quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
Poupança das famílias portuguesas
Indice Case-Shiller
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
Exportações japonesas caem 27%
Entretanto na Europa a Irlanda anunciou um apoio de 5,5 mil milhões de euros aos seus três maiores bancos tendo nacionalizado o Anglo Irish Bank, no qual o Estado passou a deter 75% dos direitos de voto. Nos outros dois bancos (Bank of Ireland e Allied Irish) o Estado passa a deter 25% dos direitos de voto nas questões estratégicas.
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
Banco do Japão corta taxa de juro
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
Índice de preços na Europa
Nos últimos dias têm-se registado variações muito substanciais nas taxas de juro e cambiais. Com efeito, os yields dos títulos do Tesouro dos EUA estão em valores excepcionalmente baixos em todos os prazos com o yield dos títulos a 10 anos a cair para 2,19%, fenómeno que também se verifica na Europa com o yield das obrigações a 10 anos dos títulos alemães a cair abaixo dos 3%. Paralelamente nos últimos dias observou-se uma desvalorização muito substancial do dólar face ao euro (o euro atingiu hoje 1,44 quando há um mês se situava nos 1,25-1,27) e ao iene (que se cotou hoje abaixo dos 88 ienes por dólar).
E, finalmente, apesar do anúncio pela OPEP de um corte de 2,4 milhões de barris e da desvalorização do dólar o petróleo caiu para os 40 USD.
Índice de preços nos EUA caí
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
Reserva Federal desce taxa de juro
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Produção industrial nos EUA
domingo, 14 de dezembro de 2008
Vendas a retalho nos EUA
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Tesouro dos EUA coloca bilhetes do tesouro a taxa zero
PIB nacional caiu 0,1% no 3º trimestre
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
Sobre a actual crise financeira (parte I). O fim do capitalismo ?
E apesar dessas medidas tivemos falências bancárias, uma "destruição" massiva de capital (segundo o Economist desta semana a capitalização bolsista mundial terá caído 30 milhões de milhões de dólares desde o auge, e o valor das casas terá descido no último trimestre em 23 de 45 mercados analisados) e ter-se-ão já perdido milhões de postos de trabalho.
Perante este cenário de quase-catastrofe tenho assistido a alguma pressa em anunciar, muitas vezes com satisfação, que a actual crise assinala o fim do capitalismo ou pelo menos o descrédito da "corrente económica dominante".
Neste contexto, importa recordar que esta não é a primeira crise do capitalismo. Kindleberger contabiliza ("Manias, Panics and Crashes", 3.ª ed., 1996) 34 crises financeiras no período 1618-1990 e desde então poderiamos acrescentar, pelo menos, mais 3 (a crise financeira asiática de 1997, o crash dot-com de 2000 e a actual crise), sendo que o "sistema capitalista" conseguiu sobreviver a todas elas. E a razão reside na fantástica capacidade intrinseca do "sistema capitalista" se adaptar, a qual deriva da superior flexibilidade que decorre de se basear em decisões económicas descentralizadas e da sua intima relação com a democracia. A história revelou as fragilidades desse sistema, nomeadamente a importância de instituições (nomeadamente, estatais) que intervenham no sentido de moderar a desigualdade na distribuição dos rendimentos e de estabelecer mecanismos de regulação.
Como referiu George W. Bush, em 13 de Novembro : "like any other system designed by man, capitalism is not perfect. It can be subject to excesses and abuse. But it is by far the most efficient and just way of structuring an economy. At its most basic level, capitalism offers people the freedom to choose where they work and what they do, the opportunity to buy or sell products they want, and the dignity that comes with profiting from their talent and hard work. The free market system provides the incentives that lead to prosperity -- the incentive to work, to innovate, to save, to invest wisely, and to create jobs for others. And as millions of people pursue these incentives together, whole societies benefit".
Tal como a história também revela isso não significa que a "sobrevivência" do capitalismo esteja assegurada. Mas apenas que a melhor opção será tentar corrigir as falhas que esta crise evidenciou, salvaguardando os elementos essenciais do sistema capitalista.
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
Desemprego nos EUA sobe para 6,7%
Paralelamente, confirmando a seriedade das dificuldades, a Bloomberg noticia que um em cada dez propritários americanos viu a sua hipoteca executada ou está atrasado no pagamento das prestações.
Krugman assustado
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
Plano de apoio ao sector automóvel
Juros descem na Europa
Entretanto, o Banco de Inglaterra desceu as suas taxas 1 pp (para 2%) e colocou um tom particularmente pessimista: "Consumer spending and business investment have stalled, while residential investment has continued to fall. Activity indicators in the rest of the world have also weakened, though the further depreciation in sterling should moderate the impact of weaker global growth on the United Kingdom. And a number of fiscal measures to boost near-term demand are in train, both in the United Kingdom and overseas. Despite the actions taken to raise bank capital, ease funding and improve liquidity, conditions in money and credit markets remain extremely difficult. The Committee noted that it was unlikely that a normal volume of lending would be restored without further measures."
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
Industria automóvel à beira do colapso ?
Nos EUA as vendas da Chrysler terão caído 47%, da GM 41% e da Ford 31%, com a GM a indicar que precisa de 4 mil milhões de USD para pagar as contas deste mês. E nem os construtores japoneses "escapam" à crise tendo registado quedas superiores a 30% (Nissan 42%, Toyota 34% e Honda 32%).
EUA em recessão desde Dezembro de 2007
Enquanto isso o NBER declarou "oficialmente" que os EUA estão em recessão desde Dezembro de 2007.
Os yields das Obrigações do Tesouro dos EUA cairam significativamente, com os títulos a 10 anos substancialmente abaixo dos 3% e os títulos indexados a 5 anos com um yield significativamente superior às não indexadas a indicar que o mercado "espera" que se venha a registar um fenómeno de deflação. Este fenómeno de descida dos yields apesar do aumento exponencial esperado nas emissões em consequência do aumento do défice parece estar, pelo menos parcialmente, alimentado pela expectativa confirmada hoje pelo presidente da Reserva Federal de que "the Fed could purchase longer-term Treasury or agency securities on the open market in substantial quantities".
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
Conjuntura económica degrada-se na União Europeia
Por países, as maiores quedas registaram-se nos países da Europa de Leste e Central, com quedas particularmente pronunciadas na Eslovénia (-29,8), Hungria (-21,7), Roménia (-12,3), Eslováquia (-11,7) e Áustria (-11,5). Pelo contrário, Itália (-1,2), França (-1,3) e Portugal (-1,7) foram os Estados com quebras menos pronunciadas. Entre os grandes países destaque ainda para as descidas no Reino Unido (-8,8), na Alemanha (-6,3) e em Espanha (-2,8), sendo que a Espanha e o Reino Unido registaram os valores mais baixos das respectivas séries.
Enquanto que por sectores é de realçar a queda nos serviços (-7,7) e na indústria (-6).
A degradação dos indicadores de confiança conjugada com as estimativas da inflação também ontem divulgadas e que apontam para uma descida da taxa de inflação de 3,2% em Outubro para 2,1% em Novembro, tornam quase certa uma nova redução significativa (pelo menos 0,5 pp) das taxas de juro de referência do BCE.
PS: Os últimos dados publicados pela Comissão Europeia relativamente à Irlanda datam de Abril (!!!), altura em que o indice de confiança na construção tinha colapsado de -46 para -69.
