Numa altura em que tanto se comenta as diferenças de taxa de juro entre as tranches do FMI e do FEEF gostaria de chamar a atenção para o que me parece ser um excelente post do Ricardo Peres Jorge no blog Massa Monetária do Jornal de Negócios (que me poupou muito trabalho de investigação) em que se explica como são calculadas as respectivas taxas.
Citando uma nota do Barclays Capital neste post refere-se que as taxa de juro da tranche financiadsa pelo FMI correponde "For loans under 300% of a country's IMF quota, the rate charged is the SDR interest rate plus 100 bp (the Portuguese loan, EUR 26bn at the peak of the loan disbursement, will represent 2,331% of the IMF quota). The SDR rate last week was at 0.55% (the SDR is simply a weighted average of the interest rates on 3m Treasury bills for the US, Japan, and the UK, and the 3m euro repo rate). On amounts over 300% of quota, the rate includes a surcharge which is initially set at 200bp and rises to 300bp when IMF loans exceed 300% of quota continuously for three years or more. These higher lending rates correspond to 3.55 (1.55 + 200bp) and 4.55 (1.55 + 300bp) respectively." O que, fazendo, as contas resulta numa taxa média de 3,3% nos primeiros três anos e 4,2% no período restante que corresponde a uma taxa global de cerca de 3,85%, a que acrescerão cerca de 50 pb elevando o custo para 3,91%.
Enquanto que no caso dos financiamentos do Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira (MEEF) e do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) são aplicado "sobre os respectivos custos de financiamento um "spread" de cerca 200 pontos base – além de uma taxa única ("one-off") de 50 pontos base, como faz o FMI. Ora, segundo Olli Rehn, e considerando as taxas actuais de mercado, isto resultará numa taxa de juro ligeiramente acima dos 5,5% ao ano, mas claramente inferior a 6%. O Ecofin da próxima semana será mais esclarecedor, mas com esta informação já é possível tirar conclusões muito aproximadas do valor final".
Note-se, contudo, que as duas taxas não são directamente comparáveis, pois enquanto a taxa cobrada pelo FMI é uma taxa variável ligada aos direitos de saque especiais (SDR) que correspondem a um cabaz de moedas, o que significa que a taxa de juro acompanhará a subida das taxas de juro de mercado - referindo-se no post que a transformação num empréstimo de taxa fixa poderia elevar os custos em cerca de 200 pb o que corresponderia a valores próximos dos 6%) e, também importante, comporta um risco cambial.
Por seu lado a taxa de juro cobrada pelo MEEF e o FEEF não é variável mas depende do custo a que se conseguirem financiar no mercado, o que significa que vir, de facto, a ser mais elevados (ou mais baixos).
Concluindo o autor que "considerando um terço do empréstimo a uma taxa de 3,91% (FMI) e os outros dois terços a 5,6%" teríamos uma taxa média ligeiramente superior a 5%, com riscos em alta.
PS: No site do FMI é possível ver (link) como é calculada a taxa de juro do SDR que para a semana de 9 a 15 de Maio se fixava em 0,52%.
Sem comentários:
Enviar um comentário