 mil milhões de dólares

A China anunciou um pacote de esttímulo à economia de 586 mil milhões de dólares a serem aplicados até ao final de 2010. Este pacote parece dirigido sobretudo para as infraestruturas, construção de habitação a custos controlados, auxílio fiscal ao investimento e subsídios aos agricultores e famílias urbanas com baixos rendimentos. É um bom sinal e um passo na direcção correcta na medida em que incentiva o consumo interno o que permitirá compensar, pelo menos parte, da redução da procura externa resultante da recessão nas economias mais desenvolvidas.

sábado, 8 de novembro de 2008

Resultados do inquérito ao sector bancário

Os resultados do inquérito aos bancos da zona euro revela um aperto considerável das condições de crédito, justificada por uma deterioração do capital e da liquidez dos bancos, bem como por um maior pessimismo relativamente à evolução da actividade económica. Mas revelam mais: uma redução substancial da procura de crédito quer por parte das empresas, sobretudo associado às despesas de investimento e operações de aquisição e reestruturação, quer dos particulares, sobretudo para a aquisição de habitação. Cerca de 60% dos bancos responderam que a crise financeira teve um impacto nos seus capitais próprios e 50% que esse impacto teve um impacto no crédito concedido.
O mesmo inquérito para Portugal revela que os bancos adoptaram uma atitude mais restritiva na concessão de crédito às empresas e particulares devido quer a restrições de balanço quer ao aumento da percepção dos riscos de crédito e aponta para uma redução considerável da procura de crédito à habitação. Além disso, uma parte considerável dos bancos inquiridos relatou dificuldades em aceder às fontes tradicionais de financiamento, sobretudo a médio-longo prazo e antecipa que essas dificuldades se mantenham ou acentuem nos próximos três meses e consideram que isso teve/terá impacto no montante e condições de crédito concedido.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Taxa de desemprego nos EUA sobe

O número de desempregados nos EUA aumentou em Outubro mais de 600.000, ultrapassando os 10 milhões e elevando a taxa de desemprego para 6,5%.

Enquanto isso a GM, a Ford e a Chrysler parecem estar cada vez mais próximas de uma situação de ruptura.

FMI revê previsões em baixa

Apenas um mês depois de ter divulgado o World Economic Outlook, o FMI apresentou um novo conjunto de previsões para a economia mundial que indica que em 2009 o PIB vai cair nos EUA (-0,7%), na zona euro (-0,5%), no Reino Unido (-1,3%) e no Japão (-0,2%). De acordo com as previsões o Canadá será a única economia do G7 a crescer, embora apenas uns modestos 0,3%.

BCE desce a taxa de juro

Tal como se esperava, o BCE anunciou uma redução da sua taxa de referência de 50 pontos base para 3,25%, justificando esta acção com a descida da taxa de inflação que espera atinja um nível compatível com a estabilidade de preços (ou seja, próximo dos 2%) em 2009 e com os impactos da crise financeira sobre a procura global.

Entretanto o Banco de Inglaterra reduziu a sua taxa de referência em 150 pontos base para 3,0% referindo que “In the United Kingdom, output fell sharply in the third quarter. Business surveys and reports by the Bank’s regional Agents point to continued severe contraction in the near term. Consumer spending has faltered in the face of a squeeze on household budgets and tighter credit. Residential investment has fallen sharply and the prospects for business investment have weakened. Economic conditions have also deteriorated in the UK’s main export markets”.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Buy the rumour, sell the news

É talvez uma das "regras" mais conhecidas no mercado de acções e explica parte do que se passou hoje. A verdade é que a bolsa tinha recuperado mais de 18% nas seis últimas sessões apesar de notícias francamente negativas, para o que terá contribuido a mensagem repetida quase até à exaustão nos canais de notícias finaceiras de que o fim da incerteza após a eleição seria positivo e de que de que os anos de eleição tendem a ser positivospara o mercado levando a um reforço de posições baseado nessa expectativa e, por outro lado, que os "bears" se mantivessem à margem do mercado. Passada eleição a não materialização dessas expectativas levou a uma natural pressão sobre as cotações eventualmente acentuada por mais algumas notícias negativas, nomeadamente a queda no indicador de actividade no sector dos serviços e indicações de degradação no mercado de trabalho que não augura nada de bom para os números do desemprego que serão divulgados na 6ª feira). Note-se, entretanto, que o volume foi relativamente fraco o que indicia que mais que pressão vendedora se registou uma ausência de compradores, o que pode (ou não) ser um sinal de que se os resultados não forem tão maus como o esperado não é de excluir que o mercado retome o seu movimento ascendente.

Entretanto na Europa o Eurostat anunciou uma queda das vendas a retalho no mês de Setembro e em Portugal foi divulgado que as vendas de automóveis ligeiros foi em Outubro inferior em 7,0% às registadas no mesmo mês de 2007.

Obama é o 44.º Presidente dos EUA

Barack Obama foi, como se esperava, eleito Presidente dos EUA com 338 votos eleitorais (contra 163 para McCain) e 52% do voto popular (47% para McCain), tornando-se o 44.º presidente dos EUA e o primeiro presidente afro-americano. O famoso efeito Bradley não terá sido significtaivo (embora pareça que os que se diziam indecisos acabaram por votar McCain).

Obama demonstrou ser um grande político de campanha. O seu discurso de ontem é excelente e a forma como o fez (mais) um exemplo das suas extraordinárias capacidades como orador e da sua capacidade para passar uma mensagem de união (devo também dizer que apesar dos seus dotes de orador não serem comparáveis também me impressionou o discurso de McCain sobretudo pela enorme sinceridade que transpareceu).

Obama enfrenta agora um novo teste, diferente e mais dificil: governar um país num cenário de crise financeira e económica, com um défice orçamental astronómico, um défice externo gigantesco (embora em queda) e dois conflitos militares. As capacidades que demonstrou possuir em campanha vão ser importantes, mas o cargo que vai ocupar exige também outras capacidades diferentes. Nomeadamente, a capacidade de se rodear de uma equipa competente, de lidar com o Congresso e o Senado (o que é sempre um exercício dificil mesmo com maioria democrata nessas duas câmaras) e sobretudo a capacidade de tomar decisões, o que significa tomar opções que, por natureza, tenderão a criar divisões e existem dois riscos: o de ficar abaixo das expectativas (talvez demasiado elevadas) criando um "efeito de ressaca" e o de não resistir à tentação de enveredar por uma política populista.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Previsões de Outono da Comissão Europeia e ISM

As previsões de Outono da Comissão Europeia apontam para um crescimento do PIB na UE de 0,2% em 2009 (com o Reino Unido, Irlanda, Espanha, Letónia e Estónia a registarem quebras) e de 1,1% em 2010. Para Portugal as previsões também não são animadoras: cresicmento de 0,1% em 2009 e de apenas 0,7% em 2010 e um agravamento do défice orçamental para 2,8% em 2009 e 3,3% em 2010 (acima, portanto, dos 3%) e apenas uma melhoria marginal do défice da balança corrente (-10,6% em 2009 e -10,4% em 2010).