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
Os efeitos da crise sobre as relações extra-maritais
Um Plano de Recuperação para a Europa
Por outro lado o documento abre o caminho para apoios à indústria automóvel através da concessão de ajudas de Estado sob a forma de empréstimos bonificados (ou de garantias de empréstimos) para investimentos relacionados com a "protecção ambiental".
Indicadores nos EUA
As vendas de casas (novas) cairam 5% face ao mês anterior atingindo o valor mais baixo desde Janeiro de 1991. Um pequeno sinal positivo foi a queda da relação entre o número de casas para venda e as vendidas que no entanto ainda se encontra num nível muito elevado (10,6 meses de procura face a uma média histórica rondando os 6 meses).
O indicador de confiança dos consumidores voltou a cair em Novembro de 57,6 para 55,3 (a média histórica situa-se em torno dos 90 pontos).
Finalmente o BEA divulgou que o consumo nominal terá caído em Outubro 1% face a Setembro, sendo que a queda do consumo real se terá situado em cerca de 0,5% (0,8% face à média do 3º trimestre).
Os indicadores ontem divulgados apontam para uma deterioração muito significativa da situação económica dos EUA sendo provável que a queda do PIB no 4.º trimestre venha a ser a mais acentuada desde o período 1980-81.
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
Reserva Federal anunciou novas iniciativas
Preço dos imóveis nos EUA
Entretanto, os dados revistos divulgados ontem para o PIB indicam que no 3º trimestre o PIB dos EUA se contraiu 0,5% (taxa anualizada) com o consumo a cair 3,7% e o investimento 5,6%.
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
EUA "salvam" Citigroup
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
Construcão nos EUA atinge minimo desde 1959
Entretanto, a "grande" surpresa foram os dados relativos à inflacao. Não pela quebra do indice de precos em 1% face ao mês anterior, pois era previsivel uma queda face à variacão dos precos dos produtos energeticos (que terão caido cerca de 8,6% face ao mês anterior - os precos da gasolina desceram cerca de 14,2%) mas pelo facto de mesmo desconsiderando os precos da gasolina e dos bens alimentares se ter registado uma queda do indice de precos (embora de apenas 0,1%).
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
Taxa de desemprego em Portugal
terça-feira, 18 de novembro de 2008
Produção industrial nos EUA sobe em Outubro
sábado, 15 de novembro de 2008
Queda nas vendas a retalho nos EUA
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
Zona Euro em recessão técnica
Entretanto, os dados para a inflação apontam para uma descida da inflação anual da zona euro para 3,2% (em Setemebro foi 3,6%) - excluindo o efeito dos preços da energia a inflação desceu 0,1% (de 2,6% para 2,5%). Em Portugal, a descida foi de 3,2% para 2,5%.
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
Paulson revê TARP
Entretanto parece cada vez mais provável a aprovação de apoios ao sector automóvel (a grande questão parece ser se os novos apoios serão - ou não - retirados dos 700 mil milhões já aprovados pelo Congresso), bem como de um estímulo fiscal que Paul Krugman defende que ascenda a cerca de 4% do PIB (ou seja cerca de 600 mil milhões de dólares)
Esclarecimento
Sou inteiramente favorável à avaliação do desempenho dos professores que considero uma ferramenta indispensável para uma boa gestão das escolas.
Agora não sou favorável a qualquer modelo de avaliação e considero que um pressuposto central do sistema de avaliação do desempenho é a utilização de um sistema de avaliação adequado no sentido em que os indicadores sejam relevantes (as variáveis medidas devem reflectir os objectivos), controláveis pelo avaliado (no sentido de que a sua acção tem uma influência muito significativa sobre o indicador), e evitar efeitos perversos (os agentes vão reagir de forma dinâmica à alteração de incentivos mas por vezes com resultados que podem ser contrários ao desejado - "diz-me o que medes, dir-te-ei o que obténs") e, além disso, o processo de avaliação não pode consumir recursos (nomeadamente humanos) de forma desproporcionada (a avaliação é um instrumento e não pode nunca ser um fim em si mesma, sendo crucial que se evitem os riscos de excessiva complexidade e burocratização).
Impõe-se, portanto, apreciar se o sistema proposto cumpre estes requisitos. E em meu entender depois de ler vários dos documentos disponibilizados pelo Ministério da Educação a minha conclusão é que o sistema actualmente em questão não cumpre satisfatoriamente nenhum destes requisitos, falhando rotundamente no capítulo da burocratização (para ilustrar esse falhanço basta ler por exemplo este documento do Conselho Científico para a Avaliação dos Professores, do qual uma excessiva vacuidade que denota uma grande indefinição relativamente a aspectos cruciais do sistema, o que é certamente fonte de muitas justificadas incertezas e receios dos docentes relativamente a todo este processo).
terça-feira, 11 de novembro de 2008
No taxation without representation
A frase já seria infeliz pela concepção da democracia que encerra mas, além disso, dificilmente poderia ter escolhido uma comparação pior. Com efeito um dos princípios fundamentais do liberalismo que remonta, pelo menos, à Declaração dos Direitos inglesa de 1689 é o de que o lançamento dos impostos depende de aprovação dos cidadãos através do parlamento. Recorde-se, aliás, que um dos slogans mais conhecidos da Revolução Americana (1755) era precisamente "No taxation without representation" e uma das justificações da Declaração da Independência a de que o Rei de Inglaterra tinha lançado impostos sem o seu consentimento. Mais, este princípio encontra-se, como não podia deixar de ser, constitucionalmente consagrado no artigo 103.º da Constituição da República Portuguesa que refere que: "(...) 2. Os impostos são criados por lei, que determina a incidência, a taxa, os benefícios fiscais e as garantias dos contribuintes. 3. Ninguém pode ser obrigado a pagar impostos que não hajam sido criados nos termos da Constituição, que tenham natureza retroactiva ou cuja liquidação e cobrança se não façam nos termos da lei."
domingo, 9 de novembro de 2008
A avaliação dos professores
P: Que objectivos são considerados?
R: Os objectivos individuais são formulados com base em dimensões essenciais da actividade docente: a melhoria dos resultados escolares dos alunos; a redução do abandono escolar; o apoio prestado à aprendizagem dos alunos, incluindo aqueles com dificuldades de aprendizagem; a participação nas estruturas de orientação educativa e nos órgãos de gestão do agrupamento ou escola não agrupada; a relação com a comunidade; a formação contínua realizada; a participação e a dinamização de projectos e actividades curriculares e extracurriculares.
A falha é provavelmente minha mas não imagino muito bem como um professor pode incluir nos seus objectivos individuais "reduzir o abandono escolar" e muito menos como é que se pode medir o grau de cumprimento desse objectivo como não concebo como é que se pode atribuir objectivos para o item "a relação com a comunidade" (a não se que se meça em número de reuniões com os pais - mas se é isso porque não dizê-lo claramente). Confesso que se fosse professor não faria a minima ideia de como definir os meus objectivos individuais.
P: Quantos instrumentos de avaliação existem? É um processo muito burocrático?
