"Há dois anos, o BCP emitiu dívida perpétua, mil milhões de euros, para melhorar os rácios de capital. A operação foi um sucesso, como foi então relatado, embora a imprensa não tenha sabido quem emprestara o dinheiro. Sabe agora: 616 milhões foram emprestados pela Ocidental Vida (que é detida a 49% pelo BCP) e pelo fundo de pensões do banco. Foi dinheiro dos clientes da seguradora e dos pensionistas do banco que foi investido no BCP. Agora, com a operação desta semana de conversão de dívida em capital, aquelas instituições tornaram-se accionistas. E só assim se soube em 2011 do expediente de 2009.
(...)
Nenhum dos segurados ou dos pensionistas soube de nada. Nem eles, nem os accionistas do banco, nem nós. Tudo é legal, mas pouco transparente e recomendável, porque acontece entre partes relacionadas. E permitiu uma campanha de comunicação dos sucessos do banco que era omissa. Mais: hoje, o risco das acções do banco está na carteira de activos da seguradora da Ocidental e do fundo de pensões.
O BCP responde que as decisões de investimento daqueles fundos são tomadas por gestoras autónomas do banco. E, argumentam, o investimento é rentável. Jardim Gonçalves e Filipe Pinhal não diriam melhor. Esta operação não é comparável com as que estão a ser julgadas nos tribunais porque aquelas tinham crédito do próprio banco, o que corresponderá não a aumento de capital, mas a "criação" de capital. Desta vez, não há criação, apenas criatividade. Com o beneplácito, também, do Banco de Portugal."
(ver aqui)
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