Relativamente aos EUA o cenário é ainda mais sombrio: contracção do PIB até meados de 2009 resultando numa queda média anual de 0,5% em 2009 e uma subida vertiginosa do défice orçamental para 7,2% em 2009 e 9,0% em 2010. Enquanto que as previsões para o Japão (que já estará em recessão técnica) apontam para uma redução do PIB de 0,4% em 2009.

Entretanto nos EUA o inquérito à indústria transformadora (ISM) registou o valor mais baixo desde Setembro de 1982 e as vendas de automóveis terão atingido o nível mais baixo desde Fevereiro de 1983 com as vendas da GM a cairem 45% face a Outubro de 2007 (a Chrysler e a Ford registaram quedas mais "modestas" de 35% e 30% respectivamente e nem as marcas japonesas escaparam a quedas superiores a 20%). Apesar destes dados (piores que o esperado) os índices americanos resistiram bastante bem com o S&P500 a cair apenas 0,25% numa sessão surpreendetemente calma (provavelmente à espera do resultado das eleições -a Bloomberg especula quanto à possibilidade de um plano de relançamento da economia à Franklin D. Roosevelt).

Para não ser tudo negativo quer as previsões da CE quer o ISM apontam para uma redução considerável das pressões inflaccionistas.

domingo, 2 de novembro de 2008

BPN nacionalizado

O Governo anunciou que vai propor à AR a nacionalização do BPN que terá acumulado prejuízos de 700 milhões de euros em operações clandestinas. Ao que parece o BPN vai ser integrado na CGD que provavelmente terá que proceder a um aumento de capital. Entretanto, parece que Jerónimo de Sousa terá considerado uma medida positiva por "reforçar o papel do Estado no sector financeiro" (?!!!) e que “é uma excelente oportunidade para apoiar as pequenas e médias empresas portuguesas" (????). Alguém será capaz de lhe explicar que o Estado está a "adquirir" um banco em situação de ruptura e que é provável que o impacto da operação no capital da CGD faça diminuir a capacidade da CGD (e portanto do sistema bancário nacional) para financiar a actividade económica ?

PS: Entretanto, o Estado propõe-se a financiar a injectar 4 mil milhões de euros no capital dos bancos (o que corresponde a cerca de 2,4% do PIB ou seja cerca de um ano de défice) - o PCP deve estar exultante. Das declarações (tal como citadas pelo Diário económico) ressalto duas notas: 1) a referencia à concorrência internacional - o que é um ponto válido e revela um dos efeitos perversos dos sucessivos planos de apoio que têm vindo a ser anunciados a nível internacional (num quase concurso para saber quem apoia mais); 2) a contradição entre as declarações do Ministro das Finanças que diz que a medida não tem que ver com debilidades ou insuficiência das instituições nacionais e do Governador do Banco de Portugal que refere que as práticas internacionais de mercado criaram um padrão de 7% para o rácio de fundos próprios de base e recorrendo às contas do 1º semestre de 2008 vemos que o BPI tem um rácio Tier I de 7,6% e o BCP de 7,5% mas o CGD tinha um rácio de apenas 6,0% e o BES de apenas 5,9%, portanto significativamente abaixo das "práticas internacionais de mercado".

Keynesianismo e grandes projectos de investimento

A actual conjuntura económica tem sido invocada pelo Governo para defender os grandes projectos de investimento, o que apareentemente até faz algum sentido. Num contexto em que a economia se contraí é, à partida, de esperar que os efeitos de crowding out (redução do investimento privado) via taxa de juro sejam menores - sobre o assunto ver a interessante discussão em Pedro Lains e no recente blogo da SEDES - e, portanto, o efeito líquido sobre o produto e o emprego maiores. Julgo no entanto que há que ter em atenção que:
1) A utilização do investimento público com efeitos expansionistas tem um grande obstáculo que resulta dos lags temporais entre a decisão de investir e as despesas de investimento. No caso concreto de Portugal os grandes projectos de investimento de que se fala tem períodos de execução muito alargados o que significa que grande parte da despesa não em 2009-201o mas após esse período ou seja, quando (espera-se) a economia já estará(ia) naturalmente em recuperação.
2) O efeito sobre o produto (e o emprego) depende em grande medida da despesa (e dos postos de trabalho directos) pelo que desse ponto de vista a construção, por exemplo, do TGV ou fazer e tapar buracos tem sensivelmente o mesmo efeito (na verdade como parte da despesa do TGV seria dirigida para importações fazer e tapar buracos teria provavelmente um efeito maior), mas naturalmente que os efeitos a médio longo prazo serão diferentes. Isto serve para dizer que mesmo numa conjuntura recessiva devem-se naturalmente privilegiar os projectos cuja rentabilidade económico-social seja superior, o que significa que a crise pode justificar que se antecipe o calendário de execução mas não justifica a dispensa de uma análise custo-benefício criteriosa.
3) A crise actual é, pelo menos na sua origem, uma crise financeira (não uma crise de sobreprodução) e Portugal está numa situação desvantajosa devido aos níveis de dívida pública e, sobretudo, de endividamento externo pelo que há que atender aos efeitos do esforço financeiro associado a esses (ou outros) projectos no custo de financiamento.

sábado, 1 de novembro de 2008

Indústria chinesa em queda?

A Bloomberg noticia hoje que a indústria transformadora chinesa está a desacelerar fortemente e pode estar já a contrair-se. A queda do consumo nos EUA e na Europa parece estar já a provocar uma forte redução da utilização da capacidade produtiva no leste asiático.

Recessão simultanea nos EUA, Europa e Japão ?

Os dados divulgados ontem revelam que o PIB dos EUA caiu 0,3% (valor anualizado) confirmando que a economia dos EUA estará já em recessão. O consumo privado caiu 3,1% e a FBCF 5,6% pelo que o resultado só não foi pior graças à balança externa (as exportações subiram 5,9% e as importações caíram 1,9%) e ao consumo público (+5,8%) impulsionado pelas despesas militares (que cresceram 7,5%).

Entretanto o indicador de sentimento económico na zona euro caiu em Outubro 7,1 pontos para 80,4 atingindo o nível mais baixo desde Novembro de 1993 (Em Portugal caiu 8,3 pontos para 79,0 situando-se em níveis próximos dos registados em 2003 ano em que o PIB caiu 0,8%), dando mais uma indicação de que podemos ter uma recessão simultânea nos EUA, na zona euro, no Reino Unido e provavelmente também no Japão.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

29 de Outubro de 2008

A Reserva Federal reduziu pela 9ª vez desde 17 de Agosto de 2007 a sua princicpal taxa de referência a taxa de referência. Desta vez a redução foi de 50 pontos base (em linha com as expectativas) fixando a taxa em 1%. No actual estado dos mercados monetário e de crédito os mecanismos de transmissão monetária estão de algum modo comprometidos pelo que é duvidoso que esta redução tenha um impacto significativo mas não deixa de ter um significado psicológico importante.