R: A avaliação de desempenho prevê três fichas obrigatórias: a ficha de auto-avaliação, a ser preenchida pelo professor avaliado; a ficha de avaliação científico-pedagógica, a ser preenchida pelo professor coordenador de departamento, e a ficha de avaliação da participação em actividades escolares, a ser preenchida pela direcção executiva. Cada professor avaliado preenche, por isso, apenas uma ficha, a de auto-avaliação. As escolas têm total liberdade de elaborar outros instrumentos de registo de informação que considerem relevante para efeitos da avaliação do desempenho, que devem ser simples e claros.
P: Porque não se simplifica o processo de avaliação?
R: O sistema de avaliação procura incidir sobre todas as dimensões da actividade dos professores nas escolas. A existência de instrumentos de recolha e registo, de fichas de avaliação e de regras e procedimentos constitui uma necessidade essencial para garantia do rigor e da equidade do processo e para defesa dos avaliadores e dos avaliados.
É necessário e possível simplificar o processo de avaliação, e isso pode e deve ser feito no quadro da autonomia de cada escola.
P: Quem elabora os instrumentos de avaliação? Quem controla a qualidade das fichas?
R: Os instrumentos de registo para efeitos da avaliação do desempenho docente são elaborados e aprovados pelos Conselhos Pedagógicos das escolas, tendo em conta as recomendações que forem formuladas pelo Conselho Científico para a Avaliação de Professores. Cada escola e o conjunto dos seus professores têm, por isso, autonomia para definir o que é observado e avaliado. A qualidade das fichas é controlada pelos professores no Conselho Pedagógico.
Pela descrição, percebe-se nas entrelinhas que por comparação os planos quinquenais soviéticos (que também se baseavam em objectivos) deviam ser modelos de simplificação e desburocratização.
P: Há tempo e capacidade para todos os professores serem avaliados?
R: Sim. Existem nas escolas mais de 33 mil professores avaliadores (coordenadores de departamento e professores titulares), e o mecanismo da delegação de competências garante que cada professor avaliador avalia, no máximo, 12 professores no caso dos 2.º e 3.º ciclos do
ensino básico e secundário, e 7 professores no 1.º ciclo do ensino básico.
Não significa isto que os, pelo menos em princípio, melhores professores vão ter de dedicar uma parte substancial do seu tempo a avaliar os colegas quando poderiam (deveriam) estar a ensinar ?
P: E os professores e as escolas estão preparados para avaliar?
R: Sim. Por um lado, os professores estão bastante familiarizados com o acto de avaliar, uma vez que a avaliação dos seus alunos é uma componente essencial e permanente do seu trabalho (sic). De qualquer forma, estão a decorrer em todo o país acções de formação para avaliadores – conselhos executivos, professores coordenadores de departamento e professores titulares avaliadores. Para os professores em geral, está a ser organizada, também, formação em metodologias e técnicas de auto-avaliação.
P: Como pode um professor avaliar um outro que não seja da mesma disciplina?
R: Os departamentos curriculares integram efectivamente professores de diferentes disciplinas (por exemplo, Matemática-Ciências). Por isso, está previsto que o coordenador do departamento possa delegar num outro professor titular a avaliação do desempenho de um docente numa dada disciplina, da mesma área do professor a avaliar.
Curioso a forma como não respondem directamente às perguntas que o próprio Ministério formulou. No entanto, deduz-se que a resposta à questão é sim o que não deixa de ser surpreendente.
P: Como se mede o progresso dos resultados escolares?
R: Cabe a cada escola definir a metodologia de medição deste critério, tendo em conta os elementos facultados pelo próprio professor na ficha de auto-avaliação. As escolas têm muitos instrumentos de avaliação do progresso dos resultados escolares. Pode contabilizar-se o progresso dos resultados escolares dos alunos no ano/disciplina face ao ano lectivo anterior; o progresso das aprendizagens verificado, por exemplo, relativamente a um teste diagnóstico realizado no início do ano; a evolução dos resultados escolares dos alunos relativamente à evolução média dos mesmos alunos naquela disciplina naquele agrupamento e noutras disciplinas (do mesmo agrupamento); as classificações nas provas de avaliação externa e respectiva diferença face às classificações internas. De qualquer forma, a avaliação dos resultados é feita no contexto da escola, da disciplina ou área curricular e da turma.
Como é óbvio cada um destes critérior pode dar resultados completamente diferentes. Mas sobretudo gostava de saber como é que se escolhe entre os vários métodos a partir dos elementos facultados pelo próprio professor (e significa isso que dois professores de uma mesma cadeira numa mesma escola podem ser aferidos em função de critérios absolutamente distintos ?)
P: Considerar o progresso dos alunos vai inflacionar as notas?
R: Isso não é possível, porque não são as notas que contam, mas, sim, os progressos observados. Por outro lado, existem mecanismos que impedem a mera inflação artificial das notas: são comparados resultados dos alunos num ano com os do ano anterior, com outros alunos da mesma disciplina e com outras disciplinas da mesma turma, ou com os objectivos definidos pelas escolas.
Não percebo como é que esta resposta nos pode tranquilizar. Se um professor cujos alunos tenham 15 tiver melhor classificação do que um cujos alunos tenham 12, terá como é óbvio um incentivo para dar "melhores" notas, até porque provavelmente isso contriburá para que tenha uma melhor "relação com a comunidade".
Estão também definidos mecanismos de correcção de desvios, tendo em conta as diferenças entre classificações internas e classificações externas.
Quais ?
Esta é, aliás, uma falsa questão; que releva do desconhecimento do trabalho docente e do processo de avaliação. Desde logo porque as classificações são públicas, comparáveis, recorríveis e facilmente escrutináveis. Mas também, e principalmente, porque as notas têm de ser fundamentadas em vários elementos de avaliação aferidos e validados pelos professores e pelos órgãos de gestão pedagógica das escolas. Os conselhos de turma e os conselhos pedagógicos têm uma intervenção fundamental no controlo da avaliação dos alunos.
As coisas parecem ter mudado mesmo muito desde o tempo em que completei o secundário... De qualquer forma imagino que não seja muito normal um aluno recorrer por ter tido uma nota inflaccionada.
Além disso, o facto de os objectivos individuais e das escolas serem definidos pelos professores no seu conjunto é a principal garantia de que não há enviesamentos inflacionistas, por um lado, e de que é tido em conta o contexto socioeducativo, por outro.
Não percebo como é que os objectivos individuais são definidos pelos professores no seu conjunto e muito menos como isso garante seja o que for. Infelizmente o documento também não o explica.China anuncia pacote de 586 mil milhões de dólares
sábado, 8 de novembro de 2008
Resultados do inquérito ao sector bancário
O mesmo inquérito para Portugal revela que os bancos adoptaram uma atitude mais restritiva na concessão de crédito às empresas e particulares devido quer a restrições de balanço quer ao aumento da percepção dos riscos de crédito e aponta para uma redução considerável da procura de crédito à habitação. Além disso, uma parte considerável dos bancos inquiridos relatou dificuldades em aceder às fontes tradicionais de financiamento, sobretudo a médio-longo prazo e antecipa que essas dificuldades se mantenham ou acentuem nos próximos três meses e consideram que isso teve/terá impacto no montante e condições de crédito concedido.
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
Taxa de desemprego nos EUA sobe
Enquanto isso a GM, a Ford e a Chrysler parecem estar cada vez mais próximas de uma situação de ruptura.
