O facto de o nosso défice comercial ascender a cerca de 10% do PIB tem levado a que se tenha tornado relativamente comum sugerir a solução seria um aumento das exportações correspondente a 10 pontos percentuais.
Certo ? Não, errado. Por si só um aumento das exportações não seria suficiente para que recuperassemos o equilíbrio externo. Com efeito, mesmo admitindo que seria possível um aumento dessa ordem de grandeza mantendo a procura interna constante, um aumento das exportações dessa ordem de grandeza iria provocar um aumento das importações pelo que o efeito de melhoria da balança comercial (e o aumento do PIB) seria inferior aquele valor pelo que se manteria uma situação de défice externo, embora menor. A correcção do desequilíbrio externo terá assim que passar não apenas por um aumento das exportações mas também por uma recomposição da procura total em que a procura interna seja substituída por procura externa, compensando o impacto da queda da primeira sobre o produto e o emprego, mas é irrealista pensar que é possível reequilibrar as contas externas sem um sacrifício (redução) da procura interna, nomeadamente do consumo (público e privado) e o correspondente aumento da poupança.
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