Entretanto, em mais uma medida excepcional, o FMI divulgou a criação de uma linha de crédito de auxílio às economias emergentes para fazer face a "problemas temporários de liquidez".

Foram hoje divulgados os números das economendas de bens duradouros de Setembro que surpreendentemente apontam para uma ligeira recuperação das encomendas face aos valores francamente maus de Agosto (que foram revistos em baixo) e para uma continuação da deterioração do investimento (excepto aeronaves).

Hungria recebe pacote de ajuda

A Hungria obteve um empréstimo de 20 mil milhões de euros (12,5 mil milhões do FMI, 6,5 mil milhões da União Europeia e mil milhões do Banco Mundial). Esta intervenção segue-se aos apoios do FMI à Ucrânia (16,5 mil milhões de dolares) e à Islândia (2,1 mil milhões de dólares). Além disso o FMI está presentemente em negociações com o Paquistão e a Bielo-Rússia.
No site do FMI informa-se que esta instituição dispõe actualmente de 200 mil milhões de dólares disponíveis para apoiar os países em dificuldades devido à crise financeira. A este ritmo resta saber se serão suficientes ou se será necessário "ajudar" o FMI.

A empresa mais "valiosa" do mundo

A Volkswagen era um dos títulos em que havia mais posições curtas, por duas razões: 1) arbitragem entre as acções ordinárias e acções preferenciais e 2) especulação na descida das acções dos construtores de automóveis devido à expectativa dos impactos da recessão económica. Sucedeu entretanto que a Porsche que se esperava que viesse a adquirir uma posição superior a 50% anunciou que tinha acções e opções correspondentes a quase 75% do capital da empresa. Como 20% do capital é detido pelo Estado da Bavária isso significa que haveria pouco mais de 5% de acções disponíveis (na verdade menos porque algumas serão detidas por index tracking funds) e o mercado foi surpreendido com a escassez de acções para liquidar as posições curtas existentes levando a uma subida da cotação para níveis astronómicos, transformando temporariamente na empresa mais valiosa do mundo em termos de capitalização bolsista e distorcendo a evolução dos índices em que está incluida nomeadamente o DAX (no qual a Volkswagen representava ontem mais de 25%) e o DJEurostoxx.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Nikkei no nível mais baixo desde 1982

Tudo aponta para que a Reserva Federal anuncie quarta-feira uma redução da taxa de juro de, pelo menos, 50 pontos base e o presidente do BCE afirmou hoje que "I consider possible that the Governing Council would decrease interest rates once again at its next meeting on the 6th of November", o que corresponde a uma (quase-)garantia de que o BCE irá descer a sua taxa de referência.

O Nikkei caiu mais 6,3% atingido o nível mais baixo dos últimos 26 anos e o iene prosseguiu a sua escalada face ao dólar e, sobretudo, face ao euro enquanto se agravam as dificuldades no Leste Europeu onde o FMI anunciou um empréstimo de 16,5 mil milhões de dólares à Ucrânia e está em negociações com a Hungria ao mesmo tempo que a Standard e Poor reviu em baixa os ratings da Letónia, Lituânia e Roménia.

Nos EUA as vendas de casas novas em Setembro foram inferiores em 33% às verificadas no ano anterior. Verificando-se todavia uma ligeira melhoria face a Agosto e uma redução do stock de casas novas no mercado.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Crise cambial

Um aspecto surpreendente desta crise é a velocidade com que ela se vai transformando. As notícias destes dias são definitivamente as economias emergentes e a evolução do mercado cambial. Leio rapidamente os jornais económicos e as notícias de subida das taxas de juro na Dinamarca (0,5 pp) depois da Hungria (3 pp) conjugado com a subida extraoridnária do iene, a queda extraordinariamente rápida do euro e o quase colapso cambial noutros países e temo com a ideia de que existe uma elevada probabilidade de muitas instituições financeiras e hedge funds serem severamente afectados.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Genial

Não percam este vídeo do Daily Show:
http://video.yahoo.com/watch/3725299/10238971

A história destes dois dias tem sido a valorização do dólar que parece ser movida por três factores:
1) a desalavancagem;
2) a melhoria da balança comercial americana devido à queda do preço do petróleo e à redução das importações em consequência da recessão;
3) a percepção de que a recessão / redução do crescimento fora dos EU vai ser mais grave e prolongada do que tinha sido previsto.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Spill-over effects

Estou em Bruxelas, onde basta um pequeno passeio para nos cruzarmos com "nomes" com ressonâncias à actual crise financeira (Fortis, Dexia, BNP, ...). Talvez por isso noto, confesso que com alguma surpresa, que o "ambiente" entre os meus colegas de outros países europeus é francamente pessimista, mesmo quase depressivo. Há obviamente quem tente brincar com a situação mas a reacção são alguns risos que não conseguem esconder algum nervosismo.

Segundo o FT (a minha principal fonte de informação diária quando estou no estrangeiro) o crescimento na China caiu para 9% no 3.º trimestre, enquanto na Índia o primeiro ministro indicou que o crescimento iria cair para 7-7,5%. Taxas ainda assim elevadas mas que indicam um arrefecimento acentuado, colocando em causa as expectativas (optimistas) de que o crescimento nas economias emergentes possa amortecer os efeitos da recessão nos EUA e na Europa. Entretanto, o FT tem publicado nestes últimos dias artigos que referem dois problemas que podem assumir proporções graves:
- as dificuldades no crédito à exportação, nomeadamente na Ásia e no Brasil;
- os elevados níveis de exposição ao risco cambial do sector privado em algumas economias emergentes.

Entretanto, nos EUA já se fala da necessidade de um estímulo fiscal de 150 mil milhões de euros. E na Europa seguem os anúncios de apoios financeiros na França (injecção de 10,5 mil milhões de euros nos seis maiores bancos), Finlândia (50 mil milhões de euros) e Suécia (150 mil milhões de euros), com a particularidade que neste caso uma das justificações parece ter sido os receios de perdas devido à exposição dos bancos suecos nos países bálticos.