FMI revê previsões em baixa
BCE desce a taxa de juro
Entretanto o Banco de Inglaterra reduziu a sua taxa de referência em 150 pontos base para 3,0% referindo que “In the United Kingdom, output fell sharply in the third quarter. Business surveys and reports by the Bank’s regional Agents point to continued severe contraction in the near term. Consumer spending has faltered in the face of a squeeze on household budgets and tighter credit. Residential investment has fallen sharply and the prospects for business investment have weakened. Economic conditions have also deteriorated in the UK’s main export markets”.
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
Buy the rumour, sell the news
Entretanto na Europa o Eurostat anunciou uma queda das vendas a retalho no mês de Setembro e em Portugal foi divulgado que as vendas de automóveis ligeiros foi em Outubro inferior em 7,0% às registadas no mesmo mês de 2007.
Obama é o 44.º Presidente dos EUA
Obama demonstrou ser um grande político de campanha. O seu discurso de ontem é excelente e a forma como o fez (mais) um exemplo das suas extraordinárias capacidades como orador e da sua capacidade para passar uma mensagem de união (devo também dizer que apesar dos seus dotes de orador não serem comparáveis também me impressionou o discurso de McCain sobretudo pela enorme sinceridade que transpareceu).
Obama enfrenta agora um novo teste, diferente e mais dificil: governar um país num cenário de crise financeira e económica, com um défice orçamental astronómico, um défice externo gigantesco (embora em queda) e dois conflitos militares. As capacidades que demonstrou possuir em campanha vão ser importantes, mas o cargo que vai ocupar exige também outras capacidades diferentes. Nomeadamente, a capacidade de se rodear de uma equipa competente, de lidar com o Congresso e o Senado (o que é sempre um exercício dificil mesmo com maioria democrata nessas duas câmaras) e sobretudo a capacidade de tomar decisões, o que significa tomar opções que, por natureza, tenderão a criar divisões e existem dois riscos: o de ficar abaixo das expectativas (talvez demasiado elevadas) criando um "efeito de ressaca" e o de não resistir à tentação de enveredar por uma política populista.
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
Previsões de Outono da Comissão Europeia e ISM
Relativamente aos EUA o cenário é ainda mais sombrio: contracção do PIB até meados de 2009 resultando numa queda média anual de 0,5% em 2009 e uma subida vertiginosa do défice orçamental para 7,2% em 2009 e 9,0% em 2010. Enquanto que as previsões para o Japão (que já estará em recessão técnica) apontam para uma redução do PIB de 0,4% em 2009.
Entretanto nos EUA o inquérito à indústria transformadora (ISM) registou o valor mais baixo desde Setembro de 1982 e as vendas de automóveis terão atingido o nível mais baixo desde Fevereiro de 1983 com as vendas da GM a cairem 45% face a Outubro de 2007 (a Chrysler e a Ford registaram quedas mais "modestas" de 35% e 30% respectivamente e nem as marcas japonesas escaparam a quedas superiores a 20%). Apesar destes dados (piores que o esperado) os índices americanos resistiram bastante bem com o S&P500 a cair apenas 0,25% numa sessão surpreendetemente calma (provavelmente à espera do resultado das eleições -a Bloomberg especula quanto à possibilidade de um plano de relançamento da economia à Franklin D. Roosevelt).
Para não ser tudo negativo quer as previsões da CE quer o ISM apontam para uma redução considerável das pressões inflaccionistas.
domingo, 2 de novembro de 2008
BPN nacionalizado
PS: Entretanto, o Estado propõe-se a financiar a injectar 4 mil milhões de euros no capital dos bancos (o que corresponde a cerca de 2,4% do PIB ou seja cerca de um ano de défice) - o PCP deve estar exultante. Das declarações (tal como citadas pelo Diário económico) ressalto duas notas: 1) a referencia à concorrência internacional - o que é um ponto válido e revela um dos efeitos perversos dos sucessivos planos de apoio que têm vindo a ser anunciados a nível internacional (num quase concurso para saber quem apoia mais); 2) a contradição entre as declarações do Ministro das Finanças que diz que a medida não tem que ver com debilidades ou insuficiência das instituições nacionais e do Governador do Banco de Portugal que refere que as práticas internacionais de mercado criaram um padrão de 7% para o rácio de fundos próprios de base e recorrendo às contas do 1º semestre de 2008 vemos que o BPI tem um rácio Tier I de 7,6% e o BCP de 7,5% mas o CGD tinha um rácio de apenas 6,0% e o BES de apenas 5,9%, portanto significativamente abaixo das "práticas internacionais de mercado".
Keynesianismo e grandes projectos de investimento
1) A utilização do investimento público com efeitos expansionistas tem um grande obstáculo que resulta dos lags temporais entre a decisão de investir e as despesas de investimento. No caso concreto de Portugal os grandes projectos de investimento de que se fala tem períodos de execução muito alargados o que significa que grande parte da despesa não em 2009-201o mas após esse período ou seja, quando (espera-se) a economia já estará(ia) naturalmente em recuperação.
2) O efeito sobre o produto (e o emprego) depende em grande medida da despesa (e dos postos de trabalho directos) pelo que desse ponto de vista a construção, por exemplo, do TGV ou fazer e tapar buracos tem sensivelmente o mesmo efeito (na verdade como parte da despesa do TGV seria dirigida para importações fazer e tapar buracos teria provavelmente um efeito maior), mas naturalmente que os efeitos a médio longo prazo serão diferentes. Isto serve para dizer que mesmo numa conjuntura recessiva devem-se naturalmente privilegiar os projectos cuja rentabilidade económico-social seja superior, o que significa que a crise pode justificar que se antecipe o calendário de execução mas não justifica a dispensa de uma análise custo-benefício criteriosa.
3) A crise actual é, pelo menos na sua origem, uma crise financeira (não uma crise de sobreprodução) e Portugal está numa situação desvantajosa devido aos níveis de dívida pública e, sobretudo, de endividamento externo pelo que há que atender aos efeitos do esforço financeiro associado a esses (ou outros) projectos no custo de financiamento.
sábado, 1 de novembro de 2008
Indústria chinesa em queda?
Recessão simultanea nos EUA, Europa e Japão ?
Entretanto o indicador de sentimento económico na zona euro caiu em Outubro 7,1 pontos para 80,4 atingindo o nível mais baixo desde Novembro de 1993 (Em Portugal caiu 8,3 pontos para 79,0 situando-se em níveis próximos dos registados em 2003 ano em que o PIB caiu 0,8%), dando mais uma indicação de que podemos ter uma recessão simultânea nos EUA, na zona euro, no Reino Unido e provavelmente também no Japão.
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
29 de Outubro de 2008
Entretanto, em mais uma medida excepcional, o FMI divulgou a criação de uma linha de crédito de auxílio às economias emergentes para fazer face a "problemas temporários de liquidez".
Foram hoje divulgados os números das economendas de bens duradouros de Setembro que surpreendentemente apontam para uma ligeira recuperação das encomendas face aos valores francamente maus de Agosto (que foram revistos em baixo) e para uma continuação da deterioração do investimento (excepto aeronaves).
Hungria recebe pacote de ajuda
No site do FMI informa-se que esta instituição dispõe actualmente de 200 mil milhões de dólares disponíveis para apoiar os países em dificuldades devido à crise financeira. A este ritmo resta saber se serão suficientes ou se será necessário "ajudar" o FMI.
A empresa mais "valiosa" do mundo
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Nikkei no nível mais baixo desde 1982
O Nikkei caiu mais 6,3% atingido o nível mais baixo dos últimos 26 anos e o iene prosseguiu a sua escalada face ao dólar e, sobretudo, face ao euro enquanto se agravam as dificuldades no Leste Europeu onde o FMI anunciou um empréstimo de 16,5 mil milhões de dólares à Ucrânia e está em negociações com a Hungria ao mesmo tempo que a Standard e Poor reviu em baixa os ratings da Letónia, Lituânia e Roménia.
Nos EUA as vendas de casas novas em Setembro foram inferiores em 33% às verificadas no ano anterior. Verificando-se todavia uma ligeira melhoria face a Agosto e uma redução do stock de casas novas no mercado.
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
Crise cambial
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
Genial
http://video.yahoo.com/watch/3725299/10238971
A história destes dois dias tem sido a valorização do dólar que parece ser movida por três factores:
1) a desalavancagem;
2) a melhoria da balança comercial americana devido à queda do preço do petróleo e à redução das importações em consequência da recessão;
3) a percepção de que a recessão / redução do crescimento fora dos EU vai ser mais grave e prolongada do que tinha sido previsto.
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
Spill-over effects
Segundo o FT (a minha principal fonte de informação diária quando estou no estrangeiro) o crescimento na China caiu para 9% no 3.º trimestre, enquanto na Índia o primeiro ministro indicou que o crescimento iria cair para 7-7,5%. Taxas ainda assim elevadas mas que indicam um arrefecimento acentuado, colocando em causa as expectativas (optimistas) de que o crescimento nas economias emergentes possa amortecer os efeitos da recessão nos EUA e na Europa. Entretanto, o FT tem publicado nestes últimos dias artigos que referem dois problemas que podem assumir proporções graves:
- as dificuldades no crédito à exportação, nomeadamente na Ásia e no Brasil;
- os elevados níveis de exposição ao risco cambial do sector privado em algumas economias emergentes.
Entretanto, nos EUA já se fala da necessidade de um estímulo fiscal de 150 mil milhões de euros. E na Europa seguem os anúncios de apoios financeiros na França (injecção de 10,5 mil milhões de euros nos seis maiores bancos), Finlândia (50 mil milhões de euros) e Suécia (150 mil milhões de euros), com a particularidade que neste caso uma das justificações parece ter sido os receios de perdas devido à exposição dos bancos suecos nos países bálticos.
Acedo à internet e numa olhadela pela Bloomberg leio a notícia de que a Argentina se prepara para nacionalizar os fundos de pensões.
sábado, 18 de outubro de 2008
Ainda sobre o OE para 2009
Do lado da despesa temos (na óptica da contabilidade nacional - pag 119 do Relatório) um aumento da despesa total de 3,0% (em linha com o crescimento do PIB nominal previsto) mas se repararmos a despesa com juros aumenta 14,4% (de 5.048 para 5.776 milhões de euros) pelo que a despesa primária apenas aumenta cerca de 2,2% (abaixo da taxa de inflação prevista). Ressalta, no entanto, uma coisa estranha que é a redução das despesas com pessoal superior a 12% (-2.591 milhões de euros). Através do jornal Público percebemos que tal se deve a uma alteração "contabilística" relacionada com o registo da contribuição financeira para a Caixa Geral de Aposentações (ou seja com o pagamento das pensões dos funcionários públicos). Então, corrigindo o valor das despesas com pessoal aplicando uma taxa de crescimento de 2,9% às despesas com pessoal em 2008 (o que corresponde a um aumento de 3.208 milhões de euros face ao valor constante do OE) e o aumento da despesa primária sobe para 6,6%.
Então onde é que a despesa aumenta ? Basicamente em duas rubricas: i) despesas de capital (1.358 milhões de euros +28,5%) e ii) prestações sociais (2.686 milhões de euros +8,2%), o elenco das aplicações desse aumento consta da pág. 7 e inclui o reforço do rendimento social de reinserção, a melhoria da retribuição mínima mensal e o complemento solidário para idosos (que será alargado a todos os idosos com mais de 65 anos e se afirma contribuir para um aumento do rendimento médio anual destes superior a 1.000 euros).
Ok. Mas se assim é e o excedente primário aumenta (de 1.352 para 1.926 milhões de euros - o que conjuntamente com o efeito do crescimento do PIB permite compensar a subida da despesa com juros) de onde surgem as receitas? E o segredo está nas contribuições sociais que no OE se prevê que se reduzam 1.684 milhões de euros mas que, considerando o efeito da alteração "contabilística", se verifica que afinal aumentam cerca de 7,8% (?), valor que salvo se verifique um aumento das taxas efectivas das contribuições sociais é francamente irrealista. Sem esse aumento, considerando uma taxa de crescimento dos salários de 3% e uma do emprego de 0,4% (estimativa do cenário macroeconómico do OE) a previsão de receita fica cerca de 800 milhões abaixo da orçamentada e o défice global aumenta para cerca de 2,7% do PIB.
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
Grandes projectos de investimento público
Este artigo é ainda interessante pela razão que chama a atenção para a diferença entre o PIB e o Rendimento Nacional Bruto que é algo que é ignorado pelo público em geral e muitas vezes esquecido pelos próprios economistas.
Construção de habitação e confiança dos consumidores descem nos EUA
Enquanto isso as licenças de construção para habitação foram em Setembro 38,5% inferiores às concedidas 12 meses atrás e o número de casas começadas a construir está a cair em termos homológos 31,1% (valor que sobe para 41,1% quando consideramos apenas as casas unifamiliares). Relativamente aos dados de construção é de salientar que os números hoje divulgados confirmam a tendência de agravamento da taxa de redução de actividade que já se tinha registado em Agosto e, por outro lado, que se verificou um aumento do número de unidades concluídas face ao mês anterior.
Em qualquer dos casos os níveis divulgados estão abaixo dos que se verificaram na recessão de 1990-1991.
PS: Apesar de ainda muito altas (por exemplo, a Euribor a 3 meses está nos 5,05% quando normalmente deveria estar próximo dos 3,75%) as taxas de juro do mercado interbancário continuaram hoje a descer.
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
16 de Outubro de 2008
Entretanto, a Suíça anunciou a injecção de 59 mil milhões de dólares no banco UBS. O BCE concedeu um empréstimo de 5 mil milhões de euros ao Banco Central da Hungria e foi anunciado que a Ucrânia está a negociar com o FMI um empréstimo de 10 a 15 mil milhões de dólares.
Em Nova Iorque continua a montanha russa das cotações com o Dow a registar uma diferença entre o máximo e mínimo superior a 800 pontos (!) mas a fechar com uma subida de 4,7%.
PS: O Brent fechou nos 70 dólares !
Sessão de formação do Magalhães
Notícias dos EUA
Entretanto, os bancos JPMorgan e Wells Fargo deram indicações de que se está já a assistir a uma deterioração significativa do crédito ao consumo (http://www.bloomberg.com/) e surgiram notícias de que alguns hedge funds estariam numa posição complicada (http://www.cnbc.com/id/27204824).