Acedo à internet e numa olhadela pela Bloomberg leio a notícia de que a Argentina se prepara para nacionalizar os fundos de pensões.

sábado, 18 de outubro de 2008

Ainda sobre o OE para 2009

Percorrendo as medidas fiscais a única medida fiscal com impacto negativo significativo na receita fiscal será a redução de taxa do IRC através da criação de um escalão até 12.500 euros em que será aplicada uma taxa de 12,5%, o que se traduz numa poupança máxima de 1562,5 euros por empresa (o que utilizado as estatísticas do IRC para 2006 divulgadas pela DGCI corresponderá a uma redução de receita de 200-250 milhões de euros) e que apenas terá efeitos no final de 2009 - através do pagamento por conta - ou em 2010 - aquando da autoliquidação. Mas mais, como vai haver um aumento dos pagamentos por conta das empresas com volume de negócios superior a 500 mil euros, ora como são estas que pagam impostos isso significa que com esta medida o Governo deverá encaixar em 2009 pelo menos mais 150 milhões de euros (o que, diga-se de passagem, irá afectar a autoliquidação de 2010 prejudicando a receita desse ano). Na verdade a única medida de redução efectiva de carga fiscal do Governo em 2009 é a que resulta da decisão muito discutível de baixar a taxa do IVA de 21% para 20% que este ano apenas afectou a receita do 2º semestre mas que, no próximo ano, vai afectar a receita dos 12 meses (o que torna a previsão do IVA bastante mais optimista do que aparenta).
Do lado da despesa temos (na óptica da contabilidade nacional - pag 119 do Relatório) um aumento da despesa total de 3,0% (em linha com o crescimento do PIB nominal previsto) mas se repararmos a despesa com juros aumenta 14,4% (de 5.048 para 5.776 milhões de euros) pelo que a despesa primária apenas aumenta cerca de 2,2% (abaixo da taxa de inflação prevista). Ressalta, no entanto, uma coisa estranha que é a redução das despesas com pessoal superior a 12% (-2.591 milhões de euros). Através do jornal Público percebemos que tal se deve a uma alteração "contabilística" relacionada com o registo da contribuição financeira para a Caixa Geral de Aposentações (ou seja com o pagamento das pensões dos funcionários públicos). Então, corrigindo o valor das despesas com pessoal aplicando uma taxa de crescimento de 2,9% às despesas com pessoal em 2008 (o que corresponde a um aumento de 3.208 milhões de euros face ao valor constante do OE) e o aumento da despesa primária sobe para 6,6%.
Então onde é que a despesa aumenta ? Basicamente em duas rubricas: i) despesas de capital (1.358 milhões de euros +28,5%) e ii) prestações sociais (2.686 milhões de euros +8,2%), o elenco das aplicações desse aumento consta da pág. 7 e inclui o reforço do rendimento social de reinserção, a melhoria da retribuição mínima mensal e o complemento solidário para idosos (que será alargado a todos os idosos com mais de 65 anos e se afirma contribuir para um aumento do rendimento médio anual destes superior a 1.000 euros).
Ok. Mas se assim é e o excedente primário aumenta (de 1.352 para 1.926 milhões de euros - o que conjuntamente com o efeito do crescimento do PIB permite compensar a subida da despesa com juros) de onde surgem as receitas? E o segredo está nas contribuições sociais que no OE se prevê que se reduzam 1.684 milhões de euros mas que, considerando o efeito da alteração "contabilística", se verifica que afinal aumentam cerca de 7,8% (?), valor que salvo se verifique um aumento das taxas efectivas das contribuições sociais é francamente irrealista. Sem esse aumento, considerando uma taxa de crescimento dos salários de 3% e uma do emprego de 0,4% (estimativa do cenário macroeconómico do OE) a previsão de receita fica cerca de 800 milhões abaixo da orçamentada e o défice global aumenta para cerca de 2,7% do PIB.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Grandes projectos de investimento público

O Prof. Campos e Cunha escreveu hoje (mais) um bom artigo, no qual faz uma, quanto a mim, excelente análise da questão dos grandes projectos de investimento público, recordando que o investimento (público ou privado) apenas é desejável "se e só se for socialmente rentável" e insistindo na indispensabilidade de se (re)fazer uma análise social de custo-benefício e frisando o efeito perverso sobre os custos de financiamento do recurso às ditas Parcerias Público Privadas. E convém não esquecer que foi Ministro das Finanças deste Governo pelo que creio que saiba do que está a falar quando refere que "Em muitos casos essa análise de custo-benefício nem é para refazer mas para fazer pela primeira vez".

Este artigo é ainda interessante pela razão que chama a atenção para a diferença entre o PIB e o Rendimento Nacional Bruto que é algo que é ignorado pelo público em geral e muitas vezes esquecido pelos próprios economistas.

Construção de habitação e confiança dos consumidores descem nos EUA

O indicador de confiança dos consumidores divulgado pela Universidade de Michigan desceu de 70,3, em Setembro, para 57,5 em Outubro.
Enquanto isso as licenças de construção para habitação foram em Setembro 38,5% inferiores às concedidas 12 meses atrás e o número de casas começadas a construir está a cair em termos homológos 31,1% (valor que sobe para 41,1% quando consideramos apenas as casas unifamiliares). Relativamente aos dados de construção é de salientar que os números hoje divulgados confirmam a tendência de agravamento da taxa de redução de actividade que já se tinha registado em Agosto e, por outro lado, que se verificou um aumento do número de unidades concluídas face ao mês anterior.
Em qualquer dos casos os níveis divulgados estão abaixo dos que se verificaram na recessão de 1990-1991.

PS: Apesar de ainda muito altas (por exemplo, a Euribor a 3 meses está nos 5,05% quando normalmente deveria estar próximo dos 3,75%) as taxas de juro do mercado interbancário continuaram hoje a descer.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

16 de Outubro de 2008

Nos EUA o indice de preços no consumidor manteve-se em Setembro inalterado face ao mês anterior, enquanto que a Reserva Federal revelou que a produção industrial caiu 2,8% enquanto que um inquérito aos construtores (www.nahb.org/hmi) aponta para a continuação da deterioração nesse sector.

Entretanto, a Suíça anunciou a injecção de 59 mil milhões de dólares no banco UBS. O BCE concedeu um empréstimo de 5 mil milhões de euros ao Banco Central da Hungria e foi anunciado que a Ucrânia está a negociar com o FMI um empréstimo de 10 a 15 mil milhões de dólares.

Em Nova Iorque continua a montanha russa das cotações com o Dow a registar uma diferença entre o máximo e mínimo superior a 800 pontos (!) mas a fechar com uma subida de 4,7%.

PS: O Brent fechou nos 70 dólares !

Sessão de formação do Magalhães

No seu blog Paulo de Carvalho publica um artigo em que descreve uma acção de formação relacionada com o computador Magalhães (http://paulocarvalhotecnologias.wordpress.com/2008/09/29/deformacao-%c2%abmagalhaes%c2%bb/) que se for um retrato fiel do que se passou é quase surrelista.

Notícias dos EUA

Os valores das vendas a retalho hoje publicados apontam para uma quebra de 1,2% em Setembro face ao mês anterior (em Agosto a quebra foi de 0,4% face a Julho). E o famoso Beige Book (http://www.federalreserve.gov/FOMC/BeigeBook/2008/Default.htm) hoje divulgado indica que "economic activity weakened in September across all twelve Federal Reserve Districts. Several Districts also noted that their contacts had become more pessimistic about the economic outlook. Consumer spending decreased in most Districts, with declines reported in retailing, auto sales and tourism. Nearly all Districts commenting on nonfinancial service industries noted reduced activity. Manufacturing slowed in most Districts. Residential real estate markets remained weak, and commercial real estate activity slowed in many Districts. Credit conditions were characterized as being tight across the twelve Districts, with several reporting reduced credit availability for both financial and nonfinancial institutions. District reports on agriculture and natural resources were mostly positive, although adverse weather associated with hurricanes Ike and Gustav negatively affected the South and the Midwest."