Isto num dia em que o presidente da Reserva Federal afirmou que "Stabilization of the financial markets is a critical first step, but even if they stabilize as we hope they will, broader economic recovery will not happen right away. Economic activity had been decelerating even before the recent intensification of the crisis. The housing market continues to be a primary source of weakness in the real economy as well as in the financial markets, and we have seen marked slowdowns in consumer spending, business investment, and the labor market. Credit markets will take some time to unfreeze. And with the economies of our trading partners slowing, our export sales, which have been a source of strength, very probably will slow as well. These restraining influences on economic activity, however, will be offset somewhat by the favorable effects of lower prices for oil and other commodities on household purchasing power. Ultimately, the trajectory of economic activity beyond the next few quarters will depend greatly on the extent to which financial and credit markets return to more normal functioning." (meu sublinhado). E noutra conferência o Vice-Presidente da Reserva federal Donald Kohn referiu "the most probable scenario as one in which the performance of the economy remains subpar well into next year and then gradually improves in late 2009 and 2010".
Perante estas notícias o S&P 500 caiu 9%. E, apesar disso, os yields de obrigações a 10 anos caíram apenas muito ligeiramente (http://finance.yahoo.com/q?s=%5ETNX).
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
Orçamento do Estado para 2009
Se relativamente à taxa de inflação me parece que a estimativa de 2,5% será realista - sendo até possível que se venha a situar abaixo deste valor (saliente-se a este propósito que se baseia num preço do barril de petróleo de 97,3 USD) - a estimativa de 0,6% para o crescimento do PIB é claramente optimista, baseando-se num contributo da procura interna (+0,9%) sustentado pelo consumo privado (+0,8%) e no investimento (+1,5%), ora se a estimativa para o consumo privado sendo optimista não será irrealizável já duvido que haja condições para que as expectativas de crescimento do investimento se venham a materializar.
Mas onde me parece que o cenário é francamente optimista é quanto à evolução do mercado de trabalho, uma vez que, infelizmente, quer a evolução do emprego (+0,4%) quer o nível de taxa de desemprego (7,6%) me parecem irrealistas face ao crescimento esperado.
Ainda quanto ao OE devo confessar que estranho os comentários de que se trata de um orçamento expansionista. Francamente não vejo como é que um orçamento em que o consumo público (+0,2%) cresce abaixo do PIB e em que com um crescimento de 0,6% (portanto, pelo menos espera-se abaixo da taxa de crescimento potencial) se prevê que o nível do défice se mantenha inalteraldo (-2,2% do PIB) pode ser considerado como expansionista ou sequer neutral. Importa não esquecer que perante a desaceleração do crescimento económico os estabilizadores automáticos tenderiam a provocar um aumento do défice pelo que estamos perante um orçamento contraccionista. Seria desejável que fosse de outro modo ? Se olharmos apenas para a taxa de crescimento económico e o desemprego a resposta tenderia a ser sim, mas se recordarmos os níveis do défice da balança corrente (-9,5% do PIB em 2007) parece-me que se justifica esta opção.
Isto como é óbvio significa que a política fiscal não é (nem podia ser) tão favorável às famílias e empresas como parece que se pretende fazer crer. Com efeito, uma leitura rápida do relatório do OE permite descobrir que a taxa de crescimento do IRS (+0,4% o que seria claramente abaixo do cresimento esperado do crescimento dos rendimentos nominais) aumenta para cerca de 4,7% (portanto, aproximadamente em linha com o crescimento dos rendimentos nominais) quando se considera o efeito da participação variável dos municípios no IRS (pag 145 do Relatório) e relativamente ao IRC descobrimos (pag 146) que a redução prevista da receita (-0,9%) "contribui essencialmente a esperada diminuição da autoliquidação das empresas a efectuar em 2009" (ou seja, traduzindo, a redução dos lucros relativos ao exercício de 2008). Estamos, pois, perante um orçamento que no que aos impostos directos diz respeito é, fundamentalmente, um orçamento neutral (que não aumenta nem reduz esses impostos).
terça-feira, 14 de outubro de 2008
Yields das obrigações sobem
Esta semana vão sair alguns dados macroeconómicos usualmente bastante importantes (taxa de inflação, vendas a retalho, produção industrial, housing starts e confiança dos consumidores). A relevância destes indicadores é de certo modo relativizada pela evolução frenética da situação mas de qualquer forma permitirão formar uma ideia mais precisa da situação da economia dos EUA antes do climax da crise financeira.
Não resisto a citar o seguinte trecho da declaração conjunta do Tesouro, Reserva Federal e FDIC: "We are pleased to announce that nine major financial institutions have already agreed to participate in both the capital purchase program and the FDIC guarantee program. We appreciate that these healthy institutions (?) are taking these steps to strengthen their own positions and to enhance the overall performance of the U.S. economy." (Sem comentários.)
Entretanto Macro-Man fez uma lista das maiores variações diárias do DJIA e do S&P500 (http://macro-man.blogspot.com/) que mostra que nos últimos 90 anos o nível de variações que temos assistido só tem precedentes em 1929-1933 e 1987.
PS: Apenas como curiosidade o principal indice da Islândia que reabriu hoje caíu 77,4%.
Não é caso para euforias
Depois de ontem o Reino Unido ter adquirido posições no Royal Bank of Soctland, HBOS e no Lloyds (o Barclays anunciou que pretende um aumento de capital de 6,5 mil milhões de libras mas espera consegui-lo fazer no mercado), a Bloomberg noticia que os EUA poderão "investir" 125 mil milhões de dolares na aquisição de participações no Citigroup, Goldman Sachs, Wells Frago, JP Morgan, Bank of America, Merrill Lynch, Morgan Stanley, State Street e no Mellon e que o Fortis vai receber 14,4 mil milhões de euros da "venda" de activos aos Governos da Bélgica e da Holanda e ao BNP.
As medidas tomadas são um claro sinal de que os Governos estão dispostos a tudo para evitar o colapso do sistema financeiro, mas os problemas estruturais continuam por resolver (as perspectivas de crescimento na Europa e no EUA não melhoraram milagrosamente em virtude destas medidas). Além disso, não é ainda claro o impacto destas medidas no mercado de crédito. E, finalmente, será preciso ter atenção aos efeitos secundários das medidas tomadas nomeadamente nas contas públicas o que terá reflexos nos yields da dívida pública. O pior cenário está afastado mas continuamos num quadro de elevada incerteza que não deixa margens para euforias.
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
Sinais positivos
A reacção dos mercados está a ser bastante positiva às medidas tomadas e os futuros dos mercados americanos estão bastante positivos mas mais importante parece que finalmente as taxas do mercado monetário interbancário estão a baixar.
domingo, 12 de outubro de 2008
Declaração da cimeira zona Euro
1. "Governments would make available for an interim period and on appropriate commercial terms, directly or indirectly, a Government guarantee, insurance, or other similar arrangements of new medium term (up to 5 years) bank senior debt issuance."
2. "to allow financial institutions to continue to ensure the proper financing of the Eurozone economy, each Member State will make available to financial institutions Tier 1 capital, e.g. by acquiring preferred shares or other instruments including non dilutive ones. Price conditions shall take into account the market situation of each involved instution. Governments commit themselves to provide capital when needed in appropriate volume while favouring by all available means the raising of private capital."