Entretanto, os bancos JPMorgan e Wells Fargo deram indicações de que se está já a assistir a uma deterioração significativa do crédito ao consumo (http://www.bloomberg.com/) e surgiram notícias de que alguns hedge funds estariam numa posição complicada (http://www.cnbc.com/id/27204824).

Isto num dia em que o presidente da Reserva Federal afirmou que "Stabilization of the financial markets is a critical first step, but even if they stabilize as we hope they will, broader economic recovery will not happen right away. Economic activity had been decelerating even before the recent intensification of the crisis. The housing market continues to be a primary source of weakness in the real economy as well as in the financial markets, and we have seen marked slowdowns in consumer spending, business investment, and the labor market. Credit markets will take some time to unfreeze. And with the economies of our trading partners slowing, our export sales, which have been a source of strength, very probably will slow as well. These restraining influences on economic activity, however, will be offset somewhat by the favorable effects of lower prices for oil and other commodities on household purchasing power. Ultimately, the trajectory of economic activity beyond the next few quarters will depend greatly on the extent to which financial and credit markets return to more normal functioning." (meu sublinhado). E noutra conferência o Vice-Presidente da Reserva federal Donald Kohn referiu "the most probable scenario as one in which the performance of the economy remains subpar well into next year and then gradually improves in late 2009 and 2010".

Perante estas notícias o S&P 500 caiu 9%. E, apesar disso, os yields de obrigações a 10 anos caíram apenas muito ligeiramente (http://finance.yahoo.com/q?s=%5ETNX).

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Orçamento do Estado para 2009

O exercício de definição do cenário macroeconómico para o OE é sempre um exercício com elevada componente política, é natural que o Governo procure fomentar um clima de confiança que, para ser eficaz, tem simultaneamente de ser credível. É pois de esperar que o cenário se enda a situar próximo (ou até ligeiramente acima) do limite máximo dos intervalos de confiança. E neste aspecto acho que se pode considerar que o cenário do OE para 2009 cumpre.
Se relativamente à taxa de inflação me parece que a estimativa de 2,5% será realista - sendo até possível que se venha a situar abaixo deste valor (saliente-se a este propósito que se baseia num preço do barril de petróleo de 97,3 USD) - a estimativa de 0,6% para o crescimento do PIB é claramente optimista, baseando-se num contributo da procura interna (+0,9%) sustentado pelo consumo privado (+0,8%) e no investimento (+1,5%), ora se a estimativa para o consumo privado sendo optimista não será irrealizável já duvido que haja condições para que as expectativas de crescimento do investimento se venham a materializar.
Mas onde me parece que o cenário é francamente optimista é quanto à evolução do mercado de trabalho, uma vez que, infelizmente, quer a evolução do emprego (+0,4%) quer o nível de taxa de desemprego (7,6%) me parecem irrealistas face ao crescimento esperado.

Ainda quanto ao OE devo confessar que estranho os comentários de que se trata de um orçamento expansionista. Francamente não vejo como é que um orçamento em que o consumo público (+0,2%) cresce abaixo do PIB e em que com um crescimento de 0,6% (portanto, pelo menos espera-se abaixo da taxa de crescimento potencial) se prevê que o nível do défice se mantenha inalteraldo (-2,2% do PIB) pode ser considerado como expansionista ou sequer neutral. Importa não esquecer que perante a desaceleração do crescimento económico os estabilizadores automáticos tenderiam a provocar um aumento do défice pelo que estamos perante um orçamento contraccionista. Seria desejável que fosse de outro modo ? Se olharmos apenas para a taxa de crescimento económico e o desemprego a resposta tenderia a ser sim, mas se recordarmos os níveis do défice da balança corrente (-9,5% do PIB em 2007) parece-me que se justifica esta opção.

Isto como é óbvio significa que a política fiscal não é (nem podia ser) tão favorável às famílias e empresas como parece que se pretende fazer crer. Com efeito, uma leitura rápida do relatório do OE permite descobrir que a taxa de crescimento do IRS (+0,4% o que seria claramente abaixo do cresimento esperado do crescimento dos rendimentos nominais) aumenta para cerca de 4,7% (portanto, aproximadamente em linha com o crescimento dos rendimentos nominais) quando se considera o efeito da participação variável dos municípios no IRS (pag 145 do Relatório) e relativamente ao IRC descobrimos (pag 146) que a redução prevista da receita (-0,9%) "contribui essencialmente a esperada diminuição da autoliquidação das empresas a efectuar em 2009" (ou seja, traduzindo, a redução dos lucros relativos ao exercício de 2008). Estamos, pois, perante um orçamento que no que aos impostos directos diz respeito é, fundamentalmente, um orçamento neutral (que não aumenta nem reduz esses impostos).

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Yields das obrigações sobem

Os yields das obrigações do tesouro aumentaram hoje significativamente reflectindo por um lado a redução dos riscos de depressão económica (o que é positivo) mas também as preocupações como o aumento da dívida pública e os riscos de inflação a prazo (o que não é positivo). É ainda demasiado cedo para tirar conclusões sobre qual destes aspectos é o mais importante, mas é um mercado a seguir com atenção.

Esta semana vão sair alguns dados macroeconómicos usualmente bastante importantes (taxa de inflação, vendas a retalho, produção industrial, housing starts e confiança dos consumidores). A relevância destes indicadores é de certo modo relativizada pela evolução frenética da situação mas de qualquer forma permitirão formar uma ideia mais precisa da situação da economia dos EUA antes do climax da crise financeira.

Não resisto a citar o seguinte trecho da declaração conjunta do Tesouro, Reserva Federal e FDIC: "We are pleased to announce that nine major financial institutions have already agreed to participate in both the capital purchase program and the FDIC guarantee program. We appreciate that these healthy institutions (?) are taking these steps to strengthen their own positions and to enhance the overall performance of the U.S. economy." (Sem comentários.)

Entretanto Macro-Man fez uma lista das maiores variações diárias do DJIA e do S&P500 (http://macro-man.blogspot.com/) que mostra que nos últimos 90 anos o nível de variações que temos assistido só tem precedentes em 1929-1933 e 1987.

PS: Apenas como curiosidade o principal indice da Islândia que reabriu hoje caíu 77,4%.

Não é caso para euforias

O S&P500 subiu ontem 11,6% (fechou acima dos 1000 pontos) e está a subir nos mercados de futuros.

Depois de ontem o Reino Unido ter adquirido posições no Royal Bank of Soctland, HBOS e no Lloyds (o Barclays anunciou que pretende um aumento de capital de 6,5 mil milhões de libras mas espera consegui-lo fazer no mercado), a Bloomberg noticia que os EUA poderão "investir" 125 mil milhões de dolares na aquisição de participações no Citigroup, Goldman Sachs, Wells Frago, JP Morgan, Bank of America, Merrill Lynch, Morgan Stanley, State Street e no Mellon e que o Fortis vai receber 14,4 mil milhões de euros da "venda" de activos aos Governos da Bélgica e da Holanda e ao BNP.

As medidas tomadas são um claro sinal de que os Governos estão dispostos a tudo para evitar o colapso do sistema financeiro, mas os problemas estruturais continuam por resolver (as perspectivas de crescimento na Europa e no EUA não melhoraram milagrosamente em virtude destas medidas). Além disso, não é ainda claro o impacto destas medidas no mercado de crédito. E, finalmente, será preciso ter atenção aos efeitos secundários das medidas tomadas nomeadamente nas contas públicas o que terá reflexos nos yields da dívida pública. O pior cenário está afastado mas continuamos num quadro de elevada incerteza que não deixa margens para euforias.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Sinais positivos

Os bancos centrais estão a ceder uma quantidade ilimitada (!) de dólares no mercado e o Reino Unido injectou 64 mil milhões de dólares em três grandes bancos (http://www.cnbc.com/id/27153245).

A reacção dos mercados está a ser bastante positiva às medidas tomadas e os futuros dos mercados americanos estão bastante positivos mas mais importante parece que finalmente as taxas do mercado monetário interbancário estão a baixar.

domingo, 12 de outubro de 2008

Declaração da cimeira zona Euro

Os parágrafos fundamentais parecem ser:
1. "Governments would make available for an interim period and on appropriate commercial terms, directly or indirectly, a Government guarantee, insurance, or other similar arrangements of new medium term (up to 5 years) bank senior debt issuance."
2. "to allow financial institutions to continue to ensure the proper financing of the Eurozone economy, each Member State will make available to financial institutions Tier 1 capital, e.g. by acquiring preferred shares or other instruments including non dilutive ones. Price conditions shall take into account the market situation of each involved instution. Governments commit themselves to provide capital when needed in appropriate volume while favouring by all available means the raising of private capital."
São claramente medidas concretas e no sentido correcto. Faltou apenas o anúncio de um fundo europeu. Temos de esperar pelos detalhes dos planos nacionais que irão concretizar este anúncio e por um aumento da clareza em Washington. Vamos provavelmente (continuar a) ter uma grande volatilidade nas acções do sector bancário mas estou moderadamente optimista quanto à reacção dos mercados europeus da zona euro e do Reino Unido quando abrirem amanhã e menos pessimista quanto à evolução do euro. Quanto aos restantes mercados e ao que sucederá no mercado cambial (nomeadamente às moedas dos países emergentes) o melhor é mesmo esperar para ver.

E se "salvar" os bancos não for suficiente ?

(Re)lendo o relatório do FMI (Global Financial Stability Report) notei (pag. 24) que do 1,4 milhões de milhões de dólares de estimativas de perdas "apenas" 725-820 mil milhões (ou seja cerca de 55%) afectam os balanços dos bancos. Do restante, 150-250 mil milhões (ou seja cerca de 14,3% do total) afectam seguradoras, 125-250 mil milhões (13,4%) fundos de pensões, 100-135 mil milhões (8,4%) o Governo dos EUA através da Fannie Mae e Freddie Mac e finalmente 115-225 mil milhões (12,1%) hedge funds e outras instituições, a respeito dos quais Nouriel Roubini refere o seguinte:
"the "shadow banking system” (as defined by the PIMCO folks) or more precisely the “shadow financial system” (as it is composed by non-bank financial institutions) will soon get into serious trouble. This shadow financial system is composed of financial institutions that – like banks – borrow short and in liquid forms and lend or invest long in more illiquid assets. This system includes: SIVs, conduits, money market funds, monolines, investment banks, hedge funds and other non-bank financial institutions. All these institutions are subject to market risk, credit risk (given their risky investments) and especially liquidity/rollover risk as their short term liquid liabilities can be rolled off easily while their assets are more long term and illiquid. Unlike banks these non-bank financial institutions don’t have direct or indirect access to the central bank’s lender of last resort support as they are not depository institutions. Thus, in the case of financial distress and/or illiquidity they may go bankrupt because of both insolvency and/or lack of liquidity and inability to roll over or refinance their short term liabilities. Deepening problems in the economy and in the financial markets and poor risk managements will lead some of these institutions to go belly up: a few large hedge funds, a few money market funds, the entire SIV system and, possibly, one or two large and systemically important broker dealers. Dealing with the distress of this shadow financial system will be very problematic as this system – stressed by credit and liquidity problems - cannot be directly rescued by the central banks in the way that banks can."

Salvar os nossos empregos e poupanças

É o título de uma pequena publicação (40 páginas) disponível on-line (http://www.voxeu.org/reports/crisis/crisis.pdf) que reune comentários de vários economistas sobre o que deve ser feito. Parece existir um grande consenso em torno de duas grandes ideias:
- recapitalizar os bancos (a maiorira parece preferir que isso seja feito através de acções preferenciais);
- garantir os empréstimos interbancários.

PS: Relativamente à forma de concretizar as garantias do mercados interbancários a maioria - e é essa também a minha posição - parece entender que os países deveriam garantir os empréstimos interbancários contratados pelos seus bancos nacionais (ou seja, garantir os passivos dos seus bancos) o que reduziria o risco dos bancos que lhes emprestassem dinheiro. No entanto, Daniel Gros defende no Vox que seria preferível que cada Estado garantisse os empréstimos interbancários concedidos pelos seus banco (ou seja os activos). Em teoria acho que ambas as soluções poderiam funcionar mas continuo a preferir a garantia dos passivos que na prática corresponde a obrigar os governos utilizando uma expressão inglesa "put their money where they mouth is". Os sistemas de supervisão são nacionais e temos ouvido os vários governos a assegurar que os seus bancos não estão em situação de insolvência o que se for verdade implicaria que a garantia desses passivos não teria custos para os orçamentos nacionais (na prática até poderia ter um efeito positivo na medida em que cobrem algo por essa garantia). Enquanto que garantir os activos apresenta riscos muito mais elevados para os orçamentos pois significa exporem-se ao risco de insolvência dos bancos de outros países. O principal argumento a favor de garantir os activos poderá ser o de que não resolve os problemas dos bancos dos países que não estejam em condições de dar essa garantia (ou em que ela não seja credível). Se isso suceder acho que a solução seria algum mecanismo de auxílio internacional a esses Estados (por exemplo, a criação de linhas de crédito).

Luz ao fundo do túnel ?

O Financial Times (www.ft.com) noticia que a Alemanha está a preparar um plano de 300 mil a 400 mil milhões de euros, em que pelo menos uma parte serviria para recapitalizar os bancos. A ideia parece ser implementar um plano semelhante ao do Reino Unido. É perceptível que nos EUA, Reino Unido e Europa existe um reconhecimento da urgência da situação e da necessidade de ter algo de específico para tranquilizar os mercados antes da sua abertura 2ª feira.

sábado, 11 de outubro de 2008

Blame game ?