São claramente medidas concretas e no sentido correcto. Faltou apenas o anúncio de um fundo europeu. Temos de esperar pelos detalhes dos planos nacionais que irão concretizar este anúncio e por um aumento da clareza em Washington. Vamos provavelmente (continuar a) ter uma grande volatilidade nas acções do sector bancário mas estou moderadamente optimista quanto à reacção dos mercados europeus da zona euro e do Reino Unido quando abrirem amanhã e menos pessimista quanto à evolução do euro. Quanto aos restantes mercados e ao que sucederá no mercado cambial (nomeadamente às moedas dos países emergentes) o melhor é mesmo esperar para ver.
E se "salvar" os bancos não for suficiente ?
"the "shadow banking system” (as defined by the PIMCO folks) or more precisely the “shadow financial system” (as it is composed by non-bank financial institutions) will soon get into serious trouble. This shadow financial system is composed of financial institutions that – like banks – borrow short and in liquid forms and lend or invest long in more illiquid assets. This system includes: SIVs, conduits, money market funds, monolines, investment banks, hedge funds and other non-bank financial institutions. All these institutions are subject to market risk, credit risk (given their risky investments) and especially liquidity/rollover risk as their short term liquid liabilities can be rolled off easily while their assets are more long term and illiquid. Unlike banks these non-bank financial institutions don’t have direct or indirect access to the central bank’s lender of last resort support as they are not depository institutions. Thus, in the case of financial distress and/or illiquidity they may go bankrupt because of both insolvency and/or lack of liquidity and inability to roll over or refinance their short term liabilities. Deepening problems in the economy and in the financial markets and poor risk managements will lead some of these institutions to go belly up: a few large hedge funds, a few money market funds, the entire SIV system and, possibly, one or two large and systemically important broker dealers. Dealing with the distress of this shadow financial system will be very problematic as this system – stressed by credit and liquidity problems - cannot be directly rescued by the central banks in the way that banks can."
Salvar os nossos empregos e poupanças
- recapitalizar os bancos (a maiorira parece preferir que isso seja feito através de acções preferenciais);
- garantir os empréstimos interbancários.
PS: Relativamente à forma de concretizar as garantias do mercados interbancários a maioria - e é essa também a minha posição - parece entender que os países deveriam garantir os empréstimos interbancários contratados pelos seus bancos nacionais (ou seja, garantir os passivos dos seus bancos) o que reduziria o risco dos bancos que lhes emprestassem dinheiro. No entanto, Daniel Gros defende no Vox que seria preferível que cada Estado garantisse os empréstimos interbancários concedidos pelos seus banco (ou seja os activos). Em teoria acho que ambas as soluções poderiam funcionar mas continuo a preferir a garantia dos passivos que na prática corresponde a obrigar os governos utilizando uma expressão inglesa "put their money where they mouth is". Os sistemas de supervisão são nacionais e temos ouvido os vários governos a assegurar que os seus bancos não estão em situação de insolvência o que se for verdade implicaria que a garantia desses passivos não teria custos para os orçamentos nacionais (na prática até poderia ter um efeito positivo na medida em que cobrem algo por essa garantia). Enquanto que garantir os activos apresenta riscos muito mais elevados para os orçamentos pois significa exporem-se ao risco de insolvência dos bancos de outros países. O principal argumento a favor de garantir os activos poderá ser o de que não resolve os problemas dos bancos dos países que não estejam em condições de dar essa garantia (ou em que ela não seja credível). Se isso suceder acho que a solução seria algum mecanismo de auxílio internacional a esses Estados (por exemplo, a criação de linhas de crédito).
Luz ao fundo do túnel ?
sábado, 11 de outubro de 2008
Blame game ?
Update: As contínuas referências a liquidez faz-me ter a impressão de que ainda não perceberam a gravidade da situação. No fundo os banqueiros centrais foram "treinados" para isso, os instrumentos que possuem são dirigidos a controlar a liquidez, tem funcionado no passado e parece que no fundo continuam à espera que acabem por funcionar. É como alguém que sempre se habituou a abrir a que a água corresse quando abria a torneira e tem uma ruptura no cano de abastecimento mas continua a abrir cada vez mais a torneira sempre à espera que a água corra.
Declaração do G7 e do Secretário de Estado Paulson
1. Take decisive action and use all available tools to support systemically important financial institutions and prevent their failure.
2. Take all necessary steps to unfreeze credit and money markets and ensure that banks and other financial institutions have broad access to liquidity and funding.
3. Ensure that our banks and other major financial intermediaries, as needed, can raise capital from public as well as private sources, in sufficient amounts to re-establish confidence and permit them to continue lending to households and businesses.
3. Ensure that our respective national deposit insurance and guarantee programs are robust and consistent so that our retail depositors will continue to have confidence in the safety of their deposits.
4. Take action, where appropriate, to restart the secondary markets for mortgages and other securitized assets. Accurate valuation and transparent disclosure of assets and consistent implementation of high quality accounting standards are necessary. "
Sinceramente soa-me demasiado vaga e dúbia. Parece-me longe daquilo que o mercado exigia.
Na dedclaração do Secretário do Tesouro Paulson (http://www.treas.gov/press/releases/hp1194.htm) "we finalized an aggressive action plan to address the turmoil in global financial markets and the stresses on our financial institutions" mas depois refere "This action plan provides a coherent framework that will direct our individual and collective policy steps to provide liquidity to markets, strengthen financial institutions, protect savers, and enforce investor protections." ou seja parece que se está a referir a uma estratégia enão a medidas concretas.
A outra parte importante é quando ele refere: "We are developing strategies to use the authority to purchase and insure mortgage assets and to purchase equity in financial institutions, as deemed necessary to promote financial market stability. As we develop plans to purchase equity, as in the approach we are taking to broad mortgage asset purchases, we are working to develop a standardized program that is open to a broad array of financial institutions. Such a program would be designed to encourage the raising of new private capital to complement public capital. Consistent with the legislation, any equity the government purchases through a broadly available equity program would be on a non-voting basis, except with respect to the market standard terms to protect our rights as investors." A parte positiva consiste no reconhecimento da necessidade de recapitalização, a parte julgo que menos positiva é que os montantes disponíveis vão ser repartidos com a compra de activos hipotecários e subsiste a esperança de encontrar fundos privados significativos disponíveis o que não me parece particularmente realista e sobretudo, parece afastar a hipótese de uma nacionalização temporária que me parece que seria a solução mais lógica e efectiva.
EUA anunciam plano para recapitalizar o sistema financeiro
Entretanto foi anunciada uma cimeira extraordinária dos chefes de Estado e de governo dos países da zona Euro para "definir em conjunto um plano de acção da zona euro com o Banco Central Europeu (BCE) para enfrentar a crise financeira” (http://economia.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1345638).
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
Algumas notas
Entretanto os mercados monetário e de crédito permaneceram bloqueados (a Euribor desceu mas apenas marginalmente, a Libor do dólar subiu) e assistiu-se a um agravamento substancial da situação nos mercados emergentes: Ásia, América Latina e Europa de Leste com um claro aumento da turbulência nos mercados cambiais.