De acordo com a Bloomberg o presidente do BCE disse que as medidas para aumentar a liquidez (?) o um membro do conselho do BCE terá dito (http://www.bloomberg.com/apps/news?pid=20601087&sid=amURjxZ_IVzA&refer=home) que os mercados têm de aceitar que estas medidas precisam de tempo para funcionar. Sou capaz de compreender perfeitamente a situação dos banqueiros centrais e ministros de finanças, estão em face de uma situação extremamente complicada para a qual não estavam minimamente preparados. O problema é que: 1) as medidas não estão a funcionar; 2) há cada vez mais sinais de que a situação nos mercados monetário e de crédito está a estrangular a "economia real" e quanto mais essa situação se prolongar maior o impacto sobre a actividade económica e os lucros e portanto menores as valorizações e maiores os riscos de falência (basta ver o que está a suceder com os construtores automóveis americanos).

Update: As contínuas referências a liquidez faz-me ter a impressão de que ainda não perceberam a gravidade da situação. No fundo os banqueiros centrais foram "treinados" para isso, os instrumentos que possuem são dirigidos a controlar a liquidez, tem funcionado no passado e parece que no fundo continuam à espera que acabem por funcionar. É como alguém que sempre se habituou a abrir a que a água corresse quando abria a torneira e tem uma ruptura no cano de abastecimento mas continua a abrir cada vez mais a torneira sempre à espera que a água corra.

Declaração do G7 e do Secretário de Estado Paulson

Para além de carecer de medidas concretas a Declaração do G7 (http://www.treas.gov/press/releases/hp1195.htm): "We agree to:
1. Take decisive action and use all available tools to support systemically important financial institutions and prevent their failure.
2. Take all necessary steps to unfreeze credit and money markets and ensure that banks and other financial institutions have broad access to liquidity and funding.
3. Ensure that our banks and other major financial intermediaries, as needed, can raise capital from public as well as private sources, in sufficient amounts to re-establish confidence and permit them to continue lending to households and businesses.
3. Ensure that our respective national deposit insurance and guarantee programs are robust and consistent so that our retail depositors will continue to have confidence in the safety of their deposits.
4. Take action, where appropriate, to restart the secondary markets for mortgages and other securitized assets. Accurate valuation and transparent disclosure of assets and consistent implementation of high quality accounting standards are necessary. "
Sinceramente soa-me demasiado vaga e dúbia. Parece-me longe daquilo que o mercado exigia.

Na dedclaração do Secretário do Tesouro Paulson (http://www.treas.gov/press/releases/hp1194.htm) "we finalized an aggressive action plan to address the turmoil in global financial markets and the stresses on our financial institutions" mas depois refere "This action plan provides a coherent framework that will direct our individual and collective policy steps to provide liquidity to markets, strengthen financial institutions, protect savers, and enforce investor protections." ou seja parece que se está a referir a uma estratégia enão a medidas concretas.

A outra parte importante é quando ele refere: "We are developing strategies to use the authority to purchase and insure mortgage assets and to purchase equity in financial institutions, as deemed necessary to promote financial market stability. As we develop plans to purchase equity, as in the approach we are taking to broad mortgage asset purchases, we are working to develop a standardized program that is open to a broad array of financial institutions. Such a program would be designed to encourage the raising of new private capital to complement public capital. Consistent with the legislation, any equity the government purchases through a broadly available equity program would be on a non-voting basis, except with respect to the market standard terms to protect our rights as investors." A parte positiva consiste no reconhecimento da necessidade de recapitalização, a parte julgo que menos positiva é que os montantes disponíveis vão ser repartidos com a compra de activos hipotecários e subsiste a esperança de encontrar fundos privados significativos disponíveis o que não me parece particularmente realista e sobretudo, parece afastar a hipótese de uma nacionalização temporária que me parece que seria a solução mais lógica e efectiva.

EUA anunciam plano para recapitalizar o sistema financeiro

O Secretário de Estado do Tesouro dos EUA anunciou que o G-7 acordou um "plano de acção agressivo" (sem no entanto apresentar detalhes) e que os EUA vão injectar capital nos bancos "o mais depressa possível" http://www.cnbc.com/id/15840232?video=885439561&play=1.

Entretanto foi anunciada uma cimeira extraordinária dos chefes de Estado e de governo dos países da zona Euro para "definir em conjunto um plano de acção da zona euro com o Banco Central Europeu (BCE) para enfrentar a crise financeira” (http://economia.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1345638).

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Algumas notas

Hoje tivemos mais uma sessão marcada pela volatilidade com o S&P500 a transaccionar entre um mínimo de 839,8 e um máximo de 936,36 pontos ou seja num intervalo de quase 100 pontos e mais de 10% o que é verdadeiramente impressionante. Apesar de ter contido as perdas fechando com uma queda de "apenas" 1,2% convém não esquecer que esta foi a 8.ª sessão consecutiva de queda e que este mês o S&P500 caiu quase 23% e está 42,5% abaixo do máximo histórico (cotação de fecho) registado em 9-Out-2007 ou seja há um ano.

Entretanto os mercados monetário e de crédito permaneceram bloqueados (a Euribor desceu mas apenas marginalmente, a Libor do dólar subiu) e assistiu-se a um agravamento substancial da situação nos mercados emergentes: Ásia, América Latina e Europa de Leste com um claro aumento da turbulência nos mercados cambiais.

Uma situação a seguir com atenção é o comportamento das obrigações do tesouro americano. Apesar da quebra da bolsa, do aumento dos riscos de recessão e da redução dos riscos de inflação os yields das obrigações a 10 anos aumentaram pela 4.º dia consecutivo, o que pode resultar 1) da crise de liquidez estar a forçar liquidações dos portfolios de obrigações e/ou 2) dos mercados estarem já a antecipar o impacto das intervenções públicas para resgatar os bancos sobre o stock de dívida pública.

Entretanto, as notícias do G-7 e dos EUA indiciam que os políticos estão com sérias dificuldades em definir iniciativas que reanimem o mercado de crédito e não querendo ser pessimista a minha sensação é que a de que hoje a evolução só não foi mais negativa porque o mercado está na expectativa de que surjam essas medidas.

Bolsas afundam e riscos aumentam

Apesar das quedas pronunciadas (http://economia.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1345550) não estamos a assistir a queda descontrolada. Ao contrário do que ocorre noutros países nomeadamente na Rússia no extermo oriente (http://www.bloomberg.com/apps/news?pid=20601095&sid=aIRkZtjYd5FQ&refer=east_europe) na India (http://www.bloomberg.com/apps/news?pid=20601080&sid=anzsQUDoaTqU&refer=news), na Ucrania - onde o governo teve de assumir o controlo do 6.º banco do país e está numa situação muito delicada (http://www.bloomberg.com/apps/news?pid=20601095&sid=aDI2OvZSZBX0&refer=east_europe) e na Hungria (http://www.bloomberg.com/apps/news?pid=20601095&sid=aaHAbx5z5so0&refer=east_europe). Começa a ser evidente que alguns países (para além da Islândia) que provavelmente vão precisar de mais de uma década para superar esta crise e os riscos associados a toda esta turbulência são tremendos. A probabilidade de grandes instituições (bancos, seguradoras ou hedge funds) se defrontarem com uma posição insustentável é muito significativa.

O único ponto positivo é que apesar de se sentir a preocupação, não existe (ou pelo menos não é visível por enquanto) uma situação de pânico na Europa e dadas as proporções das quedas quase que podemos falar numa estranha tranquilidade, diria que predomina um sentimento de impotência e alguma incredulidade.

Update: Acabei agora de me aperceber que o S&P500 já caiu 22% neste mês. Se fechasse neste nível (909 pontos) seria o pior registo mensal desde, pelo menos, 1958 e seria a maior queda em 12 meses desde Setembro de 1974 (por muito pouco pois nesse mes registava-se uma queda anual de 41,4% face aos 41,3% actuais).

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

A raiz dos problemas

Numa dia em que, apesar da descida coordenada das taxas de juro por uma dezna de bancos centrais, se assistiu a mais uma sessão negativo nas bolsas europeias http://economia.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1345475 e em que o S&P500 e o Dow cairam mais de 7% e as condições do mercado monetário não revelaram sinais positivos acho que o mais importante é tentarmos compreender o que está por detrás a suceder.

Assumamos um banco típico que financia o seu activo com 95% dívida (parte substancial de curto prazo) e 5% de capitais próprios. E imaginem que uma parte dos seus activos, por exemplo 30%, são créditos hipotecários. Os gestores deste banco acreditavam na máxima de que "Os preços do imobiliário nunca descem". Hoje em dia pode parecer absurdo mas devemos recordar que o Presidente da Reserva Federal Alan Greenspan disse por diversas vezes que "Housing price bubbles presuppose an ability of market participants to trade properties as they speculate about the future. But upon sale of a house, homeowners must move and live elsewhere. This necessity, as well as large transaction costs, are significant impediments to speculative trading and an important restraint on the development of price bubbles. Overall, while local economies may experience significant speculative price imbalances, a national severe price distortion seems most unlikely in the United States, given its size and diversity."
Sucede porém que inesperadamente (pelo menos para esses gestores, para os accionistas do banco e para os seus depositantes e credores) os preços das casas descem 10% e se descobre que os devedores não têm rendimentos (na verdade nunca ninguém se deu sequer ao trabalho de lhes perguntar - o banco tinha aderido à prática de conceder os designados empréstimos NINJA - No Income No job No Asset). Ou seja, os seus activos desvalorizam-se 3% e os capitais próprios passam a corresponder a apenas 2% dos seus activos, o risco de insolvência aumenta e o banco passa a ter dificuldade em obter financiamentos. A solução é obviamente aumentar o capital. Sucede porém que entretanto o mercado imobiliário continua a cair (entre outras razões porque este banco e outros tomaram posse das casas dos incumpridores e colocaram-nas no mercado) e os seus activos voltam a desvalorizar-se colocando o banco numa solução próxima da insolvência e que o banco não consegue reforçar os seus capitais próprios no mercado ficando com um rácio de solvabilidade de, digamos, 2,5%. Naturalmente que os seus credores, nomeadamente outros bancos vão voltar a ter relutância em emprestar-lhe fundos, colocando o banco numa situação de não poder satisfazer os seus compromissos de curto prazo porque não consegue fazer o roll-over da sua dívida. Ou seja, um problema de insolvência transformou-se num problema de liquidez. Os gestores do nosso banco só têm uma saída que é a de "liquidar" os seus activos, pelo que vão reduzir o crédito concedido (desalavancar o seu balanço) de forma a tentar recuperar os seus rácios de solvabilidade e tentar obter o máximo de meios líquidos possíveis para poder fazer face a levantamentos de depositantes e ao reembolso dos passivos que forem vencendo. A questão é que a recuperação do rácio de solvabilidade de 5% teria que reduzir os seus activos (créditos) para metade. Sucede ainda que o nosso banco não é o único nesta situação e portanto todos os bancos tendem a recusar ceder crédito a outros bancos (ou a só fazê-lo por prazos muito curtos e a taxas elevadas) porquanto: 1) têm receio que os bancos a quem emprestarem fundos caiam numa situação de insolvência; 2) pretendem conservar os seus fundos para fazer face a levantamentos de depósitos e rembolsar os passivos que forem vencendo já que sabem que será muito dificil fazer o respectivo roll-over.
O banco centrais podem eliminar a justificação 2) com alguma facilidade, bastando garantir que disponibilizarão a liquidez necessária aos bancos solventes (cumprindo a sua função tradicional de "lender of last resort"). A eliminação da justificação 1) já implica, todavia, uma resposta mais heterodoxa e teoricamente pode ser prosseguida de duas formas: a) trocando os activos "arriscados" por activos seguros por forma a que os outros bancos deixem de ter dúvidas quanto à solvência dos bancos a quem emprestem - é esta basicamente a ideia subjacente ao plano Paulson; b) aumentando os capitais dos bancos por forma a que deixem de subsisitir dúvidas quanto à solvência dos bancos através de injecção de capitais - é isto basicamente que fizeram os belgas e holandeses e o Reino Unido está a tentar fazer.
Note-se que para que a opção a) funcione por si só seria necessário que os activos "arriscados" fossem comprados a um preço que permitam que os rácios dos bancos sejam satisfatórios. Ou seja, que esses activos sejam adquiridos por um preço superior ao (valor implicito) que os mercados lhes atribuem. A ideia do plano Paulson era a de que esses activos estariam a ser subavaliados pelo mercado e portanto seria possível que o Estado os adquirisse por um preço que permitisse simultaneamente assegurar a solvência dos bancos e sem custos para o Estado (na medida em que o Estado poderia recuperar o valor aplicado na aquisição através da venda desses activos quando o seu valor recuperasse ou mantendo-os até à maturidade).
Existem no entanto vários problemas (para além dos montantes colossais envolvidos): 1) a penalização dos accionistas e gestores que tem sido exigida implica que estes tentem fazer tudo para que os respectivos bancos não sejam auxiliados e que portanto tentem resolver por si só os seus próprios problemas contraindo o crédito e mantendo uma posição de liquidez muito forte; 2) na sequência dos problemas os mercados não estão dispostos a aceitar rácios de solvabilidade que se verificavam antes da crise (exigindo rácios superiores) o que implica igualmente cortes de activos; 3) este processo está associado uma destruição de riqueza considerável (redução do valor do imobiliário - que está na raiz do problema) e do valor dos títulos dos bancos agravada pelos efeitos indirectos resultantes dessa quebra no preço de outros activos; 4) a redução do crédito (ou, pelo menos da taxa de crescimento do crédito) e a destruição de riqueza referida é por si só suficiente para provocar uma desaceleração do crescimento (ou até mesmo uma recessão) que agrava a dificuldade de resolver o processo podendo mesmo criar-se um ciclo vicioso; 5) associado a este processo existe a necessidade de reafectação de recursos dentro da economia (nomeadamente dos sectores da construção e financeiro para outros sectores) e reequilíbrios das taxas de poupança-investimento a nível internacional.
Neste contexto, o melhor que se pode esperar é que o processo de ajustamento seja o menos caótico possível e que a recessão seja relativamente benigna.