Uma situação a seguir com atenção é o comportamento das obrigações do tesouro americano. Apesar da quebra da bolsa, do aumento dos riscos de recessão e da redução dos riscos de inflação os yields das obrigações a 10 anos aumentaram pela 4.º dia consecutivo, o que pode resultar 1) da crise de liquidez estar a forçar liquidações dos portfolios de obrigações e/ou 2) dos mercados estarem já a antecipar o impacto das intervenções públicas para resgatar os bancos sobre o stock de dívida pública.
Entretanto, as notícias do G-7 e dos EUA indiciam que os políticos estão com sérias dificuldades em definir iniciativas que reanimem o mercado de crédito e não querendo ser pessimista a minha sensação é que a de que hoje a evolução só não foi mais negativa porque o mercado está na expectativa de que surjam essas medidas.
Bolsas afundam e riscos aumentam
O único ponto positivo é que apesar de se sentir a preocupação, não existe (ou pelo menos não é visível por enquanto) uma situação de pânico na Europa e dadas as proporções das quedas quase que podemos falar numa estranha tranquilidade, diria que predomina um sentimento de impotência e alguma incredulidade.
Update: Acabei agora de me aperceber que o S&P500 já caiu 22% neste mês. Se fechasse neste nível (909 pontos) seria o pior registo mensal desde, pelo menos, 1958 e seria a maior queda em 12 meses desde Setembro de 1974 (por muito pouco pois nesse mes registava-se uma queda anual de 41,4% face aos 41,3% actuais).
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
A raiz dos problemas
Assumamos um banco típico que financia o seu activo com 95% dívida (parte substancial de curto prazo) e 5% de capitais próprios. E imaginem que uma parte dos seus activos, por exemplo 30%, são créditos hipotecários. Os gestores deste banco acreditavam na máxima de que "Os preços do imobiliário nunca descem". Hoje em dia pode parecer absurdo mas devemos recordar que o Presidente da Reserva Federal Alan Greenspan disse por diversas vezes que "Housing price bubbles presuppose an ability of market participants to trade properties as they speculate about the future. But upon sale of a house, homeowners must move and live elsewhere. This necessity, as well as large transaction costs, are significant impediments to speculative trading and an important restraint on the development of price bubbles. Overall, while local economies may experience significant speculative price imbalances, a national severe price distortion seems most unlikely in the United States, given its size and diversity."
Sucede porém que inesperadamente (pelo menos para esses gestores, para os accionistas do banco e para os seus depositantes e credores) os preços das casas descem 10% e se descobre que os devedores não têm rendimentos (na verdade nunca ninguém se deu sequer ao trabalho de lhes perguntar - o banco tinha aderido à prática de conceder os designados empréstimos NINJA - No Income No job No Asset). Ou seja, os seus activos desvalorizam-se 3% e os capitais próprios passam a corresponder a apenas 2% dos seus activos, o risco de insolvência aumenta e o banco passa a ter dificuldade em obter financiamentos. A solução é obviamente aumentar o capital. Sucede porém que entretanto o mercado imobiliário continua a cair (entre outras razões porque este banco e outros tomaram posse das casas dos incumpridores e colocaram-nas no mercado) e os seus activos voltam a desvalorizar-se colocando o banco numa solução próxima da insolvência e que o banco não consegue reforçar os seus capitais próprios no mercado ficando com um rácio de solvabilidade de, digamos, 2,5%. Naturalmente que os seus credores, nomeadamente outros bancos vão voltar a ter relutância em emprestar-lhe fundos, colocando o banco numa situação de não poder satisfazer os seus compromissos de curto prazo porque não consegue fazer o roll-over da sua dívida. Ou seja, um problema de insolvência transformou-se num problema de liquidez. Os gestores do nosso banco só têm uma saída que é a de "liquidar" os seus activos, pelo que vão reduzir o crédito concedido (desalavancar o seu balanço) de forma a tentar recuperar os seus rácios de solvabilidade e tentar obter o máximo de meios líquidos possíveis para poder fazer face a levantamentos de depositantes e ao reembolso dos passivos que forem vencendo. A questão é que a recuperação do rácio de solvabilidade de 5% teria que reduzir os seus activos (créditos) para metade. Sucede ainda que o nosso banco não é o único nesta situação e portanto todos os bancos tendem a recusar ceder crédito a outros bancos (ou a só fazê-lo por prazos muito curtos e a taxas elevadas) porquanto: 1) têm receio que os bancos a quem emprestarem fundos caiam numa situação de insolvência; 2) pretendem conservar os seus fundos para fazer face a levantamentos de depósitos e rembolsar os passivos que forem vencendo já que sabem que será muito dificil fazer o respectivo roll-over.
O banco centrais podem eliminar a justificação 2) com alguma facilidade, bastando garantir que disponibilizarão a liquidez necessária aos bancos solventes (cumprindo a sua função tradicional de "lender of last resort"). A eliminação da justificação 1) já implica, todavia, uma resposta mais heterodoxa e teoricamente pode ser prosseguida de duas formas: a) trocando os activos "arriscados" por activos seguros por forma a que os outros bancos deixem de ter dúvidas quanto à solvência dos bancos a quem emprestem - é esta basicamente a ideia subjacente ao plano Paulson; b) aumentando os capitais dos bancos por forma a que deixem de subsisitir dúvidas quanto à solvência dos bancos através de injecção de capitais - é isto basicamente que fizeram os belgas e holandeses e o Reino Unido está a tentar fazer.
Note-se que para que a opção a) funcione por si só seria necessário que os activos "arriscados" fossem comprados a um preço que permitam que os rácios dos bancos sejam satisfatórios. Ou seja, que esses activos sejam adquiridos por um preço superior ao (valor implicito) que os mercados lhes atribuem. A ideia do plano Paulson era a de que esses activos estariam a ser subavaliados pelo mercado e portanto seria possível que o Estado os adquirisse por um preço que permitisse simultaneamente assegurar a solvência dos bancos e sem custos para o Estado (na medida em que o Estado poderia recuperar o valor aplicado na aquisição através da venda desses activos quando o seu valor recuperasse ou mantendo-os até à maturidade).
Existem no entanto vários problemas (para além dos montantes colossais envolvidos): 1) a penalização dos accionistas e gestores que tem sido exigida implica que estes tentem fazer tudo para que os respectivos bancos não sejam auxiliados e que portanto tentem resolver por si só os seus próprios problemas contraindo o crédito e mantendo uma posição de liquidez muito forte; 2) na sequência dos problemas os mercados não estão dispostos a aceitar rácios de solvabilidade que se verificavam antes da crise (exigindo rácios superiores) o que implica igualmente cortes de activos; 3) este processo está associado uma destruição de riqueza considerável (redução do valor do imobiliário - que está na raiz do problema) e do valor dos títulos dos bancos agravada pelos efeitos indirectos resultantes dessa quebra no preço de outros activos; 4) a redução do crédito (ou, pelo menos da taxa de crescimento do crédito) e a destruição de riqueza referida é por si só suficiente para provocar uma desaceleração do crescimento (ou até mesmo uma recessão) que agrava a dificuldade de resolver o processo podendo mesmo criar-se um ciclo vicioso; 5) associado a este processo existe a necessidade de reafectação de recursos dentro da economia (nomeadamente dos sectores da construção e financeiro para outros sectores) e reequilíbrios das taxas de poupança-investimento a nível internacional.
Neste contexto, o melhor que se pode esperar é que o processo de ajustamento seja o menos caótico possível e que a recessão seja relativamente benigna.